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Os 12 trabalhos de Parteum


Rap terá nova chance na Trama – por Débora Costa e Silva*

Uma mistura de sonho e decatlo: é assim que Fabio Luiz, o rapper Parteum, define a rotina de seu trabalho na Trama. De manhã, no escritório, à tarde no estúdio. Entre idas e vindas, há cerca de 10 anos ele está na gravadora gerenciando as ações da empresa na internet e em redes sociais, divulgando artistas, estudando e produzindo rimas e sonoridades.

Poucos conhecem de perto esse lado da moeda Parteum, mas ela caminha junto com o lado artista. Ele despontou no trio Mzuri Sana, ao lado de Secreto e DJ Suissac. Em 2005, lançou seu primeiro álbum solo, o “Raciocínio Quebrado”. Entre alguns de seus trabalhos, estão a coletânea “Direto do Laboratório” e a trilha sonora do filme “Antônia”.

A Trama tem em seu catálogo 74 artistas nacionais, mas são os quase 70 mil cadastrados na Trama Virtual que ajudam a trazer novos ares à música brasileira. O sistema é gerenciado pelos próprios artistas: eles que cadastram suas músicas, fotos, letras e informações na internet – a Trama é só o suporte. Daí que vem a grande novidade: uma empresa encabeçando e apoiando um movimento típico underground, no melhor estilo “do it yourself”.

“A Trama nunca foi tradicional, sempre pensou nas possibilidades, não deixou o ‘business’ preso a uma única mídia, a um único modelo de negócio”, diz Parteum. Ele afirma que não sabe se teria outra empresa de entretenimento que daria a ele a chance de ser dono de seus masters ou daria suporte para licenciar suas obras. “Quando o João [Marcelo Bôscoli] e o André [Szajman] (donos da Trama) me disseram que tratava-se de um movimento de música, entendi o conceito, a visão e o trabalho”, lembra.

Entre os cadastrados na Trama Virtual, 3.400 escolhem a categoria Rap/Hip Hop para definir seu estilo musical no site. Na opinião de Parteum, os destaques são Contra Fluxo, Firma Brasileira, Slim, Gurila Mangani, Cabes, Savave, Projeto Manada e DJ Nato PK.

O Per Raps entrevistou o Parteum para entender um pouco de seu trabalho, saber o que pensa do atual momento da música brasileira e do hip hop e descobrir os projetos que a Trama tem na agenda de 2010.

O que ele já adiantou é que está finalizando seu segundo disco solo e paralelamente trabalha no novo álbum de seu irmão, o rapper Rappin’ Hood, na trilha sonora de um documentário e no “novo Trama Virtual”. É porque este ano a empresa vai lançar e renovar seus sites, entre eles a TV Trama (transmite ensaios, gravações e entrevistas), o Álbum Virtual (que será abastecido com novos discos graças à parcerias com outros selos) e a Trama Virtual.

Entre os lançamentos musicais, a gravadora tem dez álbuns no forno, sendo dois deles de rap. Mais de 400 álbuns virtuais (disponibilizados gratuitamente, com encarte para download e tudo) também estão no cronograma, entre eles o do Ed Motta, Guizado e Rappin’ Hood. Ainda tem muita novidade que carece de detalhes, mas que já causam furor, entre elas um festival. “Num ano atípico como 2010, com Copa do Mundo e Eleições, temos muito trabalho pela frente”, garante Parteum. Só nos resta conferir.

Per Raps: Existem profissionais focados na observação do que está despontando no cenário (e dentro do Trama Virtual) e tentar trazer para a gravadora Trama? Ou é mais comum acontecer o contrário: o artista que busca vocês?

Parteum: Um pouco dos dois, mas o que mais importa é o senso de parceria e empreendimento dos artistas. Móveis Coloniais de Acaju é um bom exemplo, agem como uma cooperativa, investem, arregaçam as mangas e trabalham. A arte sempre vai bem, não importa o gênero, mas transformar o ato de fazer música em negócio só funciona para gente muito esforçada. Já disse isso antes, se o próprio artista não cria um negócio ao redor de suas criações, o mercado se encarrega de colocá-lo contra a parede. Sempre foi assim. Não devemos nos enganar achando que as negociações (com gravadoras ou centralizadoras de mídia) estão melhores no clima atual.

Per Raps: A Trama desde o início incentivou muito o hip hop e a gente queria saber se neste ano o “gênero” vai ganhar ainda mais espaço, algum investimento especial ou se terão projetos específicos na programação da Trama para este segmento.

Parteum: Sim, mas por termos um grande número de usuários em nosso site de “auto-publicação” (Trama Virtual), observaremos o que acontece por lá, e planejaremos ações e lançamentos a partir dos indicadores da comunidade.

Per Raps: Você acha que existe espaço hoje para fazer um volume 2 do “Direto do Laboratório”, de 2003? Você, que foi o produtor, acha que a cena atual do rap tem representantes expressivos para integrar um projeto desses?

Parteum: Sim, claro. No momento, me preocuparia bem mais com a estratégia de lançamento virtual, CDs, distribuição e assessoria de imprensa de um projeto desses. Fiz o primeiro “Direto Do Laboratório” com parte do orçamento do primeiro EP do Mzuri, era um exercício de possibilidade. Não vendeu muito, mas ajudou a cena, creio eu. Nunca considerei a arte feita aqui, entre os Hip-Hoppers brasileiros, um problema. Acho que a grande missão é criar público, não o contrário.

Per Raps: Como você tem visto a situação do rap brasileiro em relação às mudanças na indústria fonográfica e nos meios de comunicação, em tempos em que os próprios artistas se reinventam, onde todos procuram alternativas e caminhos novos para divulgação (no caso dos artistas) e lucro (no caso das gravadoras)? Acha que o rap pode ser economicamente viável? Se não, o que poderia ser feito de diferente para que seja?

Parteum: Como artista posso dizer que, hoje em dia, dependo bem mais da Apple e de uma boa conexão Wi-Fi do que qualquer selo/gravadora para fazer minha música, divulgá-la e distribuí-la. A música está mais livre do que nunca, o número de artistas é imensamente superior ao período pré-internet, ou ao menos essa é a impressão que eu tenho. É plausível aplicar a visão ‘Long Tail’ à essa realidade, é necessário enxergar o sucesso além dos números individuais de venda e alcance de cada estilo. O Rap será economicamente viável para alguns, não muito para outros, mas a música sempre vence no final.

*Débora Costa e Silva é jornalista e escreve para o UOL Viagem, além de ser uma das grandes incentivadoras do blog Per Raps.

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Jay Dee mudou minha vida (1974-2006)

Lembrando de DillaE. Ribas

No dia 10 de fevereiro de 2006, James “Dilla” Yancey partiu. Lembro que foi com essa frase que iniciei o segundo post de uma série de três feitos em 2009 para o Per Raps. Não sei até hoje como consegui escrever textos tão longos para internet, já que costumeiramente eles são mais curtos, ainda mais pra blogs!

No entanto, relembrando as entrevistas lidas da gringa e feitas com representantes do Hip Hop nacional, percebi que o material reunido foi de grande qualidade e extrema importância. Não teria sentido então buscar novidades, e sim trazer o que achei de mais interessante para apresentar aos leitores que já viram esse post, mas também para aqueles novos leitores que não tiveram essa chance.

Confira um trecho do post da parte três desse especial, que trouxe feras como ParteumKamau, Munhoz, Rodrigo Brandão, Rump, Dj Nuts, DJ Tamenpi, Nave e o fã de Dilla e admirador da cultura de rua, Daniel Sanchez. Esse texto fala sobre o Jaylib, trabalho de J-Dilla com seu parceiro Madlib, além da passagem dos dois pelo Brasil.

A passagem de Dilla pelo Brasil

Para falar da vinda de J-Dilla ao país é preciso se abrir um parênteses nesta história. Você conhecerá um pouco melhor da parceria do produtor e MC com outro companheiro de funções, Madlib, no trabalho denominado Jaylib.

Jaylib – “Champion Sound”

Jaylib – Ao Vivo 2004

http://stonesthrow.com/jukebox/jaylib-live-2004.mp3″

O disco começou a ser idealizado a partir do momento em que Madlib rimou em uns beats do Dilla, que estavam em uma fita do Dj J Rocc. Isso chegou aos ouvidos de Dilla, em Detroit, que perguntou: Quem é esse cara rimando nos meus beats? Como Dilla já conhecia Madlib, entrou em contato. A partir daí, a parceria se concretizou. O MC paulistano Kamau comenta especialmente sobre a parceria entre Dilla e Madlib, que na opinião dele, não poderia dar errado. “Dois dos maiores sampleadores das mais diversas fontes se unindo pra fazer música. Claro que o resultado seria esperado e cabuloso! Nada mais apropriado que o nome do disco: Som de Campeão”.

O mais curioso em “Champion Sound” é a produção de metade dos beats pro Madlib com rimas de Jay Dee e outra parte com rimas de Madlib e beats de Dilla. O álbum foi lançado oficialmente em 2003, e serviu para firmar a parceria que aconteceu em dois pontos específicos: Detroit (Dilla) e Los Angeles (Madlib). Eles adotaram um sistema de gravação de trilhas e compartilhamento dos arquivos a distância, o que agilizou o processo de produção.

Nave é direto na opinião sobre o álbum. “É aquela parada que quando ouve-se os samples você manda o tradicional ‘filha da p…!’!”. Ele aproveita para confessar a importância dessa parceria para ele, além do que ela de fato representou. “Ouvi muito, volta e meia ouço. Acho que foi o encontro da amizade com uma dose bem grande de insanidade e genialidade”, conclui.

Jaylib na pista por Mr. Mass/França (via Stones Throw)
Jaylib na pista por Mr. Mass/França (via Stones Throw)

Mas o segredo para o sucesso vai além, na opinião de Kamau. “Admiração e respeito. Dois dos melhores produtores a pegar o microfone, na minha opinião. Estilos únicos se complementando em batida e rima”. A relação entre o som produzido na parceria Jaylib ultrapassa barreiras da relação com a música. “Sou muito fã dos dois e já conversei com um deles. Mas mesmo assim ambos mudaram minha vida. Se o rap é minha vida, mudaram mesmo!”, completa. Munhoz confessa que a parceria Dilla/Madlib lhe rendeu boas lembranças. “O Jaylib, me lembra o DJ Primo, foi um disco que ele tocou muito, que ele gostava muito, e que me remete a uma época boa da minha vida”.

(Fecha parênteses)

De volta à história, o responsável por trazer Dilla ao Brasil foi Rodrigo Brandão. No entanto, essa não é uma tarefa nova para ele, que traz as atrações do Indie Hip Hop, além de alguns outros artistas para se apresentarem ao longo do ano. Quem relata a história, é o próprio Rodrigo. “A coisa rolou por conta da Primeira Mostra De Filmes Hip Hop De São Paulo, em 2005. O Keepintime* tava na programação, e o B+ era o diretor convidado. Como o Madlib participa da fita, surgiu a idéia e a oportunidade de trazê-lo pra se apresentar na festa de abertura do evento. É pública a timidez e notória a aversão por palcos do Loopdigga, então já foi uma surpresa ele topar fazer o show. Quando a Suemyra* escreveu dizendo que apesar de estar com a saúde frágil, o Jay Dee viria junto, pra realizar o sonho de conhecer o Brasil, e que então tratava-se do Jaylib ao vivo, nossas expectativas ficaram ainda maiores!”

No entanto, a apresentação acabou não se concretizando. Para o fã de Dilla, Daniel Sanchez, a expectativa no dia era grande. “Eu lembro que eu encontrei o (Dj) FZero na porta e disse: veio ver o Madlib? Ele: nada, vim aqui pra ver o J-Dilla!“. O Dj Nuts foi um dos que chegou a ter contato com Dilla em terras brasucas e conta como foi. “Meu contato com ele foi breve. Ele descobriu no Brasil que estava doente e teve que ir embora no dia de sua apresentação! Ele nem tava tão animado quando foi comprar disco e também para comer”.

J-Dilla e Madlib apresentando o projeto Jaylib, por Scott Dukes
J-Dilla e Madlib apresentando o projeto Jaylib, por Scott Dukes

Quem segue contando a história, é Rodrigo. “Na véspera do acontecimento ele passou mal, teve que ser hospitalizado aqui e só pode ser transferido pro centro médico interno do LAX (aeroporto de Los Angeles) depois que o doutor brasileiro falou com o enfermeiro-chefe de lá e com o médico particular do ‘Mr. Yancey‘, devido à gravidade da doença dele. Durante os dois dias e pouco em que esteve aqui, pouca gente encontrou com ele, mas quem viu não esquece”. Parteum teve essa chance por meio do próprio Rodrigo Brandão, que o chamou para conhecê-lo. “Troquei idéia, entreguei vinil, mixtapes. O Madlib me trata bem, quando me encontra, por conta daquele dia”.

“No fim, o Madlib subiu acompanhado apenas pelo Dj Eric Coleman, e fez um show que até hoje divide opiniões: alguns amaram, outros se decepcionaram. Mas a verdade é que não deve ter sido nada fácil pra ele encarar a parada preocupado, sem o parceiro que, vale ressaltar, era um monstro no palco”, pontua Rodrigo Brandão. Apesar de ter gostado da apresentação de Madlib, foi difícil para Daniel Sanchez esconder a decepção por não ter visto seu ídolo no palco. “Fui no show, no palco avisaram que ele teve que voltar“. No fim das contas, o estado de saúde de Jay Dee o impediu de aproveitar a passagem pelo Brasil. “Por aqui ele ficou no quarto de hotel fazendo fumaça e comendo pizzas”, comenta o Dj Nuts.

