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Jay Dee mudou minha vida (1974-2006)

Lembrando de DillaE. Ribas

No dia 10 de fevereiro de 2006, James “Dilla” Yancey partiu. Lembro que foi com essa frase que iniciei o segundo post de uma série de três feitos em 2009 para o Per Raps. Não sei até hoje como consegui escrever textos tão longos para internet, já que costumeiramente eles são mais curtos, ainda mais pra blogs!

No entanto, relembrando as entrevistas lidas da gringa e feitas com representantes do Hip Hop nacional, percebi que o material reunido foi de grande qualidade e extrema importância. Não teria sentido então buscar novidades, e sim trazer o que achei de mais interessante para apresentar aos leitores que já viram esse post, mas também para aqueles novos leitores que não tiveram essa chance.

Confira um trecho do post da parte três desse especial, que trouxe feras como ParteumKamau, Munhoz, Rodrigo Brandão, Rump, Dj Nuts, DJ Tamenpi, Nave e o fã de Dilla e admirador da cultura de rua, Daniel Sanchez. Esse texto fala sobre o Jaylib, trabalho de J-Dilla com seu parceiro Madlib, além da passagem dos dois pelo Brasil.

A passagem de Dilla pelo Brasil

Para falar da vinda de J-Dilla ao país é preciso se abrir um parênteses nesta história. Você conhecerá um pouco melhor da parceria do produtor e MC com outro companheiro de funções, Madlib, no trabalho denominado Jaylib.

Jaylib – “Champion Sound”

Jaylib – Ao Vivo 2004

http://stonesthrow.com/jukebox/jaylib-live-2004.mp3″

O disco começou a ser idealizado a partir do momento em que Madlib rimou em uns beats do Dilla, que estavam em uma fita do Dj J Rocc. Isso chegou aos ouvidos de Dilla, em Detroit, que perguntou: Quem é esse cara rimando nos meus beats? Como Dilla já conhecia Madlib, entrou em contato. A partir daí, a parceria se concretizou. O MC paulistano Kamau comenta especialmente sobre a parceria entre Dilla e Madlib, que na opinião dele, não poderia dar errado. “Dois dos maiores sampleadores das mais diversas fontes se unindo pra fazer música. Claro que o resultado seria esperado e cabuloso! Nada mais apropriado que o nome do disco: Som de Campeão”.

O mais curioso em “Champion Sound” é a produção de metade dos beats pro Madlib com rimas de Jay Dee e outra parte com rimas de Madlib e beats de Dilla. O álbum foi lançado oficialmente em 2003, e serviu para firmar a parceria que aconteceu em dois pontos específicos: Detroit (Dilla) e Los Angeles (Madlib). Eles adotaram um sistema de gravação de trilhas e compartilhamento dos arquivos a distância, o que agilizou o processo de produção.

Nave é direto na opinião sobre o álbum. “É aquela parada que quando ouve-se os samples você manda o tradicional ‘filha da p…!’!”. Ele aproveita para confessar a importância dessa parceria para ele, além do que ela de fato representou. “Ouvi muito, volta e meia ouço. Acho que foi o encontro da amizade com uma dose bem grande de insanidade e genialidade”, conclui.

Jaylib na pista por Mr. Mass/França (via Stones Throw)
Jaylib na pista por Mr. Mass/França (via Stones Throw)

Mas o segredo para o sucesso vai além, na opinião de Kamau. “Admiração e respeito. Dois dos melhores produtores a pegar o microfone, na minha opinião. Estilos únicos se complementando em batida e rima”. A relação entre o som produzido na parceria Jaylib ultrapassa barreiras da relação com a música. “Sou muito fã dos dois e já conversei com um deles. Mas mesmo assim ambos mudaram minha vida. Se o rap é minha vida, mudaram mesmo!”, completa. Munhoz confessa que a parceria Dilla/Madlib lhe rendeu boas lembranças. “O Jaylib, me lembra o DJ Primo, foi um disco que ele tocou muito, que ele gostava muito, e que me remete a uma época boa da minha vida”.

(Fecha parênteses)

De volta à história, o responsável por trazer Dilla ao Brasil foi Rodrigo Brandão. No entanto, essa não é uma tarefa nova para ele, que traz as atrações do Indie Hip Hop, além de alguns outros artistas para se apresentarem ao longo do ano. Quem relata a história, é o próprio Rodrigo. “A coisa rolou por conta da Primeira Mostra De Filmes Hip Hop De São Paulo, em 2005. O Keepintime* tava na programação, e o B+ era o diretor convidado. Como o Madlib participa da fita, surgiu a idéia e a oportunidade de trazê-lo pra se apresentar na festa de abertura do evento. É pública a timidez e notória a aversão por palcos do Loopdigga, então já foi uma surpresa ele topar fazer o show. Quando a Suemyra* escreveu dizendo que apesar de estar com a saúde frágil, o Jay Dee viria junto, pra realizar o sonho de conhecer o Brasil, e que então tratava-se do Jaylib ao vivo, nossas expectativas ficaram ainda maiores!”

No entanto, a apresentação acabou não se concretizando. Para o fã de Dilla, Daniel Sanchez, a expectativa no dia era grande. “Eu lembro que eu encontrei o (Dj) FZero na porta e disse: veio ver o Madlib? Ele: nada, vim aqui pra ver o J-Dilla!“. O Dj Nuts foi um dos que chegou a ter contato com Dilla em terras brasucas e conta como foi. “Meu contato com ele foi breve. Ele descobriu no Brasil que estava doente e teve que ir embora no dia de sua apresentação! Ele nem tava tão animado quando foi comprar disco e também para comer”.

J-Dilla e Madlib apresentando o projeto Jaylib, por Scott Dukes
J-Dilla e Madlib apresentando o projeto Jaylib, por Scott Dukes

Quem segue contando a história, é Rodrigo. “Na véspera do acontecimento ele passou mal, teve que ser hospitalizado aqui e só pode ser transferido pro centro médico interno do LAX (aeroporto de Los Angeles) depois que o doutor brasileiro falou com o enfermeiro-chefe de lá e com o médico particular do ‘Mr. Yancey‘, devido à gravidade da doença dele. Durante os dois dias e pouco em que esteve aqui, pouca gente encontrou com ele, mas quem viu não esquece”. Parteum teve essa chance por meio do próprio Rodrigo Brandão, que o chamou para conhecê-lo. “Troquei idéia, entreguei vinil, mixtapes. O Madlib me trata bem, quando me encontra, por conta daquele dia”.