Dilla voltou para os Estados Unidos, foi internado e por lá ficou. Chegou a produzir músicas em seu quarto no hospital, e inclusive finalizou o álbum “Donuts” neste mesmo lugar. No dia 10 de fevereiro de 2006, James “Dilla” Yancey partiu. Para aqueles que o consideravam, ficou a boa lembrança e o respeito. Além disso, restaram as homenagens. Tamenpi conta o que rola nos Estados Unidos e fala também sobre os discos clássicos de Dilla que disponibiliza em seu blog todo ano. “Sempre na semana que faz anos da morte do cara, rolam várias festas nos Estados Unidos, só com os caras que colavam com ele. E vê-se uma movimentação no mundo todo em lembrar do cara. É aquilo, o maluco virou uma lenda no hip-hop. Eu homenageio no blog porque é uma forma de deixar os discos do cara sempre por ali, pra quem quiser, baixar. Porque vale a pena pra car%#@!”.

O reconhecimento também serve para se manter a memória dessa lenda. “Penso que se algum dia o rap se levar a sério ao ponto de termos um museu, o nome de James Dewitt Yancey tem de estar lá. Ele trabalhou para que falássemos de Jazz, Stereolab e Busta Rhymes na mesma sentença. Ele trabalhou para que os beats fossem mais cheios, para que mudanças de tempo fossem populares em rap. Trabalhou com Daft Punk bem antes de Kanye West. Ajudou na construção de diversos álbuns clássicos. O legado é inegável”, diz Parteum.

O fã Daniel Sanchez publicou dois vídeos em homenagem a Dilla, que tiveram milhares de visitações do Brasil e do mundo. “Quando criei os vídeos, um em homenagem e o outro um remix, não imaginava a repercussão que teria. Pude ter uma dimensão real da importância do músico pro mundo do hip hop. Quando digo ‘mundo do hip hop’ me refiro ao planeta Terra como um todo”.

O Dj Nuts prestou uma homenagem que se tornou famosa no mundo inteiro. Recriou em uma apresentação do Brasilintime, a versão brasileira do Keepintime*, o beat de Runnin’, do Pharcyde, e com produção de Dilla. Isso faz lembrar a importância de Dilla para Nuts. “Ele foi um dos primeiros a usar música brasileira em seus beats. O uso de Stan Getz com a música ‘Saudade vem correndo’ acabou sendo o tema que reconstruímos para a noite do Brasilintime ao lado do Dj Primo e o Pupillo (baterista do grupo Nação Zumbi)”.

Caso J-Dilla ainda estivesse vivo, provavelmente estaria na ativa, segundo Rodrigo Brandão. “Sem dúvida, o Dilla é um dos artistas mais talentosos, inovadores e criativos que já pisaram na Terra, então me parece claro que ele estaria emanando música boa sem parar!”. Munhoz também é da mesma opinião – “Com certeza estaria fazendo música! Morreu fazendo música”. Já o curitibano Nave, aposta que ele elevaria o nível do rap. “Seria melhor porque teria mais rap bom sendo feito, mais classe, mais originalidade”. Tamenpi ressalta o amor de Dilla pelo que fazia. “Acho que estaria vindo pedra atrás de pedra. Ele era fo%@! E não parava, amava muito o que fazia”.

De segmento, ficam as bases que surgem a cada dia e são creditadas a Dilla, além do trabalho do jovem Illa J. Nave tem gostado do que ouve do garoto. “Tenho ouvido, e muito. Tem gosto de nostalgia, é algo como ‘O estilo clássico Jay Dee nos beats’”. O produtor e MC, Rump, faz uma análise completa. “Gostei do disco do Illa J, mesmo do EP anterior, que ele mesmo produziu a maior parte dos beats. Acho que ele tem que ter cuidado para não fazer a carreira em cima do nome do irmão, mas acho ele talentoso, assim como tantos outros caras de Detroit (Dwele, Elzhi, Guilty Simpson, Black Milk, Waajeed). Detroit é a cidade de onde mais parece vir coisa nova e de qualidade hoje, e a sonoridade tem muito a ver com o que foi criado pelo Dilla”.


Os shows de domingo (06/12) do Indie Hip Hop ‘09

Finalmente, a parte II do Indie Hip Hop 2009. Desta vez, você acompanhará videos feitos no domingo (06/12), dia da apresentação do coritibano Nel Sentimentum, os cariocas d”A Filial, além do encontro entre Parteum com Kamau e do Elo da Corrente junto do Mamelo Sound System.

Para você que quer relembrar ou de repente trocou o festival pela rodada final do Brasileirão, o churrasco na casa do vizinho ou assistiu o Indie no sábado e não conseguiu ingresso pro domingo, disponibilizaremos um vídeo de cada apresentação. Em breve, traremos um balanço final do Indie Hip Hop 2009.

De quebra, acompanhe também imagens do painel montado pela dupla OSGEMEOS. Curte aê!

Obs: O áudio da apresentação de Pateum e Kamau não está dos melhores por problemas técnicos, mas vale pelo registro do importante momento.

Mural OSGEMEOS

Nel Sentimentum (CWB)

A Filial (RJ)

Parteum e Kamau

Elo da Corrente e Mamelo Sound System


Tire suas dúvidas sobre o Indie 09

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Rodrigo Brandão (Foto retirada do blog danortepromundo.blogspot.com)

O Indie Hip Hop celebra 10 anos desde o primeiro Dulôco – por E. Ribas

O festival Indie Hip Hop comemora 10 anos em 2009, desde a primeira edição do Dulôco, back in 99′. Por esse motivo, essa edição será toda especial: terá exposição de fotos de Indies passados, trará duplas de grupos e MC’s juntos no palco para celebrarem o evento, além do povo que lançou trabalho nesse ano e uma das atrações internacionais mais aguardadas em todo o festival: o nova-iorquino Mos Def.

Apesar do festival estar marcado para o primeiro fim de semana de dezembro, algumas dúvidas restaram sobre o formato das apresentações, por exemplo. Eis que o Per Raps fez essas perguntas para um dos organizadores, Rodrigo Brandão, para que não reste dúvida alguma sobre o assunto.

Uma das coisas que mais impressionou foi a mudança de formato do festival, já que teremos muitos nomes no palco. Por quê a mudança? “O Indie foi ampliado pra comemorar uma década de trabalho, feito com amor e dedicação”, concretiza Brandão. Segundo ele, o festival é um evento bem-sucedido, ainda mais se repararmos que foi feito em um “campo minado e pantanoso”.

Outra novidade importante é a forma como essas atrações nacionais foram divididas. Tudo acontecerá em dois blocos, sendo que o primeiro contará com apresentações em duplas de grupos e MC’s que fizeram história no evento. Serão eles: Inumanos (RJ) e Max B.O., Contra Fluxo e Espião (Rua de Baixo), Kamau e Parteum (Mzuri Sana), e Mamelo Sound System junto do Elo da Corrente. O outro bloco seguirá o modelo tradicional, que abrirá espaço para os nomes que fizeram barulho durante o ano, lançando trabalhos relevantes.

Eis que ai terão espaço dois representantes de Sampa City, Pizzol e o grupo Pentágono, um carioca, A Filial, e o curitibano Nel Sentimentum. Todos presentes no palco terão 20 minutos de apresentação, até para que todos possam mostrar seus trabalhos.

Para complementar as apresentações e deixar o evento ainda mais agitado, assumem as pick-ups os Dj’s PG e Pathy Dejesus, além do internacional Mista Sinista (EUA), conhecido como um dos mestres do turntablism, que também ministrará uma oficina para Dj’s especializados em scratch no domingo, das 16h às 18h, aberta ao público ouvinte.

Aqueles que comparecerem ao evento também encontrarão uma exposição de fotos, que marcará 10 anos de evolução do rap nacional e mostrará a passagem de diversos nomes de peso do rap mundial por Santo André, Brasil. Para quem acompanhou, foram pedidas algumas fotos do Indie via Twitter, mas quem explica o critério de escolha das imagens que participarão da exposição é o próprio Rodrigo. “Foi feita uma pesquisa, e a partir daí uma seleção baseada no critério artístico. Nem sempre é a atração principal do evento, mas sim a melhor imagem”. Sendo assim, se a foto marcar um momento importante do festival, terá mais valor do que uma foto tecnicamente bem feita ou da atração gringa do dia.

Outro motivo que animou muita gente a participar do Indie deste ano será a presença do MC e ator, Mos Def. Parceiro de Talib Kweli no conceituado “Black Star”, que também comemorou 10 anos há pouco tempo, o rapper estava em turnê após lançar seu ótimo quarto disco, “The Ecstatic”. Muito se falou em uma possível apresentação com a Banda Black Rio, já que eu seu último CD, Def usou um sample dos brasileiros para criar “Casa Bey”. Mas vai realmente acontecer esse encontro no palco entre um MC mais que renomado e um a banda lendária? “O Mos Def quer fazer a faixa ‘Casa Bey’, sampleada da versão de ‘Casa Forte’ feita pela Black Rio, no clássico disco Maria Fumaça (1977), com a banda nesses shows. A principio será só essa faixa, mas nunca se sabe o que pode rolar quando eles se encontrarem pra ensaiar!”, responde Rodrigo Brandão empolgado.

A última pergunta que não quer calar se refere a Emicida, que foi um dos nomes que mais movimentou a cena rap brasuca em 2009. No entanto, ele lançou apenas uma mixtape, e já foi esclarecido em outras oportunidades que o critério do Indie Hip Hop exige que o artista tenha lançado um CD. No entanto, não foi esse o motivo da não-presença do rapper no quadro de atrações. “Ele foi convidado a participar, mas declinou a proposta por conta do tempo de show ser curto”, relata Brandão. No entanto, assim como o próprio organizador complementou, “fica pruma próxima”.

Os demais elementos da cultura hip hop não foram esquecidos; serão representados pelo b-boy Ken Swift (EUA) e pelos irmãos OsGemeos, que dispensam apresentações e trazem ainda pintores convidados, apresentando um panorama de estilos e gerações variadas. Confira abaixo a programação completa do evento.

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O resultado do sucesso do Indie Hip Hop 08': casa cheia

Festival INDIE HIP HOP ’09: Especial 10 anos Dulôco

SÁBADO (05/12), das 16h às 22h
Dj PG e MC Xis
Pizzol, Pentágono, Inumanos+Max B.O., Contra-Fluxo+Espião e Mos Def (participação da banda Black Rio).

DOMINGO (06/12), das 16h às 22h
Dj Pathy Dejesus e MC Thaíde
Nel Sentimentum, A Filial, Kamau+Parteum, Mamelo Sound System+Elo Da Corrente e Mos Def (participação da banda Black Rio)

SESC Santo André (Espaço de Eventos)
Rua Tamarutaca, 302 – Vila Guiomar
Santo André – SP
Tel.: 11 4469-1200

Ingressos: R$ 16,00 [inteira], R$ 8,00 [usuário matriculado no SESC e dependentes, +60 anos, professores da rede pública de ensino e estudantes com comprovante] , R$ 4,00 [trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes]


Interferência: periferia em foco

No post de hoje, o Per Raps indica alguns vídeos bem interessantes que estão na rede há algum tempo e tem tudo a ver com as discussões do blog.

O Interferência é um programa conduzido pelo rapper e escritor Ferréz, onde ele entrevista importantes personalidades da nossa sociedade para debater, principalmente, os problemas da periferia. As conversas ocorrem no Capão Redondo, zona sul de São Paulo, no Bar do Saldanha, e o quadro é exibido quinzenalmente no programa Manos e Minas, que vai ao ar todas as semanas pela TV Cultura.

O legal do site do programa é que, além de assistir os quadros editados da forma como vão ao ar no Manos e Minas, ainda há a opção de assistir as entrevistas na íntegra, e algumas delas realmente valem a pena. Destacamos aqui os programas com o ator de teatro Hugo Possolo, o jornalista Xico Sá, a educadora Tia Dag, o cantor Arnaldo Antunes, o poeta Sérgio Vaz e o rapper Eduardo, do Facção Central.

A edição com este último, inclusive, merece um pouco mais de atenção. Eduardo faz parte, ao lado de Dum Dum, de um dos grupos mais polêmicos do rap nacional. As letras violentas e com forte teor ideológico se tornaram marca registrada do Facção Central, que já tem oito discos gravados e ganhou popularidade em meados dos anos 90 com músicas como ‘Roube quem tem’ e ‘Brincando de marionete’.

Na entrevista, que você pode conferir aqui no Per Raps dividida em três partes, Eduardo sustenta seu discurso com ótimos argumentos falando, entre muitos outros assuntos, da necessidade de representantes da periferia na política e do papel da polícia na sociedade.

Leia duas partes interessantes da entrevista:

Televisão x rap

“O rap não entendeu que a televisão é assistida por 90% da população. O rap não entendeu que era necessário ter representantes autênticos na televisão. O cara que assiste a televisão na periferia, ele assiste uma programação nórdica, européia, ele não se vê representado ali. E o rap não entendeu isso. E quando ele não entendeu isso, ele deixou de aproveitar a oportunidade e acabou de abrindo mão de um veículo de comunicação que é nosso por direito”.

Letras violentas

“Meu rap é na proporção do sistema. Não tem como você falar de guerra sendo feliz, com letras românticas, não tem como romancear a guerra, não tem como romancear o sistema carcerário, a vida na favela. Não tem como falar de problema social sendo agradável, ele não é agradável”.

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Parteum

Outro vídeo legal é a participação de Parteum em um quadro do programa Pé na Rua, também da Cultura. Em “Profissão Rapper”, o MC dá um show e mostra porque um rapper deve ser considerado um músico como qualquer outro. Manja muito!

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EP virtual Akira Presidente

Como divulgamos na última semana, está disponível para download o EP “O que tu qué” de Akira Presidente.
Link para download: http://www.zshare.net/download/63918808562d968c
Para mais infos: myspace.com/akirapresidente

Confira a entrevista que Akira concedeu ao Per Raps.


Veja como foi um dos finais de semanas mais agitados de maio

O último fim de semana do mês de maio proporcionou uma ótima surpresa para os fãs de rap em São Paulo. Entre os dias 29 e 30, rolaram shows de grupos como a banca do Big Ben Bang Johnson, Slim Rimografia, Contra-Fluxo, os gringos do Wallbangaz e Parteum. Distribuídos em diversos pontos da cidade, os grupos conseguiram atrair um bom público e deram uma mostra de que o rap pode e consegue ainda fazer barulho.

Acompanhe abaixo 3 breves coberturas de diferentes shows feitos pela equipe do Per Raps e pela colaboradora Lígia Lima. Se você foi a algum desses shows, não deixe de comentar. Caso tenha fotos e vídeos, socialize!

Big Ben Bang Johson- Hutúz 2008

Big Ben Bang Johson- Hutúz 2008

Big Ben o quê? Big Ben Bang Johnson! – por Eduardo Ribas

São Paulo, dia 30 de maio de 2009, 9 horas da noite. O local, Sesc Pompéia*. O motivo: Big Ben Bang Johnson. Big Ben o quê? Big Ben Bang Johnson, a união no palco de nomes como Mano Brown, Ice Blue, Pixote, Helião, Sandrão, Dj Cia, Conexão do Morro e vários outros representantes de peso do rap nacional que movimentam a cena desde, pelo menos, uma década.

E quem imaginaria ver um time como esse reunido no Sesc Pompéia, local que sempre abriu espaço para shows de grandes bandas de diversos estilos, só que não tanto para esse estilo de rap? A notícia da realização deste evento foi de se espantar, pois o estilo mais “ganguero”, adotado pelos presentes no palco, fora um dia “banido” pelo próprio governo do Estado. Felizmente, não foi o que aconteceu dessa vez.

Foi espaço para Mano Brown comandar uma festa que, se não fosse a “rigidez” da casa, seguiria pela noite inteira. A fúria, que geralmente é atribuída a esses grupos, ficou apenas por conta das letras de sons clássicos, que se mostraram bem vivos no coro entoado pelo público. Apesar da noite fria na capital paulista, a casa estava cheia. Também não era para menos, pois muitos tiveram a chance de ver a apresentação dessa “banca” pela primeira vez (e sabe-se lá quando poderão conferir de novo).

Assim como a platéia, o palco também estava cheio. Quem esteve presente teve a chance de se empolgar em diversos momentos. “O trem”, do RZO, “Vida Loka – parte I”, dos Racionais MC’s, “Lembranças”, do Consciência Humana, “Click, clack, bang”, do Conexão do Morro e “A mente do vilão”, com Du Bronks, Dom Pixote e Mano Brown são apenas alguns dos grandes exemplos de ápices da noite. Os “90 minutos de ritmo, poesia, verborragia ferina, malandragem e swing” fizeram valer a noite.

*Na sexta (29/05) também rolou um show do Big Ben Bang Johnson, no Sesc Pompéia.

Montagem com fotos do show do Contra-Fluxo feita por Lígia Lima

Montagem com fotos do show do Contra-Fluxo feita por Lígia Lima

Contra no Neu – por Lígia Lima

Não importa quanto tempo passe, quando os caras se juntam no palco a energia toma conta. Daí para você com as mãos para cima cantando os refrões é uma questão de minutos.

Não foi diferente na sexta-feira, 29 de maio, no Neu. A noite era fria, aparentemente como o público, mas bastou uma intimada do grupo Contra Fluxo para o povo se jogar e ferver do começo ao fim, num show vibrante que só quem tava lá é testemunha.

O repertório foi o de sempre, mas dessa vez, com bônus muito bem-vindos dos sambas – sim, sambas – “Vacilão”, de Ogi e “Caiu de maduro”, de Munhoz, além das mais que especiais participações de R. Brandão e Espião, numa sessão inesquecível da clássica “Alameda da Memória”.

O clima da casa, apesar de algumas limitações de infraestrutura, contribuiu bastante e o que era pra ser show tornou-se celebração, festa. Definitivamente, uma noite especial.

Parteum, em seus 10 anos de carreira, e DJ Suissac

Parteum celebra 10 anos de carreira c/ DJ Suissac (Divulgação)

Parteum, ParteDEZ – por Nathalia Leme

Num final de semana com 2 apresentações do Big Ben Bang Johnson, Zoeira Hip Hop, comemorando seus 3 anos (com direito à apresentação do grupo holandês Wallbangaz) e show do Parteum. O quê escolher?
Eu confesso que escolheria o teletransporte ou a minha clonagem só para comparecer em todos os eventos que o final de semana reservava. Mas não; tive que escolher. Ok escolhi ir a todos que eu pude!

Hole Club, um pico super conhecido da galera do rap, no último sábado, dia 30 de maio, foi palco de uma festa. Um mix de emoção e seriedade. Explico: foi a comemoração de uma década de carreira do MC e produtor Fábio Luiz, o Parteum, agora pai da pequena Cora. Mas com o toque de seriedade característico do MC e porque essa comemoração não foi mencionada pelo próprio. Foram os mestres de cerimônia, Max B.O e DJ Kefing (com seu set brasileiríssimo) que deram a dica da tal comemoração e mantiveram todo mundo animado e mais ainda mais ansioso para o show.

No palco, Parteum foi acompanhado pelos amigos e companheiros de Mzuri Sana, o DJ Suissac e o MC Secreto. O show mesclou a trajetória solo e em grupo do MC, com bases, grooves e harmonias de jazz, improviso, rimas inspiradas em literatura, dois álbuns, um EP e seis mixtapes lançadas

O MC cantou sons dos dois discos do Mzuri Sana (Bairros, Cidades, Estrelas, Constelações e Ópera Oblíqua). Da carreira solo, Parteum atacou com sons como “A Força da Sugestão”, “O Círculo” e uma que eu, particularmente, não tinha visto ao vivo: “Rumo”, do disco Raciocínio Quebrado.

Canções da mixtapes não ficaram de fora do repertório, e nem da boca da galera que acompanhou fervorosamente cada verso. Música inédita também constou, uma pequena mostra do que vem por aí no próximo álbum do rapper.
Quem venham muitas outras décadas por aí.

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Shows e Festas

PROJETO APPLE FLYERProjeto Apple @ Pau de dá em Doido Entretenimento

A festa será comandada pelos Djs Nato_pk (Enézimo/PDD Mixtape/Quilombo Djs), Rodrigo Silva (Choldra), Bola 8 (Realidade Cruel), Spaiq (Thaíde), Douglas Dobil e Nenê. Os MC’s da festa serão Enézimo, Arnaldo Tifu, Bruno Cabrero e Caprieh.

Além disso, vai rolar o Duelo de Maçã: 1 MC convidado duelando com 4 MC´s Desafiantes! Serão 4 rounds e um prêmio em dinheiro para o vencedor.

Local:

R. Arthur de Queiroz, 32 (Bar da Ana)
Estação de trem de Santo André
Info: 9954-0106 – 7186-0711
A partir das 22hs

chaka

Chaka Hotnightz @ Tapas Club

A festa é liderada pelos selectas Brandão, Granado, Akin, Gerez, Nicolas e Smoot, mais conhecidos como Ponicz Crew, que define a discotecagem como “powerful music”, englobando todos os estilos – da música brasileira à jamaicana, do balanço ao rap, da africana ao rock, passando pelo jazz e diferentes faces da música de vanguarda.

TAPAS CLUB
Endereço: Rua Augusta, 1246
Contato: 11 2574 1444
A partir das 23:00
Entrada: R$10

simples-net

Simples + Dj’s Marco, Nyack e Will @ Hole Club

“Nem me lembro quando foi o último. O Rick foi morar em Floripa, o Will foi tocar com o D2, o Diego foi arrumar uma filha e a Stefanie foi escrever (pelo menos ela) e fez uns shows por aí. Mas dia 06/06 no Hole Club, todo mundo junto. Como nunca deixou de ser na verdade.

Sem complicar demais. Sem enfeitar demais.

Quem vai?

Nós vamos.”

Fonte: Blog Estranhamente – por Kamau

Serviço:
Dia 06 de Junho, Sábado, a partir das 23h
Local: Hole Club – Rua Augusta, 2203 – Jardins – São Paulo/SP
Ingressos de 10 a 12 reais (mulher não paga entrada até meia noite)
Informações: 3086-10 ou hole@holeclub.com.br


“Faixa a Faixa” – Non Ducor Duco por Kamau – Parte I

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Passados cerca de oito meses do lançamento de “Non Ducor Duco“, é chegado o momento de falarmos um pouco mais do álbum que foi considerado pela revista Rolling Stone um dos 25 melhores discos brasileiros de 2008. Inspirado em uma fórmula estrangeira, o Per Raps foi ao encontro de Kamau para fazer uma espécie de raio-x desse trabalho. O MC falou um pouco sobre a repercussão do disco (que você pode conferir aqui) e ainda falou sobre cada uma das faixas separadamente, para a alegria de seus fãs. Confira:

O ÁLBUM:

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Non Ducor Duco

O disco ia chamar Parte de Mim. Aí eu vi um anúncio de um disco em algum lugar com o mesmo nome e já desisti, não dava pra ser igual. Aí eu lembrei dessa frase, “Non Ducor Duco” (Não sou conduzido, conduzo), que é uma frase que eu sempre pensei e sempre gostei por ser o lema da cidade de São Paulo. Eu gosto muito daqui. Mesmo. E eu não consigo ficar longe daqui, eu me sinto à vontade em cidades parecidas com essa, mas aqui é o lugar que eu consigo ser o que eu sou. Tudo isso me fez lembrar a frase e pensar na força dela, porque agora era tudo na minha mão mesmo. Não que não fosse das outras vezes, mas agora eu não dependi da opinião de ninguém.

AS FAIXAS:

1 – (Escuto) Vozes
Eu pensei em vários jeitos de começar a contar a história, pensei em fazer só uma rima ou só um instrumental, mas cheguei à conclusão que não devia falar nada. Eu pensei nessa parada de “escuto vozes” porque eu escutei muita coisa antes de chegar nesse estágio da minha vida, no rap. O que também é um detalhe muito importante e quase ninguém fala é que as colagens que o Dj Willian usa são rimadas. Eu gostei muito de trabalhar com ele de novo, já tinha feito a mixtape Sinopse com ele. O Primo ia fazer essa introdução, mas ele estava muito ocupado na época e ele mesmo achou que não ia conseguir encaixar bem as frases, eu tinha separado várias já. Aí falei com o Willian, ele se empolgou e encaixou tudo muito bem.

2 – Só

Tinha uma primeira versão, com a produção do Dj Zinco, que era pra ter saído na mixtape da A-Place. Aí eu falei pra ele que ia pôr no meu disco, ele até pediu pra eu esperar a mixtape, mas ela não saiu até agora, né Maurício? (risos) Então eu quis fazer a minha versão e complementar, acho que ela tem bem a ver com o meu disco. A letra tinha sido feita faz um tempo e eu complementei uma parte só pra essa versão, uma parte um pouco mais atual.

A produção dessa faixa é minha, eu produzi mais algumas faixas desse disco, mas nunca produzi muito pra fora, pra outras pessoas. Produzi o disco do Simples, algumas músicas com o Consequência, mas não faço muita batida pra fora. Eu gosto de produzir, mas não consigo chegar onde eu quero, sou chato. Então não tenho essa coisa de preferir rimar nas minhas produções. Se eu pudesse fazer um disco inteiro com o Parteum e o Nave, eu faria…

Agora que eu to me sentindo mais produtor porque eu consigo dar palpite musical pras coisas, consigo direcionar um músico pra tocar o que eu quero na minha música, e acho que isso que é ser produtor de verdade.

3 – Evolução na Locução

A idéia da rima é falar da minha evolução. Eu vou falando de uma evolução mais genérica na primeira parte, depois de estar dentro de um grupo e da carreira solo. E depois, na segunda parte, o que muita gente ainda não percebeu é que eu rimo com todos os nomes das músicas do Consequência. E ainda tem o nome do Prólogo no final…

Eu queria agradecer o Dj Suissac, do Mzuri Sana, pela base dessa música. Me sinto honrado de ser o primeiro a ter uma base dele, é a primeira que ele faz pra fora do Mzuri. Ele é bom, “Era uma vez três” é um clássico e a base é dele.

4 – Parte de Mim

O Parteum me mostrou a primeira base pra esse som durante uma sessão com o Pep Love e o Casual, do Hieroglyphics. Ele estava mostrando umas bases pros caras, aí eu comentei que ia fazer o disco, ele mostrou uma base que eles não quiseram e eu falei que queria ela pra mim. Eu cheguei até a gravar ela, mas a sessão se perdeu. Aí quando eu fui gravar a versão pra esse disco, ele encontrou a sessão, mas eu falei que queria uma nova e nós gravamos de novo.

A idéia da letra tem um duplo sentido: ‘parte de mim’, de ser um pedaço de mim, e ‘parte de mim’, das coisas que partem da minha iniciativa, da minha vontade, ou as rimas que saem de mim.

5 – Não acredite se quiser
Eu sentia a necessidade de expressar minha opinião sobre esses assuntos (mídia, história e religião) e chamar um pouco a atenção pra isso. Eu vejo muita gente abraçando a idéia, com explicações vagas sobre alguns temas, mas a gente têm a opção de não acreditar, de não escolher certas coisas. Eu sei que é fácil falar quando se está de fora, quando a gente não sabe a situação da pessoa que escolheu, que abraçou aquilo.