“No fim, o Madlib subiu acompanhado apenas pelo Dj Eric Coleman, e fez um show que até hoje divide opiniões: alguns amaram, outros se decepcionaram. Mas a verdade é que não deve ter sido nada fácil pra ele encarar a parada preocupado, sem o parceiro que, vale ressaltar, era um monstro no palco”, pontua Rodrigo Brandão. Apesar de ter gostado da apresentação de Madlib, foi difícil para Daniel Sanchez esconder a decepção por não ter visto seu ídolo no palco. “Fui no show, no palco avisaram que ele teve que voltar“. No fim das contas, o estado de saúde de Jay Dee o impediu de aproveitar a passagem pelo Brasil. “Por aqui ele ficou no quarto de hotel fazendo fumaça e comendo pizzas”, comenta o Dj Nuts.

Dilla voltou para os Estados Unidos, foi internado e por lá ficou. Chegou a produzir músicas em seu quarto no hospital, e inclusive finalizou o álbum “Donuts” neste mesmo lugar. No dia 10 de fevereiro de 2006, James “Dilla” Yancey partiu. Para aqueles que o consideravam, ficou a boa lembrança e o respeito. Além disso, restaram as homenagens. Tamenpi conta o que rola nos Estados Unidos e fala também sobre os discos clássicos de Dilla que disponibiliza em seu blog todo ano. “Sempre na semana que faz anos da morte do cara, rolam várias festas nos Estados Unidos, só com os caras que colavam com ele. E vê-se uma movimentação no mundo todo em lembrar do cara. É aquilo, o maluco virou uma lenda no hip-hop. Eu homenageio no blog porque é uma forma de deixar os discos do cara sempre por ali, pra quem quiser, baixar. Porque vale a pena pra car%#@!”.

O reconhecimento também serve para se manter a memória dessa lenda. “Penso que se algum dia o rap se levar a sério ao ponto de termos um museu, o nome de James Dewitt Yancey tem de estar lá. Ele trabalhou para que falássemos de Jazz, Stereolab e Busta Rhymes na mesma sentença. Ele trabalhou para que os beats fossem mais cheios, para que mudanças de tempo fossem populares em rap. Trabalhou com Daft Punk bem antes de Kanye West. Ajudou na construção de diversos álbuns clássicos. O legado é inegável”, diz Parteum.

O fã Daniel Sanchez publicou dois vídeos em homenagem a Dilla, que tiveram milhares de visitações do Brasil e do mundo. “Quando criei os vídeos, um em homenagem e o outro um remix, não imaginava a repercussão que teria. Pude ter uma dimensão real da importância do músico pro mundo do hip hop. Quando digo ‘mundo do hip hop’ me refiro ao planeta Terra como um todo”.

O Dj Nuts prestou uma homenagem que se tornou famosa no mundo inteiro. Recriou em uma apresentação do Brasilintime, a versão brasileira do Keepintime*, o beat de Runnin’, do Pharcyde, e com produção de Dilla. Isso faz lembrar a importância de Dilla para Nuts. “Ele foi um dos primeiros a usar música brasileira em seus beats. O uso de Stan Getz com a música ‘Saudade vem correndo’ acabou sendo o tema que reconstruímos para a noite do Brasilintime ao lado do Dj Primo e o Pupillo (baterista do grupo Nação Zumbi)”.

Caso J-Dilla ainda estivesse vivo, provavelmente estaria na ativa, segundo Rodrigo Brandão. “Sem dúvida, o Dilla é um dos artistas mais talentosos, inovadores e criativos que já pisaram na Terra, então me parece claro que ele estaria emanando música boa sem parar!”. Munhoz também é da mesma opinião – “Com certeza estaria fazendo música! Morreu fazendo música”. Já o curitibano Nave, aposta que ele elevaria o nível do rap. “Seria melhor porque teria mais rap bom sendo feito, mais classe, mais originalidade”. Tamenpi ressalta o amor de Dilla pelo que fazia. “Acho que estaria vindo pedra atrás de pedra. Ele era fo%@! E não parava, amava muito o que fazia”.

De segmento, ficam as bases que surgem a cada dia e são creditadas a Dilla, além do trabalho do jovem Illa J. Nave tem gostado do que ouve do garoto. “Tenho ouvido, e muito. Tem gosto de nostalgia, é algo como ‘O estilo clássico Jay Dee nos beats’”. O produtor e MC, Rump, faz uma análise completa. “Gostei do disco do Illa J, mesmo do EP anterior, que ele mesmo produziu a maior parte dos beats. Acho que ele tem que ter cuidado para não fazer a carreira em cima do nome do irmão, mas acho ele talentoso, assim como tantos outros caras de Detroit (Dwele, Elzhi, Guilty Simpson, Black Milk, Waajeed). Detroit é a cidade de onde mais parece vir coisa nova e de qualidade hoje, e a sonoridade tem muito a ver com o que foi criado pelo Dilla”.


Conheça o rap de Curitiba, a “cidade zero grau”

Cabes é um dos principais representantes da nova safra do rap curitibano (Divulgação)

Cabes é um dos principais representantes da nova safra do rap curitibano (Divulgação)

“Manguebeat versão moleton” – Parte I

A cidade de São Paulo é considerada o berço do rap nacional. Não à toa, claro, já que foi batendo latas na estação São Bento do metrô, na capital paulista, que o rap brasileiro começou a dar seus primeiros passos, em 1985. De lá para cá, mais de 20 anos se passaram e a cidade seguiu como grande referência quando o assunto é ritmo e poesia no Brasil. Nesse meio tempo, porém, artistas de outras regiões se destacaram e conseguiram dividir a atenção dos holofotes com a capital paulista.