Muita gente fala: “na televisão passam coisas que alienam as pessoas”. Eu já assisti novela, ta ligado, hoje nada mais daquilo me chama a atenção. Mas eu sei o que aquilo quer dizer, eu não vou acompanhar a novela e fazer tudo que ela falou que é legal ou que não é legal. Eu já tenho minha opinião sobre várias coisas do mundo, a novela não vai mudar minha opinião radicalmente, não vai formar a minha opinião. Tem coisas que eu posso tirar de positivas também.

Agora a gente têm a internet pra buscar a informação, mas ao mesmo tempo tem muito lixo na internet. As pessoas falam: “não, mas eu vi na internet!” E daí que você viu na internet? Qualquer um coloca qualquer coisa lá. Então as pessoas têm que ter um filtro. É sua experiência de vida que vai formar sua opinião.

6 – Porque eu rimo

Os MCs que eu convidei são aqueles que estavam mais próximos de mim no momento e que eu achava que tinham alguma coisa a dizer. A maior ausência nesse som é o Rick, que eu queria que tivesse participado dessa também. A idéia da letra é bem simples e o que eu falo no começo né, são os motivos de rimar de cada um.

7 – Vida
Eu perdi um parceiro, chamado Skitter, que é aliado dos meninos do Primeira Função também. No meu aniversário eu fiquei sabendo que ele tinha se suicidado. Foi a primeira pessoa próxima da minha idade que eu perdi, e depois disso eu perdi mais dois primos, um assassinado e outro que sofreu um acidente de moto. Um era da minha idade, o outro era o meu primo mais novo, e foi uma parada muito estranha. A gente vê as pessoas mais velhas passando pra outra fase pelos mais variados motivos, mas geralmente é porque elas já viveram bastante, e essas pessoas ainda tinham muita coisa pra viver.

Eu não queria fazer um som lamentando a morte deles, mas queria celebrar a vida deles e ao mesmo tempo me perguntar algumas coisas, então eu fiz como se fosse uma conversa com eles. E ao mesmo tempo que a gente perde algumas pessoas, outras nascem todos os dias. E na terceira parte eu falo disso…eu não vou ser pai ainda, mas eu fiz pra um filho ou uma filha que vier. Eu acho da hora aquela música do Xis, ‘Tudo por você também’, e aí quando o filho dele nasceu ele colocou o nome que já estava na cabeça dele, que era Joshua. Eu acho legal eu poder mostrar isso pra um filho ou pra uma filha e falar: “essa música eu fiz pra você antes de te conhecer”.

Emicida, Jeffe e Kamau no Indie Hip Hop 08' por Ênio César

Emicida, Jeffe e Kamau no Indie Hip Hop 08' por Ênio César

8 – Equilíbrio

O que eu mais busco equilibrar na minha vida é entre o que eu quero e o que eu preciso. Muitas vezes a gente precisa de alguma coisa que a gente não sabe, e muitas vezes a gente quer uma coisa que a gente não precisa. É exatamente isso que eu falo: vontade e necessidade; responsabilidade e felicidade. É isso que eu tento equilibrar, tudo isso aliado à minha carreira.

9 – Instinto
É a primeira música que eu escrevi quando entrei no Instituto. Ela tem duas partes com o Instituto e uma terceira parte que eu escrevi pra esse disco. Eu acho que é uma letra meio de MC, que a gente escreve meio no instinto mesmo.  É tipo uma letra de exercício, que você vai colocando a idéia no papel e ela vai fluindo. Mesmo assim, ela não deixa de ter uma conclusão. Já tinha na segunda parte e agora ficou bem mais claro com a terceira parte. A base é minha e do Primo.

(Continue acompanhando o Per Raps, a segunda parte sai nos próximos dias).

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Festa

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Para quem fica em Sampa neste feriado, uma boa dica é colar na festa da Colex, que levará ao palco o grupo Mzuri Sana. O trio formado por Parteum, Secreto e o DJ Suissac, (com 10 anos de carreira, dois álbuns lançados pela gravadora Trama, diversas apresentações pelo Brasil, além de um DVD no forno) inaugura neste sábado (11), a noite Colex: Edição Hip-Hop.

O trio mostra composições dos dois álbuns, “Bairros Cidades Estrelas Constelações” (2003) e “Ópera Oblíqua” (2006), além de visitar composições da carreira solo do MC/Produtor Parteum, conhecido por trabalhar com gente de peso como Ed Motta, MV Bill, Rappin’ Hood, Nação Zumbi e Tom Zé, entre outros”. A responsa da apresentação do show fica com o Kamau, já a discotecagem será do DJ Willian (Contra-Fluxo).

Colex Edição: Hip-Hop com Mzuri Sana
Data: 11 de abril, sábado, às 23h
Hole Club – Rua Augusta, 2203 – Jardins/SP
Ingressos: Mulheres vip até 00:30 após R$10
Homens R$12 nome na lista/flyer ou R$15 sem nome/flyer
Censura: 18 anos/Lotação: 400 lugares
Informações: (11) 3224-9730 ou listacolex@gmail.com
Site: www.mzurisana.com

Venda de camisetas e CDs no evento


Inauguração do Espaço +Soma

Inauguração do Espaço +Soma (14/03) por Elza Cohen

Inauguração do Espaço +Soma (14/03) por Elza Cohen

Ainda são poucos os espaços para exposições de arte contemporânea em São Paulo. Apesar de toda sua diversidade, a capital restringe o público em algumas ocasiões, e os próprios artistas em outras. Mas esse problema foi atenuado com a inauguração do Espaço +Soma, “um espaço cultural multidisciplinar cravado no maior reduto artístico da cidade de São Paulo, a Vila Madalena.”

Para iniciar bem, nada melhor do que mostrar a exposição de uma “famiglia”, a Baglione. Representado por Alexandre CruzSesper“, André Pato, Flávio Samelo e Thaís Beltrame, esse coletivo de artistas apresentou a exposição “Four of a Kind”. Para Thaís Beltrame, essa é uma vitória para a cultura independente. “O espaço tem um papel importantíssimo de disseminar ainda mais tudo o que tem sido impresso na revista, que pra mim parece cada dia mais forte”.

Muita gente compareceu: interessados em arte, outros mais ligados à cultura de rua, e até crianças curiosas que brincavam com algumas obras mais lúdicas. A fotógrafa Caroline Bittencourt deu a dica da vibe deste lugar. “O clima é diferente de outras galerias. Deu pra sentir o astral do povo que faz o trabalho com o coração”. Já a designer Danielle Cruz preferiu dar destaque para a estrutura. “Achei o espaço legal, adorei o mezanino, deu uma carinha diferente. Ficou bem ‘rústico’, com uma cara experimental”.

De acordo com os organizadores da +Soma, antes a preocupação deles era criar uma voz ativa para um universo que contava com pouco espaço e reconhecimento na mídia. “Agora a ideia é ir além, inaugurando um ambiente físico voltado para, assim como a revista, celebrar a arte, a música e principalmente a diversidade”, de acordo com texto no site da +Soma.
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A respeito das obras, você encontrará desde grandes telas, que podem ser vistas melhor do andar superior do Espaço, até outras que lembram brinquedos e exigem interação para “funcionar”. Há mistura de técnicas em muitas delas, inclusive desenho e fotografia, somados a colagens e trabalhos com madeira.

“Com a inauguração do espaço, acho que estamos no começo de algo muito maior e importante”, afirma a artista Thaís Beltrame. A exposição coletiva “Four of a Kind” teve início dia 14 de março e vai até 18 de abril.

Espaço +Soma
Rua Fidalga 98 – Vila Madalena – São Paulo – SP
De Terça a Sábado das 12h às 20h
Informações – info@maissoma.com

Parteum e Rappin' Hood são destaque na +Soma #10

Parteum e Rappin' Hood são destaque na +Soma #10 por Fernando Martins

Como o assunto é a Revista +Soma, é preciso registrar o destaque para a matéria feita com os irmãos Parteum e Rappin’ Hood. Na versão impressa você terá acesso a um trecho da conversa, mas no site o texto segue na íntegra. O bate-papo rola bem discontraído e é repleto de curiosidades. O tom de pergunta e resposta, às vezes até em tom de provocação normal entre irmãos, é sutil e interessante de se reparar. Abaixo, um pequeno trecho.

Rappin Hood e Parteum: Experimentações e Inovações
Por Arthur Dantas
Fotos Fernando Martins

Abaixo, na íntegra, a entrevista com os irmãos Rappin Hood e Parteum, astros da décima edição da revista +Soma.

Parteum . Meu avô, quando foi registrar meu pai, não botou sobrenome nele, porque a maioria dos negros no Brasil carregam o sobrenome do senhor de terras. Por intermédio de um tio, cheguei na fazenda onde os meus antepassados trabalharam, em Dois Córregos, interior de São Paulo. Por causa do meu avô, já nascemos livres.

Qual tua formação escolar.
Parteum . Fiz colegial técnico em administração e cursei a faculdade de Publicidade por três anos, fui para o skate, morei no exterior e depois, quando voltei, já fui trabalhar com música.
Hood . Tenho superior incompleto três vezes (risos). [Faculdade de] Música primeiro. Mas em casa rolava um “grilo”, porque meus pais não viam música como profissão. Fui fazer Educação Física, mas era muito longe e coincidiu com o lançamento dos meus primeiros trabalhos. E comecei Administração na
UniPalmares, que tá trancada, mas eu ainda vou voltar. Era muito corrido, uma vez me peguei cochilando no volante.

Quem foi o MC de cada um de vocês que fez você cantar rap?
Hood . No Brasil foi o Thaíde, sou fã mesmo. Conheci o Thaíde e DJ Hum em um evento aqui perto [da Vila Arapuá, Zona Sul de São Paulo] e eles que me chamaram pra ir na São Bento. Internacional, com certeza, é o Chuck D. do Public Enemy.
Parteum . O meu é mais complicado, porque no primeiro vídeo de skate da Plan B nem tocava rap – quase não tinha skatista que escutava rap. Os
Hyerogliphics eu gostava muito…” Continue a ler no site da +Soma.

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Festa

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A Quarteirão traz um show com o MC Marechal (RJ) na Jive Club, com discotecagem com os Dj’s Kefing (Lua) e Nato.

*Os homens pagam R$ 25 de entrada ou R$ 50 de consumação. Também há a opção de R$ 20 de entrada com nome na lista ou opção por R$ 40,0 consumíveis.
*As mulheres pagam R$ 20 de entrada ou R$ 40,00 de consumação. Na lista, as mulheres pagam R$ 15,00 ou R$ 30 de consumação.

Nomes na lista de desconto (10 R$): quarteirao2009@gmail.com

*Parabéns pelos 5 mil posts, B.Dog! Rapevolusom representando!


J-Dilla mudou minha vida (1974-2006) – III

Nuts, Rodrigo Brandão, Daniel Sanchez, Munhoz, Rump, Parteum, Tamenpi e Nave

Nuts, Rodrigo Brandão, Daniel Sanchez, Munhoz, Rump, Parteum, Tamenpi e Nave

8 histórias e uma influência

“O Jay Dee já era presente na minha vida, antes até de eu pensar exatamente em produzir minhas coisas ou de eu estar atento pra quem ele era”. Essa frase de Tiago Munhoz – conhecido apenas pelo seu sobrenome, seus trabalhos como MC (hoje no Contra Fluxo) e sua produção de beats – exemplifica bem o primeiro contato com Dilla. Não só ele, como várias outras pessoas curtiam suas produções, sem saber exatamente de quem eram. Isso aconteceu também com o produtor curitibano Nave. “Comecei ouvindo os sons do A Tribe (Called Quest) e do Busta (Rhymes), as músicas que eu mais gostava eram nos beats dele, e quando descobri fui saber mais sobre o trampo dele“, relembra.

Imagine a sensação de descobrir que a maioria dos sons que você mais curtia eram produzidos por uma mesma pessoa? Para o Dj Tamenpi serviu de incentivo para ir atrás de outros sons. “Quando fui ligando uma coisa a outra, vi que era ele que tinha produzido vários dos meus sons prediletos. Daí foi só pesquisa, peguei tudo que o cara fez e piro com grande parte desses sons”. Mas se um disc-jóquei gosta de um tipo de música, então aqueles que estão na pista saberão do que se trata. “Nos meus sets, com certeza uns cinco sons que o cara produziu você vai escutar!”

Esse contato com as produções do até então Jay Dee se mostrou tão poderoso, que mudou alguns caminhos. “O primeiro contato foi no segundo do Pharcyde, Labcabincalifornia. Eu já gostava do grupo, tinha o álbum de estréia, mas quando ouvi esse disco minha vida mudou, fiquei com uma fita K7 rolando no carro sem parar por mais de ano, juro!“, relembra nostálgico o MC Rodrigo Brandão, do Mamelo Sound System. O trabalho de produção desse álbum do Pharcyde acabou se mostrando importante para outras pessoas também.

“Eu sempre tive a mania de ler a ficha técnica dos álbuns que comprava, não foi diferente com Labcabincalifornia. O primeiro single do álbum, “Runnin’ “, foi lançado em agosto de 1995. Quando o álbum saiu em 1996, o primeiro impulso foi ver o que o ilustre desconhecido de Detroit havia feito no resto do álbum”, conta o MC/produtor Parteum. A partir desse trabalho tão diferente e inovador, fica difícil não ser influenciado. “Levo para vida o que senti quando ouvi ‘Bullshit’ pela primeira vez, o bumbo desquantizado, a caixa na frente, mais a frente dos outros elementos, um clap secundário cheio de reverb. Era uma outra noção de espaço”, completa.