Foi assim em Porto Alegre (RS), com o Da Guedes; no Rio de Janeiro (RJ), com MV Bill e o rap irreverente trazido pelos integrantes do Quinto Andar; em Brasília (DF), que conta com representantes como GOG e Viela 17, e possui uma cena muito forte; no Nordeste, com grupos como o Faces do Subúrbio, Clã Nordestino e, mais recentemente, Costa a Costa e Inquilinus. E agora, chegou a vez de outra cidade integrar a ‘elite’ do rap nacional: Curitiba, no Paraná, também conhecida como a “cidade zero grau”.

Os beatmakers

Cabes, Cilho, Dario, Nave, Nel Sentimentum, Spektrum… Se você não acompanha a cena do rap alternativo, então provavelmente ainda não ouviu falar de nenhum ou da maioria desses nomes. E, sinceramente, pode ser que nem venha a conhecê-los. Isso porque eles são alguns dos ‘operários’ do rap, aqueles que trabalham na construção das músicas que chegam aos seus ouvidos. No rap, eles são conhecidos como beatmakers (“fazedores de batidas”) ou produtores.

Pois bem, todos os nomes citados acima são de beatmakers oriundos de Curitiba. De alguns anos para cá, esses e alguns outros produtores da cidade, influenciados principalmente pela escola de Dj Premier, Pete Rock e J. Dilla, ganharam visibilidade ao terem seus beats lançados em discos de diversos artistas paulistanos, como do Contra Fluxo, Dj Caíque, Emicida e Kamau. Mais recentemente, porém, alguns deles conseguiram feitos bem mais impressionantes, que reservam ótimas expectativas quanto ao trabalho dessa turma no futuro.

Nave, que também é integrante do grupo Savave, foi quem deu a tacada mais certeira. É ele o autor do instrumental de “Desabafo” (Deixa, deixa, eu dizer o que penso dessa vida…), hit de Marcelo D2 que ficou entre as músicas mais tocadas do ano passado e continua sendo um sucesso nas pistas do país. “Felizmente tive a graça de emplacar esse hit com o Marcelo, o que me possibilita atualmente viver de música, mas principalmente me dá novas oportunidades pra seguir trampando”, afirma ele, que finalmente pôde largar o emprego ‘chato’ que tinha para se dedicar exclusivamente ao seu trabalho.

Os outros não ficam atrás. Dario, um dos que mais se destaca atualmente, já produziu beats para expoentes do rap internacional, como Muneshine, Jazz Addixx e o português Valete. Outro beatmaker, Cabes, foi há pouco tempo um dos vencedores do Skyzoo “Strung Out” Remix Challenge , um concurso de remixes promovido pela Coalmine Records com uma música do MC nova-iorquino Skyzoo. “O prêmio foi eles colocarem a música pra vender no iTunes junto com o cd digital do Skyzoo. Ainda ganhei um lançamento pela Coalmine Records e a oportunidade de ter feito o remix oficial do disco”, afirmou Cabes. O download desse remix pode ser feito no illRoots .

E por que será que o trabalho desses caras está repercutindo tanto? Alguns deles explicam:

Cabes

“Acredito que seja devido ao fato de alguns de nós (eu, Cilho, Nave) termos iniciado juntos a produzir. Desde o início sempre tivemos uma confidência na troca de informações. Quando um descobria passava pro outro e vice-versa, e isso ajudou muito no desenvolvimento pessoal e artístico de todos nós. Como estávamos juntos, um tentava fazer algo diferente do outro, sempre de uma forma mais criativa, ou de um jeito totalmente inovador, justamente pra não ficar parecido, o que, inclusive, acontece até hoje.

Em seguida outras pessoas interessadas em compartilhar desses conhecimentos foram chegando, que é o caso do Spektrum, do Nel, Dario. E esse espírito de produção na verdade está cada dia mais intenso, isto é, não tem hora pra fazer som, toda hora é uma boa hora de produzir ou escrever ou algo relacionado. Às vezes produzo um beat, aí vou ligar pro Nave ou pro Dario pra contar sobre e os caras também tão na mesma, produzindo algo. É até daí que vem o nome do meu disco, ‘Todo dia é assim’, então já viu…”

Nel Sentimentum

“Acho que esse reconhecimento está sendo conquistado através da soma dos talentos. É mais ou menos aquele ditado: ‘A união faz a força’. Acho que nós, aqui de Curitiba, evoluímos bastante e muito rápido devido à nossa convivência. Sempre nos reunindo pra fazer som juntos, todo mundo indo na casa de todo mundo, repassando as informações, discutindo sobre música, vivendo a parada de maneira natural, mas sempre buscando a evolução e o profissionalismo”.

Dario

“Acho que antes de tudo, cada um estudou bem o rap antes de começar a fazer, para poder prezar na qualidade. A gente sempre trocou muitas informações , buscamos os mesmos objetivos com intensidade e muita dedicação, fazemos sessões de beats e rimas sempre que podemos, e acho que são fatores que contribuem também. O interessante é que, apesar de estarmos sempre juntos, cada um desenvolveu seu estilo próprio de produção, criando sua própria identidade. Isso é muito legal, estamos sempre na mesma sintonia, é louco”.

Nave

“Antes de qualquer coisa, vale ressaltar que o skate é muito presente no cotidiano da cidade, e com certeza isso se reflete na nossa música. Quanto ao destaque de alguns artistas daqui, se você buscar na raiz, vai ver que todos que são ‘comentados’ são muito amigos há anos, ou seja, crescemos nos influenciando e isso deve ter criado um padrão de qualidade entre a gente. Nós somos uma versão de moleton do Manguebeat cantando rap, guardadas as devidas proporções (risos)”.

-> Continue acompanhando o Per Raps para conhecer mais sobre o rap e a cena de Curitiba, que a cada dia ganha mais força no cenário nacional. Outras partes dessa matéria serão publicadas nos próximos dias.
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Exposição

Vai até o próximo dia 20 a exposição de stencil, Viva a vida stencivamente, na Tatooholic Custom, em Curitiba. Não Perca!