Para outros, a lembrança é mais específica e relembra que a assinatura de Jay Dee no início era outra. “Ouvia suas produções para o De La Soul, Pharcyde, A Tribe Called Quest quando ele assinava beats como Ummah (coletivo de produtores de Detroit)”, afirma o paulistano e hoje internacional, Dj Nuts. Os mais novos, como é o caso do MC/produtor (Tiago) Rump, de 22 anos, tiveram um contato com trabalhos mais recentes, mas não menos importantes e inovadores. “Comecei a ouvir quando saiu o Jaylib. Levou um tempo pra eu entrar na vibe, foi quando eu conheci o trampo dele e o do Madlib. Com o tempo fui buscando tudo que ele tinha lançado. Quando o promo do Donuts vazou na net, uns dois meses antes do lançamento, não tive dúvidas de que ele era o melhor produtor de hip hop pelos meus padrões do que deveria ser um produtor”.

A importância de uma figura que partiu prematuramente do “jogo” que mais amava se mostrou mais traumática para alguns. Mas o ponto que une todos se dá em relação às influências. No caso de Munhoz, a primeira opção seria a mais apropriada. “Eu não lidei bem com a partida do Dilla. Nunca imaginei na minha vida que fosse me emocionar com a morte de alguém que eu nem conheci. E não lidei bem com a morte do DJ Primo, que foi alguém que eu tive contato, tocamos juntos, tinha uma história”.

Mas o que James “Dilla” Yancey tinha de tão diferente de outros nomes que estavam produzindo em sua época? “Se ele tivesse parado depois de produzir o já citado Pharcyde e do The Love Movement, do A Tribe Called Quest, teria seu nome na história garantido. Mas isso foi só o começo! Depois vieram De La Soul, Erykah Badu, Busta Rhymes, Common, D’Angelo, Soulquarians, e por aí vai. Sem falar no trabalho solo autoral, nas fitas Fantastic, Vol.1 (Slum Village) e Ruff Draft… Creio que ele é o equivalente no hip hop ao que um Thelonious Monk representa pro jazz”, vislumbra Rodrigo Brandão.

Além do trabalho com grandes nomes, Dilla trouxe inúmeras inovações ao modo de se produzir um beat. Quem explica melhor é Rump. “Não é algo fácil de traduzir em palavras, mas parece haver uma profundidade nos beats do Dilla, muito maior do que a média; uma busca por achar os timbres que casem perfeitamente; baterias programadas meticulosamente fora do tempo; uma mistura precisa do convencional com o não convencional, às vezes incorporando cadências de música clássica em suas bases, às vezes usando acordes que em nada se encaixam nas regras de harmonia tradicional”, teoriza.

Para quem pensa que Jay Dee só foi importante para a música rap, se engana. Pelo menos é o que o Dj Tamenpi pôde constatar. “O cara criou um estilo de beat. E num é só no rap que nêgo considera! Já troquei idéia com produtores de música eletrônica de Detroit que adoram o estilo do cara. O estilo dele influencia todo mundo. E com essa morte tão cedo, ele meio que se tornou uma lenda. Geral reconhece e paga pau”. Já Rump acredita que a importância vai além das imposições de estilo da indústria e do público. “Acho que transcende o underground e o mainstream, pelo menos em relação aos produtores. Tem muito produtor underground daqui, da Holanda, da África do Sul e de outros lugares tendo o Dilla como uma das principais referências.”

Quem tem as produções do saudoso produtor como norte, acaba sendo reconhecido facilmente, segundo o produtor Nave. “Quando você ouve Hocus Pocus e os beats do 20syl, você entende a importância dele. Ouve Kamau e Parteum, você entende a importância dele”. A partir dessa referência chamada J-Dilla, pode-se perceber uma finesse característica nos beats. “Quase tudo no rap que tem algum requinte, sofisticação, talvez não existiria se não fosse por ele”, completa Nave. Outro produtor, Munhoz, vai ainda além. “Velho, ele é o produtor dos produtores! Acho que ele deve ser comparado aos grandes. Influenciou tanto quanto os caras que o influenciaram, como o Premier ou o Pete Rock”.

B+)

J-Dilla e Madlib fazem compras de discos no Brasil (foto: B+)

A passagem de Dilla pelo Brasil

Para falar da vinda de J-Dilla ao país é preciso se abrir um parênteses nesta história. Você conhecerá um pouco melhor da parceria do produtor e MC com outro companheiro de funções, Madlib, no trabalho denominado Jaylib.

Jaylib – “Champion Sound”

Jaylib – Ao Vivo 2004

http://stonesthrow.com/jukebox/jaylib-live-2004.mp3″

O disco começou a ser idealizado a partir do momento em que Madlib rimou em uns beats do Dilla, que estavam em uma fita do Dj J Rocc. Isso chegou aos ouvidos de Dilla, em Detroit, que perguntou: Quem é esse cara rimando nos meus beats? Como Dilla já conhecia Madlib, entrou em contato. A partir daí, a parceria se concretizou. O MC paulistano Kamau comenta especialmente sobre a parceria entre Dilla e Madlib, que na opinião dele, não poderia dar errado. “Dois dos maiores sampleadores das mais diversas fontes se unindo pra fazer música. Claro que o resultado seria esperado e cabuloso! Nada mais apropriado que o nome do disco: Som de Campeão”.

O mais curioso em “Champion Sound” é a produção de metade dos beats pro Madlib com rimas de Jay Dee e outra parte com rimas de Madlib e beats de Dilla. O álbum foi lançado oficialmente em 2003, e serviu para firmar a parceria que aconteceu em dois pontos específicos: Detroit (Dilla) e Los Angeles (Madlib). Eles adotaram um sistema de gravação de trilhas e compartilhamento dos arquivos a distância, o que agilizou o processo de produção.

Nave é direto na opinião sobre o álbum. “É aquela parada que quando ouve-se os samples você manda o tradicional ‘filha da p…!’!”. Ele aproveita para confessar a importância dessa parceria para ele, além do que ela de fato representou. “Ouvi muito, volta e meia ouço. Acho que foi o encontro da amizade com uma dose bem grande de insanidade e genialidade”, conclui.

Jaylib na pista por Mr. Mass/França (via Stones Throw)

Jaylib na pista por Mr. Mass/França (via Stones Throw)

Mas o segredo para o sucesso vai além, na opinião de Kamau. “Admiração e respeito. Dois dos melhores produtores a pegar o microfone, na minha opinião. Estilos únicos se complementando em batida e rima”. A relação entre o som produzido na parceria Jaylib ultrapassa barreiras da relação com a música. “Sou muito fã dos dois e já conversei com um deles. Mas mesmo assim ambos mudaram minha vida. Se o rap é minha vida, mudaram mesmo!”, completa. Munhoz confessa que a parceria Dilla/Madlib lhe rendeu boas lembranças. “O Jaylib, me lembra o DJ Primo, foi um disco que ele tocou muito, que ele gostava muito, e que me remete a uma época boa da minha vida”.

(Fecha parênteses)

De volta à história, o responsável por trazer Dilla ao Brasil foi Rodrigo Brandão. No entanto, essa não é uma tarefa nova para ele, que traz as atrações do Indie Hip Hop, além de alguns outros artistas para se apresentarem ao longo do ano. Quem relata a história, é o próprio Rodrigo. “A coisa rolou por conta da Primeira Mostra De Filmes Hip Hop De São Paulo, em 2005. O Keepintime* tava na programação, e o B+ era o diretor convidado. Como o Madlib participa da fita, surgiu a idéia e a oportunidade de trazê-lo pra se apresentar na festa de abertura do evento. É pública a timidez e notória a aversão por palcos do Loopdigga, então já foi uma surpresa ele topar fazer o show. Quando a Suemyra* escreveu dizendo que apesar de estar com a saúde frágil, o Jay Dee viria junto, pra realizar o sonho de conhecer o Brasil, e que então tratava-se do Jaylib ao vivo, nossas expectativas ficaram ainda maiores!”

No entanto, a apresentação acabou não se concretizando. Para o fã de Dilla, Daniel Sanchez, a expectativa no dia era grande. “Eu lembro que eu encontrei o (Dj) FZero na porta e disse: veio ver o Madlib? Ele: nada, vim aqui pra ver o J-Dilla!“. O Dj Nuts foi um dos que chegou a ter contato com Dilla em terras brasucas e conta como foi. “Meu contato com ele foi breve. Ele descobriu no Brasil que estava doente e teve que ir embora no dia de sua apresentação! Ele nem tava tão animado quando foi comprar disco e também para comer”.

J-Dilla e Madlib apresentando o projeto Jaylib, por Scott Dukes

J-Dilla e Madlib apresentando o projeto Jaylib, por Scott Dukes

Quem segue contando a história, é Rodrigo. “Na véspera do acontecimento ele passou mal, teve que ser hospitalizado aqui e só pode ser transferido pro centro médico interno do LAX (aeroporto de Los Angeles) depois que o doutor brasileiro falou com o enfermeiro-chefe de lá e com o médico particular do ‘Mr. Yancey‘, devido à gravidade da doença dele. Durante os dois dias e pouco em que esteve aqui, pouca gente encontrou com ele, mas quem viu não esquece”. Parteum teve essa chance por meio do próprio Rodrigo Brandão, que o chamou para conhecê-lo. “Troquei idéia, entreguei vinil, mixtapes. O Madlib me trata bem, quando me encontra, por conta daquele dia”.

“No fim, o Madlib subiu acompanhado apenas pelo Dj Eric Coleman, e fez um show que até hoje divide opiniões: alguns amaram, outros se decepcionaram. Mas a verdade é que não deve ter sido nada fácil pra ele encarar a parada preocupado, sem o parceiro que, vale ressaltar, era um monstro no palco”, pontua Rodrigo Brandão. Apesar de ter gostado da apresentação de Madlib, foi difícil para Daniel Sanchez esconder a decepção por não ter visto seu ídolo no palco. “Fui no show, no palco avisaram que ele teve que voltar“. No fim das contas, o estado de saúde de Jay Dee o impediu de aproveitar a passagem pelo Brasil. “Por aqui ele ficou no quarto de hotel fazendo fumaça e comendo pizzas”, comenta o Dj Nuts.

Dilla voltou para os Estados Unidos, foi internado e por lá ficou. Chegou a produzir músicas em seu quarto no hospital, e inclusive finalizou o álbum “Donuts” neste mesmo lugar. No dia 10 de fevereiro de 2006, James “Dilla” Yancey partiu. Para aqueles que o consideravam, ficou a boa lembrança e o respeito. Além disso, restaram as homenagens. Tamenpi conta o que rola nos Estados Unidos e fala também sobre os discos clássicos de Dilla que disponibiliza em seu blog todo ano. “Sempre na semana que faz anos da morte do cara, rolam várias festas nos Estados Unidos, só com os caras que colavam com ele. E vê-se uma movimentação no mundo todo em lembrar do cara. É aquilo, o maluco virou uma lenda no hip-hop. Eu homenageio no blog porque é uma forma de deixar os discos do cara sempre por ali, pra quem quiser, baixar. Porque vale a pena pra car%#@!”.

O reconhecimento também serve para se manter a memória dessa lenda. “Penso que se algum dia o rap se levar a sério ao ponto de termos um museu, o nome de James Dewitt Yancey tem de estar lá. Ele trabalhou para que falássemos de Jazz, Stereolab e Busta Rhymes na mesma sentença. Ele trabalhou para que os beats fossem mais cheios, para que mudanças de tempo fossem populares em rap. Trabalhou com Daft Punk bem antes de Kanye West. Ajudou na construção de diversos álbuns clássicos. O legado é inegável”, diz Parteum.

O fã Daniel Sanchez publicou dois vídeos em homenagem a Dilla, que tiveram milhares de visitações do Brasil e do mundo. “Quando criei os vídeos, um em homenagem e o outro um remix, não imaginava a repercussão que teria. Pude ter uma dimensão real da importância do músico pro mundo do hip hop. Quando digo ‘mundo do hip hop’ me refiro ao planeta Terra como um todo”.

O Dj Nuts prestou uma homenagem que se tornou famosa no mundo inteiro. Recriou em uma apresentação do Brasilintime, a versão brasileira do Keepintime*, o beat de Runnin’, do Pharcyde, e com produção de Dilla. Isso faz lembrar a importância de Dilla para Nuts. “Ele foi um dos primeiros a usar música brasileira em seus beats. O uso de Stan Getz com a música ‘Saudade vem correndo’ acabou sendo o tema que reconstruímos para a noite do Brasilintime ao lado do Dj Primo e o Pupillo (baterista do grupo Nação Zumbi)”.

Caso J-Dilla ainda estivesse vivo, provavelmente estaria na ativa, segundo Rodrigo Brandão. “Sem dúvida, o Dilla é um dos artistas mais talentosos, inovadores e criativos que já pisaram na Terra, então me parece claro que ele estaria emanando música boa sem parar!”. Munhoz também é da mesma opinião – “Com certeza estaria fazendo música! Morreu fazendo música”. Já o curitibano Nave, aposta que ele elevaria o nível do rap. “Seria melhor porque teria mais rap bom sendo feito, mais classe, mais originalidade”. Tamenpi ressalta o amor de Dilla pelo que fazia. “Acho que estaria vindo pedra atrás de pedra. Ele era fo%@! E não parava, amava muito o que fazia”.

De segmento, ficam as bases que surgem a cada dia e são creditas a Dilla, além do trabalho do jovem Illa J. Nave tem gostado do que ouve do garoto. “Tenho ouvido, e muito. Tem gosto de nostalgia, é algo como ‘O estilo clássico Jay Dee nos beats’”. O produtor e MC, Rump, faz uma análise completa. “Gostei do disco do Illa J, mesmo do EP anterior, que ele mesmo produziu a maior parte dos beats. Acho que ele tem que ter cuidado para não fazer a carreira em cima do nome do irmão, mas acho ele talentoso, assim como tantos outros caras de Detroit (Dwele, Elzhi, Guilty Simpson, Black Milk, Waajeed). Detroit é a cidade de onde mais parece vir coisa nova e de qualidade hoje, e a sonoridade tem muito a ver com o que foi criado pelo Dilla”.

*Traremos informações sobre esses assuntos em textos futuros.

simpsons-dillajay-dee-simpsons-iiEssa história não poderia terminar sem um agradecimento especial à todos envolvidos nesta série de posts “J-Dilla mudou minha vida (1974-2006) – partes I, II, e III”. Obrigado pela atenção, paciência, informações e dicas e a prontidão nas respostas.

“Nada disso tem valor, se você não faz por amor”/ Paulo Napoli – “Com amor”

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The Suite For Ma Dukes EP

Capa do álbum orquestrado "Suite For Ma Dukes", à venda no iTunes

Capa do álbum orquestrado "Suite For Ma Dukes", à venda no iTunes

Mais um projeto em apoio a Ma Dukes, mãe de J-Dilla, chega às praças. Dessa vez, um álbum com versões orquestradas de grandes produções de James Yancey, em prol de sua família e de inúmeras fundações que visam o tratamento do Lúpus.

O álbum é na verdade um EP, The Suite For Ma Dukes EP, idealizado por Carlos Nino e Miguel Atwood Ferguson. São 4 faixas, incluindo “Fall in Love”, do grupo Slum Village. Adquira o seu no iTunes.

Se você quiser saber mais sobre J-Dilla, o Per Raps separou alguns links bem interessantes. Acompanhe:

> Texto da revista Vibe Magazine com um player so de sons produzidos por Jay Dee. Clique!

> “Slick Boy e Sir Moog”, texto escrito em 2006 por Parteum para o site Coquetel Molotov, de Recife.

> Listagem de uma série de sites no mundo que homenagearam Dilla esse ano no blog do Rump.

> Texto publicado sobre os 3 anos sem “Mr. Yancey” no Central do Rap.


J-Dilla mudou minha vida (1974-2006)

Homenagem a James D. Yancey a.k.a J- Dilla (divulgação Nike)

Homenagem a James D. Yancey a.k.a J- Dilla (divulgação Nike)

“O produtor favorito do seu produtor favorito” – The Source (06/04/06)

Você já ouviu falar no nome de James Dewitt Yancey? Talvez seja mais fácil chamá-lo de Jay Dee ou J-Dilla. E então, algo vem a sua mente? Se sim, muito bem. Caso contrário, não se desespere, pois você está prestes a saber um pouco da história de um grande homem que amava o que fazia. Faleceu há três anos e se estivesse vivo, hoje teria 35. Mas essa não é uma boa hora para a tristeza, e sim para celebrar a vida.

Filho de Beverly Yancey , professor de técnicas vocais e baixista, que por sua vez era amigo de Berry Gordy, fundador da gravadora Motown. A mãe, Maureen, ou Ma Dukes, era uma cantora daquelas com capacidade de ir do gospel ao jazz, passando até pela ópera. O pequeno Yancey foi encorajado a se manter longe das ruas e de encrenca, se aproximando da música seja em um coral ou de seus primeiros e preciosos discos.

Ele foi integrante do lendário Slum Village, grupo em que – o até então Jay Dee – passou a ser mais conhecido como MC e também produtor. Trabalhou com os mais diversos grupos, como Pharcyde, De La Soul, Busta Rhymes, A Tribe Called Quest , Talib Kweli, Common, Erykah Badu e vários outros.

Queria ser como Pete Rock, e admitiu isso sem problemas. Em 2001, passou a usar o nome J-Dilla, principalmente para se diferenciar de Jermaine Dupri, que em sua abreviação de nome também era um J. D (Jay Dee). Iniciou sua carreira solo com o conhecido “Fu&% the Police”, que é um som obrigatório em muitas festas.

Dilla era um cara reservado, que estava além dessas brigas de underground e mainstream. Ele tinha uma postura mais voltada para os artistas alternativos, mas nunca se pronunciou contra os gangstas. Tinha seus luxos, exemplo disso é um Cadillac que ele tinha, carinhosamente chamado por ele de “Dillalade”.

J-Dilla; mais que um músico, um cientista da música (by B+)

J-Dilla; mais que um músico, um cientista da música (by B+)

Quem fala mais sobre o lugar que J-Dilla ocupava é um grande fã seu, o jovem produtor e MC, Tiago Frúgoli, o Rump. “Acho que transcende o underground e o mainstream, pelo menos em relação aos produtores. Tem muito produtor underground daqui, da Holanda, da África do Sul e de outros lugares tendo o Dilla como uma das principais referências. Do outro lado, você vê em depoimentos que caras que nem o Pharrell, K. West, Just Blaze que o Dilla, apesar de nunca ter tido as vendas que eles têm, tem uma considerável influência no trabalho deles.”

Criou clássicos modernos e redefiniu fronteiras antes bem delimitadas. Dedicado, cheio de disciplina e criatividade, colocou Detroit, sua terra natal, no mapa muito antes de Eminem tê-lo feito em 99′. O MC e produtor paulistano, Parteum, dá a dica do teor das rima de Dilla, e traduz uma de suas provocações em uma letra. “Um salve para o meu chegado Killagan. E todos os meus irmãos representando Detroit mais do que doze Eminems” (por causa do grupo D12, que faz parte da banca de Eminem) – Reunion, Slum Village. No entanto, sempre esteve longe das massas. Diziam que ele poderia reproduzir a batida de qualquer produtor, mas ninguém poderia reproduzir os beats de Dilla.

Parteum também assume o significado do trabalho de Dilla em sua carreira. “Assim como o trabalho de Pete Rock e o Premier, a música de J Dilla ainda influencia a construção rítmica dos instrumentais que crio. O uso de frequências com pouco ataque nas linhas de baixo, o que tem a ver com Reggae e Tecnno de Detroit, a tradição do Sloppy Drumming, essa parada de não quantizar os beats, a idéia de criar música híbrida: 1/3 eletrônica – 1/3 sampleada e recortada – 1/3 acústica (O remix para “I Try” de Macy Gray é um bom exemplo)”.

O rapper não poupa palavras e diz qual a real importância do que Jay Dee fez para a música. “Eu acredito que quando o assunto é produção, esse cara criou uma escola. É um músico para ser estudado pelo conjunto da obra, assim como grandes nomes do Jazz”, explica. E o que esse produtor e MC de Detroit fazia de tão diferente? “Um dia ele estava sampleando e recortando tudo, outro dia ele tocava os instrumentos… Ainda no começo da carreira ele levou a idéia de filtragem de samples para um outro lugar. Um exemplo: O uso de Holding You, Loving You (Don Blackman) em Go Ladies (Fantastic Vol. 2). É claro que Pete Rock, Beatminerz e o próprio Q-Tip usaram esse mesmo recurso anteriormente, mas o fato de ele combinar o corte dos samples, recriar melodias e filtrá-las faz toda a diferença.“

Em 2002, descobriu que possuia um problema muito raro: lúpus, uma doença autoimune que pode ser fatal. Nesse meio tempo, Dilla continuou trabalhando e fazendo turnês pelos Estados Unidos e pelo mundo. Três anos depois, precisou ser internado por complicações.

Percebendo que a morte estava chegando, pediu à sua mãe todos seus equipamentos para continuar fazendo aquilo que mais amava, música. Agora ele tinha à sua disposição pick-ups, mixerers, parte de seus discos, uma MPC, e seu computador. Finalizou o álbum “Donuts” dentro do hospital, que acabou sendo lançado 3 dias após sua morte.

Teve a chance de vir para o Brasil em 2005 junto de Madlib. Chegou até a comprar discos, mas não conseguiu se apresentar por causa da doença.

E como seria se ele ainda estivesse vivo? Parteum responde. “Seria mais respeitado como MC, e a família não estaria sofrendo tanto para controlar o espólio*. Tinha uma parada meio RZA nas divisões que ele fazia ao rimar. Tinha a inversão do sujeito, predicado e complementos. Um bom exemplo é o verso de The Official (Jaylib); as frases são curtas e diretas, existe uma conexão entre o primeiro e o segundo verso, mas de tempos em tempos o sujeito da ação descrita só aparece depois, finaliza.

* Mais informações sobre isso no próximo post.

Fonte: The Source, The Vibe Magazine e o site Stones Throw.

Neste clipe, aparecem os MC’s Common, Will.I.Am (Black Eyed Peas), Black Thought (Roots), Frank N Dank, Talib Kweli, e o irmão mais novo de Dilla, John (a.k.a Illa J) como o MC. Ma Dukes também aparece de forma discreta neste video.

Acompanhe mais comentários de Parteum e Rump sobre J-Dilla, além de outras histórias; a parceria com Madlib (Jaylib) e o legado que ficou para suas duas filhas, sua mãe (Ma Dukes) e seu irmão, Illa J. Tudo isso, no próximo post!


Magus Operandi (2008)

“Dizer que é arrogância o que eu transmito pro papel é o mesmo que dizer amém sem nunca imaginar o céu” – Parteum

Imagine beats de primeira linha e rimas cheias de referências, longe do senso comum. Misture a linguagem do rap, um ótimo produtor, participações com encaixe perfeito em um formato de mixtape, que ainda abriga uma funcionalidade multimídia. Isso é Magus Operandi. Só que há mais.

É um grito de liberdade misturada à nostalgias da infância, que aparecem em um interlúdio de piano tocado por Joana Brito e seguem em “A moral provisória”. Moral que se mostra como poesia pura em sua forma mais clara. Um desabafo de buscas, medos, caminhos, percepções e materialização de constatações “que as linhas não permitiam”. É música que segue um outro rumo, e que se difere com naturalidade.

Ao mesmo tempo que permite que se note a evolução no modus operandi da produção, marca experimentações até no próprio ritmo da rima: vezes mais acelerado, vezes mais pausado. Sem amarras às 16 barras, os versos vêm e vão, livres. Há espaço para uma revisita, “Dominium Remixus”, que mostra domínio das ferramentas que o “magus” possui também para operar. E quem quer que seja o paciente, está bem encaminhado.

Sintetizadores, timbres, claps, scratches, caixa e bumbo. É uma busca pelo progresso, uma licença poética em um mundo de rótulos e denominações absurdas. Elefante branco nas prateleiras de mega stores, conteúdo capcioso para ouvidos desatentos. Interlúdios que iniciam, brecam e conduzem para o caminho sugerido; a próxima faixa.

“A Bagunça das Gavetas” no fim das contas é mais organizada que o raciocínio ainda quebrado do autor. De tira gosto, permite a chance de contar com intervenções nos teclados na versão ao vivo, registrada há tempos atrás nos palcos da CCJ, em São Paulo. Quase no fim, um “Enigma” é trazido “pra bater de jeito” não só por Parteum, mas também por Suissac e Secreto. Nesta, o groove dos teclados e os claps empolgam e prometem mover as articulações “desavisadas”.

Em suma, uma viagem prolixa a estímulos e impulsos muito bem digeridos. Perturbador para alguns, como os filmes de David Lynch. Para outros, fictício como Philip K. Dick ou inspirador como James Dewitt Yancey. A sexta parte de uma série ou um teaser da continuação do “Raciocínio”?

Imagem da capa da fita mixada "Magus Operandi" by Jean Schwarz

Imagem da capa da fita mixada "Magus Operandi" (arte by Parteum)

Onde encontrar a “Mágica da Operação”:

Colex Oficial
Rua 24 de maio 116 – loja 33
Informações: 11-32249730
colexoficial@gmail.com

Porte Ilegal

Rua 24 De Maio, 62

Subsolo – Loja 40

Fone: (11) 3223-0837/3338-2051

(Distribuição para todo o Brasil)

Canal 24

Av. São João, 439
Subsolo – Loja 38
Fone: (11) 3337-5507
canal24@terra.com.br

(Distribuição para todo o Brasil)

Sigilo Skate Shop
Rua 24 De Maio, 62
Segundo Andar – Loja 311

Grandes Galerias

Fone: (11) 3333-6008


Videocast do Parteum

O produtor e MC, Parteum, costuma registrar em sua câmera os bastidores de shows, de mixagens, de sessões de estúdio, além de bate-papos com os amigos e afins. Para quem não conhece, o videocast que ele grava já está na sétima edição. Essa é na verdade uma ótima forma de conhecermos mais um pouco dos “processos” por traz de um beat, de uma letra ou até da própria personalidade do rapper.

Neste episódio, você confere trechos de mixagem da mixtape Magus Operandi, shows no Rio Grande do Sul e na Praça da Sé (em São Paulo) um breve depoimento do “avô-herói” do MC, uma pequena session de skate e a apresentação do som “A Bagunça das Gavetas”, que rolou na CCJ, em Sampa no fim de 08′.

“Decifre-me por meio dessas linhas/ Imaginárias linhas nos separam feito prófase, metáfase, anáfase, telófase
afaste-me do mal/ Quero mais do que o lamento no final, deixe-me…”
(trecho de “A Bagunça das Gavetas”, por Parteum)

O Per Raps trará em breve mais informações sobre a fita mixada Magus Operandi, a sexta mixtape de Parteum. Por enquanto, acompanhe as notícias no blog do MC, Minhas Paradas Sempre Funcionam De Vez em Quando.