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Festas

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Hip Hop Casa Cheia com Cabes  e Kamau em Curitiba @ Z. Music Club
Endereço: Al. Augusto Stellfeld, 264, Centro – Curitiba
Telefone: (11) 2574-1444
Preço: Homens R$ 15,00 ou R$ 20,00 e ganha o CD “Todo dia é assim” / Mulheres R$ 10,00 ou R$ 15,00 e ganha o CD “Todo dia é assim”
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Festa de 40 anos Kl Jay

Kl Jay comemora seus 40 anos com festa no próximo domingo (9) (por Luiz Pires)

Kl Jay comemora seus 40 anos com festa no próximo domingo (9) (por Luiz Pires)

Uma seleção especial de Dj’s, contando com Silvinho, Grand Master Ney, Hum, Betão e César, e Dj’s que integraram equipes como Chic Show, Kaskatas e Zimbabwe, fazem parte da festa em comemoração aos 40 anos de DJ KL Jay.

Passou o tempo, mas o respeito prevalece. De lá pra cá, o contato entre eles passou por “trombadas” casuais em saguões de aeroporto, reencontros em hotéis de outras cidades, um telefonema aqui e ali para falarem sobre a adesão ou não às novas tecnologias. “Chamar esses Dj’s para a festa é também comemorar 20 e poucos anos de discotecagem, não só os meus 40”, enfatiza KL Jay, retribuindo tantos outros convites que lhe foram feitos pelos Dj’s que, no próximo dia 9, vão agitar a pista-de-dança da Joy, com meia-hora de seus sets cada um. Como manda o script, o Dj anfitrião fecha a noite.

Dj Kl Jay comemora 40 anos @ Joy Club
Endereço: Rua Deputado Lacerda Franco, 343
Informações: (11) 3813.3008 ou acesse http://www.joysoulclub.com.br
Entrada: R$ 20,00 (com flyer, R$ 15,00)

Aproveite e confira, no site Central Hip Hop, a edição número 7 da Revista Bocada Forte, onde o Dj Kl Jay é o personagem principal. As matérias dessa edição foram desenvolvidas pela equipe do Per Raps.


“Faixa a Faixa” – Non Ducor Duco por Kamau – Parte I

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Passados cerca de oito meses do lançamento de “Non Ducor Duco“, é chegado o momento de falarmos um pouco mais do álbum que foi considerado pela revista Rolling Stone um dos 25 melhores discos brasileiros de 2008. Inspirado em uma fórmula estrangeira, o Per Raps foi ao encontro de Kamau para fazer uma espécie de raio-x desse trabalho. O MC falou um pouco sobre a repercussão do disco (que você pode conferir aqui) e ainda falou sobre cada uma das faixas separadamente, para a alegria de seus fãs. Confira:

O ÁLBUM:

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Non Ducor Duco

O disco ia chamar Parte de Mim. Aí eu vi um anúncio de um disco em algum lugar com o mesmo nome e já desisti, não dava pra ser igual. Aí eu lembrei dessa frase, “Non Ducor Duco” (Não sou conduzido, conduzo), que é uma frase que eu sempre pensei e sempre gostei por ser o lema da cidade de São Paulo. Eu gosto muito daqui. Mesmo. E eu não consigo ficar longe daqui, eu me sinto à vontade em cidades parecidas com essa, mas aqui é o lugar que eu consigo ser o que eu sou. Tudo isso me fez lembrar a frase e pensar na força dela, porque agora era tudo na minha mão mesmo. Não que não fosse das outras vezes, mas agora eu não dependi da opinião de ninguém.

AS FAIXAS:

1 – (Escuto) Vozes
Eu pensei em vários jeitos de começar a contar a história, pensei em fazer só uma rima ou só um instrumental, mas cheguei à conclusão que não devia falar nada. Eu pensei nessa parada de “escuto vozes” porque eu escutei muita coisa antes de chegar nesse estágio da minha vida, no rap. O que também é um detalhe muito importante e quase ninguém fala é que as colagens que o Dj Willian usa são rimadas. Eu gostei muito de trabalhar com ele de novo, já tinha feito a mixtape Sinopse com ele. O Primo ia fazer essa introdução, mas ele estava muito ocupado na época e ele mesmo achou que não ia conseguir encaixar bem as frases, eu tinha separado várias já. Aí falei com o Willian, ele se empolgou e encaixou tudo muito bem.

2 – Só

Tinha uma primeira versão, com a produção do Dj Zinco, que era pra ter saído na mixtape da A-Place. Aí eu falei pra ele que ia pôr no meu disco, ele até pediu pra eu esperar a mixtape, mas ela não saiu até agora, né Maurício? (risos) Então eu quis fazer a minha versão e complementar, acho que ela tem bem a ver com o meu disco. A letra tinha sido feita faz um tempo e eu complementei uma parte só pra essa versão, uma parte um pouco mais atual.

A produção dessa faixa é minha, eu produzi mais algumas faixas desse disco, mas nunca produzi muito pra fora, pra outras pessoas. Produzi o disco do Simples, algumas músicas com o Consequência, mas não faço muita batida pra fora. Eu gosto de produzir, mas não consigo chegar onde eu quero, sou chato. Então não tenho essa coisa de preferir rimar nas minhas produções. Se eu pudesse fazer um disco inteiro com o Parteum e o Nave, eu faria…

Agora que eu to me sentindo mais produtor porque eu consigo dar palpite musical pras coisas, consigo direcionar um músico pra tocar o que eu quero na minha música, e acho que isso que é ser produtor de verdade.

3 – Evolução na Locução

A idéia da rima é falar da minha evolução. Eu vou falando de uma evolução mais genérica na primeira parte, depois de estar dentro de um grupo e da carreira solo. E depois, na segunda parte, o que muita gente ainda não percebeu é que eu rimo com todos os nomes das músicas do Consequência. E ainda tem o nome do Prólogo no final…

Eu queria agradecer o Dj Suissac, do Mzuri Sana, pela base dessa música. Me sinto honrado de ser o primeiro a ter uma base dele, é a primeira que ele faz pra fora do Mzuri. Ele é bom, “Era uma vez três” é um clássico e a base é dele.