Como foi o Indie Hip Hop 2008

casa cheia

O resultado do sucesso do Indie Hip Hop 08': casa cheia

A edição deste ano do festival Indie Hip Hop se foi deixando saudades e já cria novas expectativas quanto ao ano que vem. Com o Sesc Santo André lotado com quase 3 mil pessoas, no sábado e no domingo, o público brasileiro (pessoas de vários estados vieram especialmente para o evento) assistiu a grandes apresentações dos grupos brasileiros e ao esperado show de Talib Kweli, principal atração do evento, que não decepcionou ninguém e agitou a galera com performances de mais de uma hora nos dois dias. Uma pena é saber que, para ver algo semelhante, realmente teremos que esperar até o final do ano de 2009.

A apresentação que abriu o festival veio com o peso e a qualidade de quem também poderia tê-lo fechado. Doncesão e Dr. Caligari (heterônimo de Dj Caíque), ambos da zona norte da Capital, fizeram um show cheio de “fúria” e energia. Acompanhados no palco por alguns membros da 360 Graus Records, os dois, que lançaram seus discos nesse ano, transformaram a desconfiança de quem ainda não conhecia os trabalhos dos dois, em aplausos.

Doncesão e sua banca marcaram a abertura do Indie 08' (D. Cunha)

Doncesão e sua banca marcaram a abertura do Indie 08' (D. Cunha)

Doncesão e Dr. Caligari cantaram músicas dos seus álbuns, Primeiramente e É o Terror, respectivamente, e agitaram a galera principalmente com os sons “Eu deixo a vida suspirar”, “Davi, o verdadeiro gigante”, ambas de Doncesão, e “A nossa hora” e “Querem me corromper”, de Dr. Caligari, que fechou o show mandando um sonoro “vai se f@#$%” para aqueles que não acreditam no rap nacional. Doncesão, muito emocionado, desceu do palco durante uma das músicas e, perto da galera, gritou uma frase que resgata as raízes da cultura: “Se eu posso, vocês também podem!!!”.

Na seqüência, o MC Sombra, ex-SNJ, trouxe ao Indie uma pitada da velha escola do rap nacional, e apresentou seu disco solo lançado recentemente, Sem Sombra de Dúvidas. Mesmo não sendo freqüentemente associados ao cenário do rap alternativo, Sombra e o SNJ têm uma grande parcela de contribuição por serem pioneiros em apresentar um discurso positivo no rap nacional, e são influência para muitos MCs que hoje fazem parte do jogo.

Expulsos do 5° Andar, mas agora no Subsolo (E. Ribas)

Expulsos do 5° Andar, mas agora no Subsolo (E. Ribas)

A última apresentação nacional do sábado foi a volta do principal grupo de rap alternativo do país: o Quinto Andar, que parou de pagar o condomínio e foi morar no Subsolo. A reunião de um mês em um sítio no interior de São Paulo resultou em um trabalho bem pouco parecido com o estilo do Quinto Andar. Os temas podem ser recorrentes, mas a abordagem é totalmente diferente. “Já não é como antes…”, diz Kamau na rima “Ordem de Despejo”.

Os beats agora têm mais peso e chegam a ser sombrios, em alguns pontos lembrando até o rapper inglês, Roots Manuva. Shawlin, Xará, Pai Lua, Kamau, Lumbriga Tremosa, Gato Congelado e Matéria Prima dominaram o palco com suas rimas e tiveram o Dj Mako completando o grupo e incrementando a performance com seus riscos. Durante o show, Lumbriga sintetizou a impressão do público em um recado para a galera: “O som é esquisito, mas vocês vão se acostumar”.

O segundo dia de Indie Hip Hop começou literalmente com uma Manada passando. Para ser mais específico, o Projeto Manada estava no palco apresentando os sons do seu novo CD, Urbanidades. Enquanto os MCs Macário e Prizma disparavam suas rimas esbanjando presença de palco, os MCs/Djs Leco e Mister Venom transitavam entre o front do palco e a responsa das pickups. 

Os MCs Macário e Prizma mostrando os sons de "Urbanidades"

Os MCs Macário e Prizma mostrando os sons de "Urbanidades"

Com certeza, nesse trabalho o som está mais pesado. O slogan do grupo, “imagine uma manada entrando em seus ouvidos”, corresponde exatamente ao que rola no palco; rappers de peso com rimas conscientes e provocativas embaladas por beats empolgantes.

Em seguida, o “prata da casa” Enézimo convidou a banca do Pau-de-dá-em-doido, de Santo André, para participar de seu show e apresentar as músicas de seu disco solo, Um cara de sorte. Ele mandou alguns sons sozinho, acompanhado pelo Dj Nato, e depois chamou seus parceiros para dar seqüência à festa: Arnaldo Tifu, Preto R, Sagat, Stefanie, Carlus Avonts e Max Musicamente subiram ao palco e esbanjaram energia, cantando, dançando e acompanhando Enézimo.

O MC Enézimo representouo rap do ABC Paulista (E. Ribas)

O MC Enézimo representouo rap do ABC Paulista (E. Ribas)

Ao final, Max Musicamente ainda emendou um freestyle que arrancou gritos e aplausos empolgados da platéia, ao comparar o preço dos ingressos do Indie com o de outros show de artistas estrangeiros quando vêm ao Brasil. Crítica extremamente válida, em tempos em que shows de rap chegaram a custar 300 reais.  

Antes da última e derradeira apresentação de Talib Kweli em terras tupiniquins, o público que compareceu ao Indie assistiu ao show mais aguardado entre as atrações nacionais: o do MC Kamau, que lançou seu primeiro disco solo, Non Ducor Duco, no meio deste ano. Como o disco já está há algum tempo na rua, era de se esperar que as novas músicas fossem cantadas em coro pelos fãs do rapper, que acompanharam cada palavra de “Vida”, “Só” e “A quem possa interessar”, principalmente.

Outro ponto alto foram as participações: primeiro a de Parteum, em “Dominum”, reeditando mais uma vez a parceria que já resultou em diversas composições veneradas pelo fã de rap; e a de Emicida, que rimou com Kamau em “Komwé”, ainda disparou “Triunfo” e viu sua música, que só saiu na internet, ser a mais cantada do festival.

Talib Kweli, aquele que busca a verdade (E. Ribas)

Talib Kweli, aquele que busca a verdade (E. Ribas)

Talib Kweli

Se compararmos os dois dias de apresentação, percebemos que foram dois Talib Kweli no palco: um mais tímido no sábado, e um que se sentiu em casa, no domingo. O MC de Nova-Iorque mostrou porque é tão celebrado por aqueles que apreciam o rap, com um setlist de tirar o fôlego.

Dos clássicos aos sons do trabalho mais recente, Eardrum. Uma das faixas do último CD que mais empolgou foi “Hostile Gospel”, seguida também por “Hot Thing”, música produzida por Will.I.Am, que participou de forma virtual no show, cantando o refrão na tela ao fundo do palco.

Apesar de ninguém ter certeza se a parceria com Mos Def, em Blackstar, seria mencionada, houve a grata surpresa de alguns sons serem tocados. “Definition” e “Respiration” balançaram o Sesc. Outro sucesso foi a rima de Talib em um som de Kanye West, “Get ‘Em High” (que também conta com a colaboração de Common).

No entanto, o destaque em termos de empolgação ficou para uma produção de Kanye West, “Get By” (do álbum Quality, de 2002), que teve a parte do refrão feita por um coral, cantado por várias pessoas: “This morning, I woke up, Feeling brand new/ and I jumped up, feling my highs, and my lows, in my soul, and my goals/ Just to stop smokin, and stop drinkin/ And I’ve been thinkin: I’ve got my reasons/ Just to get (by)”.

Dj Chaps ao fundo e Talib Kweli mostrando os sons de Eardrum

Dj Chaps ao fundo e Talib Kweli à dir. mostrando os sons de Eardrum (E. Ribas)

A única coisa que parece não ter funcionado da melhor maneira foi a comunicação entre público e MC, já que às vezes não rolava a interação esperada. Em uma das vezes, Rodrigo Brandão auxiliou Talib e traduziu uma frase, pedindo para o público fazer o máximo de barulho possível. Aí sim, a resposta foi imediata.

Em uma apresentação passada, mais especificamente a do grupo Jurassic 5, o MC Kamau fez a tradução do que era dito pelos rappers, e isso funcionou muito bem. Uma homenagem à velha escola foi feita por Talib Kweli e o Dj EQ, que tocaram clássicos do rap e chamaram b-boys ao palco para ilustrarem essa parte do show. Falando em homenagem, Talib fez questão também de homenagear nos dois dias o Dj Primo. “This one is for you, Primo!”

R.I.P. Dj Primo

Kamau revelou em vários momentos que aquele era um show muito especial para ele. O principal motivo foi a ausência de alguém que participou de todo processo do disco e era ainda uma das figuras mais queridas e respeitadas no rap brasileiro. Dj Primo morreu em setembro deste ano, vítima de uma pneumonia, e foi, sem dúvida nenhuma, o grande homenageado do Indie Hip Hop 2008.

Não só Kamau, como todos os grupos envolvidos, incluindo Talib Kweli, prestaram homenagens ao amigo, em formas de músicas, palavras…e até uma performance especial do Dj Kl Jay dedicada à Primo, com imagens suas no telão. Muita emoção na frente do palco, onde estavam os pais e familiares de Alexandre Muzzilo Lopes, o Dj Primo.

* Texto e fotos por Daniel Cunha e Eduardo Ribas.
** Props to Karolina (pelo vídeo), do blog Fita K7.

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Gostou do blog? Então clique na imagem e vote nele como melhor blog de “Arte e Cultura”! É só fazer o cadastro e participar. A votação vai até amanhã!

Instruções:

1. Entre no link do prêmio;
2. Se cadastre, aguarde o recebimento de uma senha por e-mail e a utilize para se logar no site da premiação;
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4. Você pode votar em apenas um blog ou até cinco deles;
5. Não vote no mesmo blog por mais de uma vez ou seu voto será anulado;
6. A votação termina hoje e a divulgação dos finalistas sai na segunda.


Agenda + Common ao vivo

Esse ai é o vídeo da apresentação de Common com o som Universal Mind Control, que dá nome à música e ao novo álbum do rapper. 

“Certo dia, Common, autor de vários álbuns clássicos e um dos emcees mais respeitados atualmente, estava pensando sobre sua vida profissional e sua recente entrada no mundo do cinema. Satisfeito com o resultado, ele resolveu fazer um disco diferente dos mais recentes, um álbum mais eletrônico e leve do que introspectivo e cheio de samples de soul. Para esta empreitada, ele chamou o produtor Pharrell Williams, do Neptunes, para ajudá-lo na confecção do projeto, que se chamaria Universal Mind Control.” Continue lendo no Boombap-rap

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Festas

kitsch_-_FUNKSTERS

A proposta da Funksters é resgatar as raízes da música negra. Soul, funky, hip-hop, breaks, deep-funk, neo-soul e tudo mais relacionado à verdadeira black music. Sons de qualidade pra dançar, ouvir e se divertir.

Estréia dia 11 de dezembro, quinta-feira, às 23hs.

Dj’s:
Tamenpi
King

Warm-up:
Don Black

Preços: R$ 20 (homem)/ VIP (mulher)

mandar nomes para o e-mail: sopedrada@gmail.com

Sem lista:

R$ 40 (homem)
R$20 (mulher)
Kitsch Club
Rua Vergueiro, 2676
Produção:
Guigo Chocolate & Adriana Recchi

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BATTLE BEATS BR | SP
(a festa da ultima eliminatória do ano para a final de 2009)
12.12.08 – sexta no CCPC – Consolação – SP

Visando a valorização do meio, profissionalisação e a divulgação da cultura dos “Beatmakers” (”fazedores de batidas” ou produtores de instrumentais), que a Battle Beats Br nasceu idealizada pelo produtor Dheeny em 2008. Esta será a 6ª edição que acontecerá dia 12 de dezembro no CCPC (Centro Cultural Popular Consolação) organizada pela produtora Elza Cohen em parceria com Diamantee e Dheeny. Além da batalha, a festa será animada com shows de Slim Rimografia e Rincon Sapiência e ainda os djs Riska, Sleep e William(Contra Fluxo) comandarão a pista.

Apresentação: Slim Rimografia, Dheeny e Diamantee

Show: SLIM RIMOGRAFIA – http://www.myspace.com/slimrimografia

Abertura: Rincon Sapiência – http://www.myspace.com/rinconzl

Dj´s : Sleep (ZoeiraSP) – http://www.myspace.com/sleepdj

DJ Willian (Contra Fluxo) – http://www.myspace.com/djwillian
Dj RISKA

8 participantes irão batalhar nesta 6ª Edição:

SALA 70 – http://www.myspace.com/sala70
GUSTA – MUCAMBOBEATS – http://www.myspace.com/djgustarhymes23
DJ SOARES – http://www.myspace.com/suite702
DUENSA – http://www.myspace.com/djduensssa
ANDREI – http://www.myspace.com/misteriosbeat
LTA – http://www.myspace.com/beatsltaa
NEFA$TO – http://www.myspace.com/nstudios
RUMP – http://www.myspace.com/rumpt

Local: CCPC Rua da Consolação, 1897 – (Metrô Consolação) 2592 3317 – http://www.ccpc.org.br
12.12.08 (sexta) ás 23h
Preço: R$15, e R$10, com flyer ou nome na lista (elza.cohen@gmail.com)
Mulher FREE ate meia noite.


Sobre Talib Kweli

talib-kweli-in-stairs

Por: Felipe Schmidt – Boombap

Talib Kweli é um dos maiores nomes do Rap americano atualmente. Com grandes álbuns em seu currículo e tendo trabalhado com vários pesos pesados da indústria artística dos EUA, ele conseguiu fãs em todo mundo, inclusive no Brasil. É por isso que o emcee de 33 anos vem a São Paulo, nos próximos dias 13 e 14 dedezembro. Ele será a atração principal do Indie Hip-Hop, evento que terá lugar em Santo André. A equipe do Bocada Forte conversou rapidamente por e-mail com ele para saber um pouco sobre esse talentoso artista.