4 – Parte de Mim

O Parteum me mostrou a primeira base pra esse som durante uma sessão com o Pep Love e o Casual, do Hieroglyphics. Ele estava mostrando umas bases pros caras, aí eu comentei que ia fazer o disco, ele mostrou uma base que eles não quiseram e eu falei que queria ela pra mim. Eu cheguei até a gravar ela, mas a sessão se perdeu. Aí quando eu fui gravar a versão pra esse disco, ele encontrou a sessão, mas eu falei que queria uma nova e nós gravamos de novo.

A idéia da letra tem um duplo sentido: ‘parte de mim’, de ser um pedaço de mim, e ‘parte de mim’, das coisas que partem da minha iniciativa, da minha vontade, ou as rimas que saem de mim.

5 – Não acredite se quiser
Eu sentia a necessidade de expressar minha opinião sobre esses assuntos (mídia, história e religião) e chamar um pouco a atenção pra isso. Eu vejo muita gente abraçando a idéia, com explicações vagas sobre alguns temas, mas a gente têm a opção de não acreditar, de não escolher certas coisas. Eu sei que é fácil falar quando se está de fora, quando a gente não sabe a situação da pessoa que escolheu, que abraçou aquilo.

Muita gente fala: “na televisão passam coisas que alienam as pessoas”. Eu já assisti novela, ta ligado, hoje nada mais daquilo me chama a atenção. Mas eu sei o que aquilo quer dizer, eu não vou acompanhar a novela e fazer tudo que ela falou que é legal ou que não é legal. Eu já tenho minha opinião sobre várias coisas do mundo, a novela não vai mudar minha opinião radicalmente, não vai formar a minha opinião. Tem coisas que eu posso tirar de positivas também.

Agora a gente têm a internet pra buscar a informação, mas ao mesmo tempo tem muito lixo na internet. As pessoas falam: “não, mas eu vi na internet!” E daí que você viu na internet? Qualquer um coloca qualquer coisa lá. Então as pessoas têm que ter um filtro. É sua experiência de vida que vai formar sua opinião.

6 – Porque eu rimo

Os MCs que eu convidei são aqueles que estavam mais próximos de mim no momento e que eu achava que tinham alguma coisa a dizer. A maior ausência nesse som é o Rick, que eu queria que tivesse participado dessa também. A idéia da letra é bem simples e o que eu falo no começo né, são os motivos de rimar de cada um.

7 – Vida
Eu perdi um parceiro, chamado Skitter, que é aliado dos meninos do Primeira Função também. No meu aniversário eu fiquei sabendo que ele tinha se suicidado. Foi a primeira pessoa próxima da minha idade que eu perdi, e depois disso eu perdi mais dois primos, um assassinado e outro que sofreu um acidente de moto. Um era da minha idade, o outro era o meu primo mais novo, e foi uma parada muito estranha. A gente vê as pessoas mais velhas passando pra outra fase pelos mais variados motivos, mas geralmente é porque elas já viveram bastante, e essas pessoas ainda tinham muita coisa pra viver.

Eu não queria fazer um som lamentando a morte deles, mas queria celebrar a vida deles e ao mesmo tempo me perguntar algumas coisas, então eu fiz como se fosse uma conversa com eles. E ao mesmo tempo que a gente perde algumas pessoas, outras nascem todos os dias. E na terceira parte eu falo disso…eu não vou ser pai ainda, mas eu fiz pra um filho ou uma filha que vier. Eu acho da hora aquela música do Xis, ‘Tudo por você também’, e aí quando o filho dele nasceu ele colocou o nome que já estava na cabeça dele, que era Joshua. Eu acho legal eu poder mostrar isso pra um filho ou pra uma filha e falar: “essa música eu fiz pra você antes de te conhecer”.

Emicida, Jeffe e Kamau no Indie Hip Hop 08' por Ênio César

Emicida, Jeffe e Kamau no Indie Hip Hop 08' por Ênio César

8 – Equilíbrio

O que eu mais busco equilibrar na minha vida é entre o que eu quero e o que eu preciso. Muitas vezes a gente precisa de alguma coisa que a gente não sabe, e muitas vezes a gente quer uma coisa que a gente não precisa. É exatamente isso que eu falo: vontade e necessidade; responsabilidade e felicidade. É isso que eu tento equilibrar, tudo isso aliado à minha carreira.

9 – Instinto
É a primeira música que eu escrevi quando entrei no Instituto. Ela tem duas partes com o Instituto e uma terceira parte que eu escrevi pra esse disco. Eu acho que é uma letra meio de MC, que a gente escreve meio no instinto mesmo.  É tipo uma letra de exercício, que você vai colocando a idéia no papel e ela vai fluindo. Mesmo assim, ela não deixa de ter uma conclusão. Já tinha na segunda parte e agora ficou bem mais claro com a terceira parte. A base é minha e do Primo.

(Continue acompanhando o Per Raps, a segunda parte sai nos próximos dias).

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Festa

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Para quem fica em Sampa neste feriado, uma boa dica é colar na festa da Colex, que levará ao palco o grupo Mzuri Sana. O trio formado por Parteum, Secreto e o DJ Suissac, (com 10 anos de carreira, dois álbuns lançados pela gravadora Trama, diversas apresentações pelo Brasil, além de um DVD no forno) inaugura neste sábado (11), a noite Colex: Edição Hip-Hop.

O trio mostra composições dos dois álbuns, “Bairros Cidades Estrelas Constelações” (2003) e “Ópera Oblíqua” (2006), além de visitar composições da carreira solo do MC/Produtor Parteum, conhecido por trabalhar com gente de peso como Ed Motta, MV Bill, Rappin’ Hood, Nação Zumbi e Tom Zé, entre outros”. A responsa da apresentação do show fica com o Kamau, já a discotecagem será do DJ Willian (Contra-Fluxo).

Colex Edição: Hip-Hop com Mzuri Sana
Data: 11 de abril, sábado, às 23h
Hole Club – Rua Augusta, 2203 – Jardins/SP
Ingressos: Mulheres vip até 00:30 após R$10
Homens R$12 nome na lista/flyer ou R$15 sem nome/flyer
Censura: 18 anos/Lotação: 400 lugares
Informações: (11) 3224-9730 ou listacolex@gmail.com
Site: www.mzurisana.com

Venda de camisetas e CDs no evento


Contra Fluxo – SuperAção (2007)

Capa do disco SuperAção, do Contra Fluxo, lançado no final de 2007

Capa do disco SuperAção, do Contra Fluxo, lançado no final de 2007

Por diversas vezes, os nomes de bandas e grupos, criados no início de suas carreiras, pouco dizem sobre a obra desses artistas tempos depois desse começo. Às vezes o nome, que foi criado só para que existisse um, se torna simplesmente uma marca. Porém, em alguns casos pontuais, o nome representa toda a essência de determinado artista. É o caso do grupo paulista Contra Fluxo. Desde quando foi formado, em 2003, o fluxo convencional seguido pelos outros nunca foi o escolhido pelos seis integrantes do grupo.

As diferenças já podem ser notadas logo de cara, na formação do Contra Fluxo: quatro MCs e dois Djs. Isso mesmo, dois, no melhor estilo Jurassic 5, que conta com os maestros Cut Chemist e Dj Numark. No caso do Contra, os responsáveis por comandar a sinfonia são os Djs Big Edy e Willian. Já a linha de mestres de cerimônia é constituída por Deja Vu, Mascote, Munhoz e Ogi, quatro rimadores que, juntos, conseguem extrair o melhor de cada e funcionam como um só.

O segundo álbum do grupo foi lançado no final de 2007 e, mais uma vez, contrariou o fluxo: foi o primeiro disco duplo feito por artistas da nova safra do rap nacional. SuperAção teve sua estréia com um caloroso show no festival Indie Hip Hop e, pouco mais de um ano após seu lançamento, merece ser relembrado.

Ao todo, são 35 músicas produzidas por diversos beatmakers do país, (a maioria delas por Munhoz a.k.a. Prof. M.Stereo) várias delas com grande potencial para se tornarem clássicos do rap brasileiro. No entanto, como as rádios insistem em não tocar o rap que é feito por aqui, essas mesmas músicas acabam virando clássicos apenas para quem comprou o cd, fez o download na internet ou acompanha o trabalho do grupo em apresentações e show. Enfim, vamos às principais faixas e destaques do álbum.

Muitas delas se destacam individualmente, porém o grande mérito deste trabalho é conseguir fazer um álbum tão coeso com tantas pessoas envolvidas (somando os dois discos, são mais de 20 participações), principalmente no disco 1. O segundo disco, uma mixtape, é uma compilação de músicas habilidosamente mixadas pelo Dj Big Edy e já apresenta algumas rimas isoladas e sem muita conexão umas com as outras, em especial por parte dos MCs convidados. Os integrantes do grupo também se dividem bem mais neste cd e todos rimam sozinhos em algumas das músicas.

A faixa “Contratempos”, que tem um instrumental épico e acelerado criado por Dj Caíque, abre o disco 1 com os quatro MCs rimando sobre as adversidades da vida e a vontade de superá-las. Destaque para a levada agressiva dos quatro, proporcionadas pelo belíssimo beat, e pelo refrão, cantado em uníssono: “Contratempos, contra o tempo, contra tudo, contra todos /Nada cai do céu, batalho e me supero, suor escorre da face, o corre é mais que sincero…”

Em “Seguem Contra o Fluxo”, os quatro rimadores contam com a ilustre presença do carioca Shawlin, que chega para abrilhantar outra das melhores faixas desse disco, produzida pelo curitibano Dario. Essa é com certeza a música que mais fala sobre o espírito do Contra Fluxo, como revelam, por exemplo, as rimas de Munhoz :“Experiência, acúmulo de vivências, escolher o pior caminho por nada mais do que crença / A gente busca respostas, vive na base da aposta, acreditando que é possível viver do que se gosta”; e as de Shaw: “Nego pensa que é onda, que a gente é do contra, que a gente apronta, nem sabe metade do que conta / Pois tem dedo que aponta e nesse mundo é só mais um, já vi que o bom senso nem sempre é se juntar ao senso comum”.

Outras participações que muito acrescentam ao álbum são as de Rodrigo Brandão e Espião na bela “Alameda da Memória”, e dos curitibanos Nave e Nairóbi em “Ruas”. Na primeira, em cima de um beat contagiante e nostálgico de Dario, novamente, os MCs lembram da época em que se envolveram com o hip hop e de suas respectivas trajetórias. Destaques para a rima de Espião, que faz um retrato das festas que rolavam em São Paulo há alguns anos atrás, e para a performance de Dj Willian, com suas cada vez mais criativas intervenções com colagens. Em “Ruas”, o carro-chefe é o instrumental, cortesia do “savaviano” e sempre presente Nave, que traz caixas bem marcadas e um belo sample de flauta, além de mais um refrão confeccionado pelos toca-discos de Dj Willian.

Dj Big Edy, Mascote, Deja Vu, Ogi, Dj Willian e Munhoz

Dj Big Edy, Mascote, Deja Vu, Ogi, Dj Willian e Munhoz

Na realidade, todas as faixas deste primeiro disco merecem atenção especial, cada uma por motivos particulares. Para não passarem batidas, fica aqui também a lembrança às ótimas “Nem Tudo o Que Brilha”, pelas excelentes rimas; “Provações”, que fala justamente sobre o título do disco, superação; a mistura com samba de “Corrente do Bem”, com um belo refrão cantado pelos quatro, provando a versatilidade dos MCs (as três produzidas por Munhoz); e “Verdes Montes”, que fecha o disco com mais um belíssimo instrumental de Dario e uma letra pouco convencional ao rap.