“Meu nome é Kweli e euadoro rimar, mano. Eu falo sobre amor e vida, mulheres, venham me conhecer”
Talib Kweli (“We Know, The Beautiful Struggle”, 2004)

O ano era 1998 quando, tomado de assalto pela primeira onda de sucesso do Sul – na forma de Master P e os “No Limit Soldiers” – e começando a entrar de vez na cultura popular americana, o mundo do Rap viu surgir uma dupla de emcees se auto-intitular“Black Stars”. Os jovens em questão eramDante Smith (Mos Def) e Talib Kweli. Junto com o DJ Hi-Tek, eles criaram um álbum que, dez anos depois, é considerado um dos clássicos do gênero. Numa época em que a maioria dos rappers seguia o caminho do pop já traçado por nomes como Notorious B.I.G. e Jay-Z, Talib e Mos voltaram aos tempos de “Native Tongues”, com rimas sobre afrocentrismo, comentários sociais, narrativas urbanas e o próprio Hip-Hop. No grupo, enquanto Mos Def assumiu as rédeas como o cara progressivo, Talib representava o lado mais lírico, mais raiz da dupla. Até hoje, os fãs clamam por uma sequência do clássico, algo que não é negado por Kweli: “Mos Def é meu irmão. Uma seqüência é sempre uma possibilidade”, afirma…

Continue lendo no Bocada Forte.

 

*Magus Operandi

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Parteum diz:

“Tá pra nascer…”

 

*Teremos mais informações sobre a sexta mixtape do beatmaker made in Vila Arapuá nos próximos dias, por enquanto acesse o blog do Parteum.


Imagens da festa Nike Custom Series III

Enquanto você confere as imagens do evento da Nike Custom Series III, ouça a oitava mixtape* do Per Raps, intitulada Sessions. Como sempre, você encontra sons das antigas e outros mais atuais. Enjoy!

mix_tape

1. De la Soul – Me, Myself and I;
2. The Cool Kids – Pump up the Volume (remix);
3. Lil’ Wayne – Whoever you Like;
4. A Tribe Called Quest – Check the Rhime;
5. The Knux – Hard Days Night.

*O site provedor da mixtape está fora do ar no momento.

 

Criança curtind as "trilhas" de Parteum (by Edgard Patrocinio)

Criança curtindo as "trilhas" de Parteum (by Edgard Patrocínio)

Skatista no obstáculo central da pista by Edgard Patrocinio

Skatista no obstáculo central da pista by Edgard Patrocinio

Casa cheia (E. Ribas)

Casa cheia (E. Ribas)

by E. Ribas

by E. Ribas

Garoto na session de skate antes do show

Garoto na session de skate antes do show by Edgard Patrocinio

Secreto, Alex "The Manager", Suissac e Parteum (E. Ribas)

Secreto, Alex "the Manager", Suissac e Parteum

by Edgard Patrocinio

by Edgard Patrocínio

by E. Ribas

'Move' by E. Ribas

by E. Ribas

'Move II' by E. Ribas

Parteum, Suissac e Secreto no palco (E. Ribas)

Parteum, Suissac e Secreto no palco (E. Ribas)

Você curte a festa Jazz it Up!, que rola quinzenalmente no Studio SP? Então ajude a elegê-la como Melhor Projeto de Festa de 2008 pela Folha de São Paulo!

Vote aqui.

“Tendo o jazz como plataforma e ponto de partida, o projeto Jazz It Up! traz ao palco do Studio SP, no dia 9 de dezembro (terça), o trio Lumina, formado por Sizão Machado (baixo), Fábio Fernandes (bateria) e Johny Murata (guitarra), apresentando composições de seu álbum “Project”, lançado recentemente.

Idealizado por veteranos da música brasileira, o trio, que se utiliza de uma sonoridade voltada para o free-jazz e fusion, soma na trajetória de seus integrantes passagens pelas bandas de Elis Regina, Djavan e Hermeto Pascoal, além de apresentações ao lado de Chet Baker, Chico Buarque, Airto Moreira, Milton Nascimento e Randy Brecker. Em edição especial, logo após o show do trio Lumina, haverá show de B.Negão e os Seletores de Frequência.

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Studio SP/ Rua Augusta, 591 – Centro
Tel: 11 3129-7040
R$ 10 com nome na lista (studiosp@studiosp.org) ou R$ 20 na porta
Informações, sugestões e envio de material no
 jazzitup08@gmail.com


Parteum + festa Nike Custom Series

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Depois de passar por Curitiba e Novo Hamburgo, a série de eventos de lançamento do Brasil Custom Series III termina neste domingo, dia 30 de novembro, em São Paulo. Fabio Cristiano a.k.a Chupeta leva suas manobras e seus produtos para o Skate, no Real Parque. 

O evento será aberto ao público e contará com skate sessions, churrasco e cerveja. A música fica por conta de DJs locais e pocket show com o MC e beatmaker Parteum, que produziu uma música para cada um dos atletas Nike SB.

Festa Nike Custom Series com Parteum em Sampa
Domingo, dia 30 de novembro, a partir do meio-dia
Skate Park: R. Ministro Nelson Hungria, esquina com a R. George Eastman Bairro Real Parque – São Paulo/SP
Site oficial: nike custom series III
 
Confira informações sobre as produções de Parteum:
 
O Código de Hamurabi (Song#1: Fabio Cristiano) 2’37” 
Esse tema representa a figura mística de Shamash, deus do sol. Quem conhece o Fabio sabe que a energia que emana do menino não é pouca. Shamash também é conhecido como deus-sol da Babilônia. Construí a batida imaginando um rolê de Shamash com Fabio pelas ruas de SP. Dei o nome de “O Código de Hamurabi” por saber que existem leis rígidas entre o Fabio e seu skate, há um nível de comunicação incomum entre os dois. No código, Hamurabi conta com a ajuda do deus-sol para fazer justiça. Aqui o som simboliza a aliança entre o Sol e um homem livre. Tudo magnificamente marcado pela participação especial de Beto Repinique

A Pilha Alcalina (Song#2: Cezar Gordo) 2’17” 
Pilhas alcalinas sempre fizeram a alegria de skatistas pelo mundo. Os iPods tem baterias internas, mas nos anos 90, para assegurarmos que teríamos música por toda a sessão, comprávamos pilhas alcalinas para energizar walkman e CD Player. Se me lembro bem, uma das minhas primeiras conversas com Gordo tinha a ver com isso. Ele estava com Chaves num estacionamento na Hawthorne (Torrance, CA), e eu voltava de uma loja de discos. Nem sei se ele lembra, mas eu tinha comprado um super pack de pilhas alcalinas, e o moleque não parava de andar de jeito nenhum. 

A Recordação (Song#3: Rodrigo Petersen) 2’56” 
Perdemos um grande amigo e DJ em setembro. Quando comecei a pensar no tema do Gerdal nos falamos, e ele expressou a vontade de homenagear o DJ Primo de alguma forma. Ambos são de Curitiba, eram amigos… Pensei num tema leve que representasse a calma do Primo nos toca-discos e a leveza do estilo de skate do Rodrigo. Uni à isso o peso da bateria do Vander Carneiro, um dos caras que ajudou a definir a plástica do Rap Nacional. Missão cumprida. 

Continue a leitura no blog do Parteum.


Emicida na Zoeira Hip Hop SP

Neste último sábado (25), o Emicida a.k.a Leandro Roque de Oliveira, subiu ao palco do Zoeira Hip Hop/SP, na Hole Club para mostrar seu trabalho. Contando com o apoio de Kamau nas rimas, o MC empolgou o público que compareceu fazendo um ótimo show. Teve tempo para mais participações especiais: Rashid e Projota, que junto do Emicida fazem parte do “Na Humilde Crew“. As fotos são da fotógrafa e produtora Elza Cohen.

As rimas de Emicida deixam o público de boca aberta

As rimas de Emicida deixam o público de boca aberta

O show teve participação especial de Rashid (à esq. ) e Kamau

O show teve participação especial de Rashid (à esq. ) e Kamau

O Kamau (à esq.) fez o apoio e rimou Kombwe com Emicida

O Kamau (à esq.) fez o apoio e rimou Kombwe com Emicida

Rashid, Kamau e Emicida na rima
Rashid, Kamau, Projota e Emicida fazendo um freestyle

E para quem puder curtir um show hoje, segue o serviço.

Hoje tem Parteum, Secreto e Suissac no Tapas Club

Hoje tem Parteum, Secreto e Suissac no Tapas Club

Questionable Party @ Tapas Club
Quarta-feira, 29/10, a partir das 00h
Entrada free até às 21h/ Após R$ 15 na porta e R$ 10 na lista (lista@tapasclub.com.br)
Rua Augusta, 1246 – Jardins – SP/SP
11 2574 1444
São Paulo – SP


Agenda do meio de semana

Hoje tem mais uma festa do Jazz it Up! no Studio SP

Hoje tem mais uma festa do Jazz it Up! no Studio SP

Nesta terça, 21, rola mais uma edição do Jazz it up!. A festa foi idealizada pelo MC Akin e a promoter Indayara Moyano, que tinham a idéia de diminuir as distâncias do público e dos músicos com o jazz. Isso pois esse estilo musical já há um tempo vem sendo considerado elitizado. A presença de um MC no palco também permite uma ótima interação. “A idéia é favorecer uma conversa entre o jazz e outros estilos”, explica Akin a respeito da inclusão de um mestre de cerimônias no projeto.

A festa antes ocorria uma vez ao mês, mas agora é quinzenal. Muito disso se deve a seu sucesso, já que todo Jazz it Up! tem um bom público, que costuma ouvir música de ótima qualidade. Quem se encarrega da discotecagem é o Dj Mako e também há uma selecta do Akin. Já participaram desse evento nomes como Trio Esmeril, Edu Visconti, Marcelo Cabral, Dj Marco e os MCs Kamau e Thiago Rump.

Jazz it Up! no Studio SP
Terça, dia 21/10, a partir das 23h
Preço: R$ 20 na porta e R$10 na lista
Rua Augusta, 591 – Centro – São Paulo/SP
Tel.: 11 3129 7040

Mostra Bits - Olhar Sonoro

Mostra Bits - Olhar Sonoro

Você curte workshops? Então não pode perder o de Spoken Word e Rap com o MC Akin e o de Produção Musical com o produtor e também MC, Parteum. Tudo isso ocorrerá em meio a várias outras atividades como exposições, pocket-shows e debates no Coletivo Galeria, na semana que vem. Vale a pena conferir!

Mostra BITS – Olhar Sonoro no Coletivo Galeria
De 27 a 31/10, a partir das 20h
Abertura, coquetel e pocket show com Rob Mazurek no dia 27/10, também às 20h.
Rua dos Pinheiros, 493 – Pinheiros – São Paulo/SP
Entrada franca

Ps.: As inscrições para os workshops devem ser feitas até o dia 27/10 aqui.


Per Raps recomenda!

Parteum e o Dj Suissac

Parteum e o Dj Suissac

Você está chateado porque vai ter que votar nesse domingo (05) e perder seu precioso tempo por governantes que vão se envolver em escândalos projetos em prol da cidade e desvios de verba ótimo aproveitamento da verba pública ? Disso não vai ter como fugir, mas depois que você cumprir com o seu dever de cidadão poderá ver um show de rap de qualidade, com batidas bem elaboradas e idéias refinadas.

O produtor e MC Parteum (a.k.a Fábio Luiz) volta a se apresentar depois de um tempo longe dos palcos. Originário da Vila Arapuá, em São Paulo, o rapper primeiro se dedicou ao skate e nos dias de hoje tem a sua atenção voltada para a música, e mais especificamente, o rap. Parteum, que é também integrante do grupo Mzuri Sana juntamente com Secreto e o Dj Suissac, já lançou cinco mixtapes: Raciocínio Quebrado MixCD, Patrocínio Quebrado, Entressafra, Ergo e Meditatio.

Ele foi um dos idealizadores da coletânea Direto do Laboratório, marco no rap alternativo brazuca. O também beatmaker já produziu artistas como Nação Zumbi, Tom Zé, Rappin’ Hood, MV Bill, Fernanda Porto, Zélia Duncan e Ed Motta. Em 2005, lançou o trabalho-solo Raciocínio Quebrado e hoje trabalha em um segundo álbum.

É possível perceber a idéia diferenciada do MC no seu discurso. “Só falar o que está errado não basta. É preciso apontar caminhos”, disse Parteum (que quer dizer parto, em latim) sobre a cena atual do rap em entrevista concedida em 2005 para o iG Pop. Antes dele, sobem ao palco os grupos Banddu, Ca Ge Bê, Pentágono e Elo da Corrente. O evento vai rolar no Centro Cultural da Juventude, no projeto CCJ Independente.

Domingo, 5/10, a partir das 14h.
CCJ (Centro Cultural da Juventude), show grátis.
Avenida Deputado Emilio Carlos, 3641 – Zona Norte de SP
f: (11) 3984-2466

E a partir de hoje, o Per Raps fará uma seleção de músicas para que você possa ouvir nossas dicas sonoras! Agora quando você ver a Agenda da Semana, perceberá que no fim do post vai ter uma fitinha mixada, a Per Raps Mixtape*!

A princípio vai ser para curtir no fim de semana, mas isso não impede que você a ouça quando bem entender, certo? Certo! Não necessariamente será só de rap, por isso não tem como prever o que você poderá ouvir. Esperamos que seja do agrado de todos!

Parteum – “Rap sem venda”
http://raps.podomatic.com/enclosure/2009-01-14T15_36_53-08_00.mp3″

*O site provedor da mixtape está fora do ar no momento.