O segundo disco terá bem menos espaço nessa resenha, mas não por isso merece menos atenção: entre as 19 faixas, ele esconde diversas pérolas. Destaque para a participação de Rick, que rima em “Quem Vai Chegar” junto com Leco, Ogi, Mascote e Jeff, e em “A Rua Vai Cobrar”, que ainda traz rimas cabulosas de Ogi e Jamés Ventura, ambas produzidas por Ogi (que prepara um disco solo para este ano). Com beats de Munhoz, “Por Bem, Por Mal”, em que Mascote rima sobre relacionamentos, “Quando Me Inspira”, disparada por Deja Vu, e “Até o Fim”, cantada (mais do que rimada) por Munhoz, comprovam a qualidade de todos os integrantes do grupo.

Por todos esses motivos e outros, SuperAção é um trabalho que não pode cair no esquecimento. Deve ser lembrado como um álbum completo, com lindos instrumentais e ótimas rimas, sempre trazendo algo novo ao ouvinte. Munhoz, que tomou a frente na produção, também se posta cada vez mais como um dos maiores produtores que o rap nacional tem hoje. Além disso, o grupo conta com os scratches de Dj Willian, na opinião deste humilde blog um dos melhores Djs de grupo do país, por saber encaixar colagens como ninguém e pelo leque de possibilidades que oferece a cada novo trabalho.

No momento, o Contra Fluxo está escolhendo os instrumentais para o próximo disco do grupo, que deve sair no ano que vem. Mantendo a tradição de “contrariar o fluxo”, os integrantes do grupo cogitam fazer desta vez um álbum conceitual (para quem não sabe, um trabalho em que todas as faixas giram em torno de um conceito, como fizeram EMC e Common Market em seus últimos trabalhos, por exemplo), o que comprovaria mais uma vez o pioneirismo do Contra.

Enquanto o fluxo normal das coisas se envereda por caminhos pelos quais não queremos trafegar, nossas esperanças se depositam em quem anda pela contra mão. Contra Fluxo.


J-Dilla mudou minha vida (1974-2006) – III

Nuts, Rodrigo Brandão, Daniel Sanchez, Munhoz, Rump, Parteum, Tamenpi e Nave

Nuts, Rodrigo Brandão, Daniel Sanchez, Munhoz, Rump, Parteum, Tamenpi e Nave

8 histórias e uma influência

“O Jay Dee já era presente na minha vida, antes até de eu pensar exatamente em produzir minhas coisas ou de eu estar atento pra quem ele era”. Essa frase de Tiago Munhoz – conhecido apenas pelo seu sobrenome, seus trabalhos como MC (hoje no Contra Fluxo) e sua produção de beats – exemplifica bem o primeiro contato com Dilla. Não só ele, como várias outras pessoas curtiam suas produções, sem saber exatamente de quem eram. Isso aconteceu também com o produtor curitibano Nave. “Comecei ouvindo os sons do A Tribe (Called Quest) e do Busta (Rhymes), as músicas que eu mais gostava eram nos beats dele, e quando descobri fui saber mais sobre o trampo dele“, relembra.

Imagine a sensação de descobrir que a maioria dos sons que você mais curtia eram produzidos por uma mesma pessoa? Para o Dj Tamenpi serviu de incentivo para ir atrás de outros sons. “Quando fui ligando uma coisa a outra, vi que era ele que tinha produzido vários dos meus sons prediletos. Daí foi só pesquisa, peguei tudo que o cara fez e piro com grande parte desses sons”. Mas se um disc-jóquei gosta de um tipo de música, então aqueles que estão na pista saberão do que se trata. “Nos meus sets, com certeza uns cinco sons que o cara produziu você vai escutar!”

Esse contato com as produções do até então Jay Dee se mostrou tão poderoso, que mudou alguns caminhos. “O primeiro contato foi no segundo do Pharcyde, Labcabincalifornia. Eu já gostava do grupo, tinha o álbum de estréia, mas quando ouvi esse disco minha vida mudou, fiquei com uma fita K7 rolando no carro sem parar por mais de ano, juro!“, relembra nostálgico o MC Rodrigo Brandão, do Mamelo Sound System. O trabalho de produção desse álbum do Pharcyde acabou se mostrando importante para outras pessoas também.

“Eu sempre tive a mania de ler a ficha técnica dos álbuns que comprava, não foi diferente com Labcabincalifornia. O primeiro single do álbum, “Runnin’ “, foi lançado em agosto de 1995. Quando o álbum saiu em 1996, o primeiro impulso foi ver o que o ilustre desconhecido de Detroit havia feito no resto do álbum”, conta o MC/produtor Parteum. A partir desse trabalho tão diferente e inovador, fica difícil não ser influenciado. “Levo para vida o que senti quando ouvi ‘Bullshit’ pela primeira vez, o bumbo desquantizado, a caixa na frente, mais a frente dos outros elementos, um clap secundário cheio de reverb. Era uma outra noção de espaço”, completa.

Para outros, a lembrança é mais específica e relembra que a assinatura de Jay Dee no início era outra. “Ouvia suas produções para o De La Soul, Pharcyde, A Tribe Called Quest quando ele assinava beats como Ummah (coletivo de produtores de Detroit)”, afirma o paulistano e hoje internacional, Dj Nuts. Os mais novos, como é o caso do MC/produtor (Tiago) Rump, de 22 anos, tiveram um contato com trabalhos mais recentes, mas não menos importantes e inovadores. “Comecei a ouvir quando saiu o Jaylib. Levou um tempo pra eu entrar na vibe, foi quando eu conheci o trampo dele e o do Madlib. Com o tempo fui buscando tudo que ele tinha lançado. Quando o promo do Donuts vazou na net, uns dois meses antes do lançamento, não tive dúvidas de que ele era o melhor produtor de hip hop pelos meus padrões do que deveria ser um produtor”.

A importância de uma figura que partiu prematuramente do “jogo” que mais amava se mostrou mais traumática para alguns. Mas o ponto que une todos se dá em relação às influências. No caso de Munhoz, a primeira opção seria a mais apropriada. “Eu não lidei bem com a partida do Dilla. Nunca imaginei na minha vida que fosse me emocionar com a morte de alguém que eu nem conheci. E não lidei bem com a morte do DJ Primo, que foi alguém que eu tive contato, tocamos juntos, tinha uma história”.

Mas o que James “Dilla” Yancey tinha de tão diferente de outros nomes que estavam produzindo em sua época? “Se ele tivesse parado depois de produzir o já citado Pharcyde e do The Love Movement, do A Tribe Called Quest, teria seu nome na história garantido. Mas isso foi só o começo! Depois vieram De La Soul, Erykah Badu, Busta Rhymes, Common, D’Angelo, Soulquarians, e por aí vai. Sem falar no trabalho solo autoral, nas fitas Fantastic, Vol.1 (Slum Village) e Ruff Draft… Creio que ele é o equivalente no hip hop ao que um Thelonious Monk representa pro jazz”, vislumbra Rodrigo Brandão.

Além do trabalho com grandes nomes, Dilla trouxe inúmeras inovações ao modo de se produzir um beat. Quem explica melhor é Rump. “Não é algo fácil de traduzir em palavras, mas parece haver uma profundidade nos beats do Dilla, muito maior do que a média; uma busca por achar os timbres que casem perfeitamente; baterias programadas meticulosamente fora do tempo; uma mistura precisa do convencional com o não convencional, às vezes incorporando cadências de música clássica em suas bases, às vezes usando acordes que em nada se encaixam nas regras de harmonia tradicional”, teoriza.

Para quem pensa que Jay Dee só foi importante para a música rap, se engana. Pelo menos é o que o Dj Tamenpi pôde constatar. “O cara criou um estilo de beat. E num é só no rap que nêgo considera! Já troquei idéia com produtores de música eletrônica de Detroit que adoram o estilo do cara. O estilo dele influencia todo mundo. E com essa morte tão cedo, ele meio que se tornou uma lenda. Geral reconhece e paga pau”. Já Rump acredita que a importância vai além das imposições de estilo da indústria e do público. “Acho que transcende o underground e o mainstream, pelo menos em relação aos produtores. Tem muito produtor underground daqui, da Holanda, da África do Sul e de outros lugares tendo o Dilla como uma das principais referências.”

Quem tem as produções do saudoso produtor como norte, acaba sendo reconhecido facilmente, segundo o produtor Nave. “Quando você ouve Hocus Pocus e os beats do 20syl, você entende a importância dele. Ouve Kamau e Parteum, você entende a importância dele”. A partir dessa referência chamada J-Dilla, pode-se perceber uma finesse característica nos beats. “Quase tudo no rap que tem algum requinte, sofisticação, talvez não existiria se não fosse por ele”, completa Nave. Outro produtor, Munhoz, vai ainda além. “Velho, ele é o produtor dos produtores! Acho que ele deve ser comparado aos grandes. Influenciou tanto quanto os caras que o influenciaram, como o Premier ou o Pete Rock”.

B+)

J-Dilla e Madlib fazem compras de discos no Brasil (foto: B+)

A passagem de Dilla pelo Brasil

Para falar da vinda de J-Dilla ao país é preciso se abrir um parênteses nesta história. Você conhecerá um pouco melhor da parceria do produtor e MC com outro companheiro de funções, Madlib, no trabalho denominado Jaylib.

Jaylib – “Champion Sound”

Jaylib – Ao Vivo 2004

http://stonesthrow.com/jukebox/jaylib-live-2004.mp3″

O disco começou a ser idealizado a partir do momento em que Madlib rimou em uns beats do Dilla, que estavam em uma fita do Dj J Rocc. Isso chegou aos ouvidos de Dilla, em Detroit, que perguntou: Quem é esse cara rimando nos meus beats? Como Dilla já conhecia Madlib, entrou em contato. A partir daí, a parceria se concretizou. O MC paulistano Kamau comenta especialmente sobre a parceria entre Dilla e Madlib, que na opinião dele, não poderia dar errado. “Dois dos maiores sampleadores das mais diversas fontes se unindo pra fazer música. Claro que o resultado seria esperado e cabuloso! Nada mais apropriado que o nome do disco: Som de Campeão”.

O mais curioso em “Champion Sound” é a produção de metade dos beats pro Madlib com rimas de Jay Dee e outra parte com rimas de Madlib e beats de Dilla. O álbum foi lançado oficialmente em 2003, e serviu para firmar a parceria que aconteceu em dois pontos específicos: Detroit (Dilla) e Los Angeles (Madlib). Eles adotaram um sistema de gravação de trilhas e compartilhamento dos arquivos a distância, o que agilizou o processo de produção.

Nave é direto na opinião sobre o álbum. “É aquela parada que quando ouve-se os samples você manda o tradicional ‘filha da p…!’!”. Ele aproveita para confessar a importância dessa parceria para ele, além do que ela de fato representou. “Ouvi muito, volta e meia ouço. Acho que foi o encontro da amizade com uma dose bem grande de insanidade e genialidade”, conclui.

Jaylib na pista por Mr. Mass/França (via Stones Throw)

Jaylib na pista por Mr. Mass/França (via Stones Throw)

Mas o segredo para o sucesso vai além, na opinião de Kamau. “Admiração e respeito. Dois dos melhores produtores a pegar o microfone, na minha opinião. Estilos únicos se complementando em batida e rima”. A relação entre o som produzido na parceria Jaylib ultrapassa barreiras da relação com a música. “Sou muito fã dos dois e já conversei com um deles. Mas mesmo assim ambos mudaram minha vida. Se o rap é minha vida, mudaram mesmo!”, completa. Munhoz confessa que a parceria Dilla/Madlib lhe rendeu boas lembranças. “O Jaylib, me lembra o DJ Primo, foi um disco que ele tocou muito, que ele gostava muito, e que me remete a uma época boa da minha vida”.

(Fecha parênteses)

De volta à história, o responsável por trazer Dilla ao Brasil foi Rodrigo Brandão. No entanto, essa não é uma tarefa nova para ele, que traz as atrações do Indie Hip Hop, além de alguns outros artistas para se apresentarem ao longo do ano. Quem relata a história, é o próprio Rodrigo. “A coisa rolou por conta da Primeira Mostra De Filmes Hip Hop De São Paulo, em 2005. O Keepintime* tava na programação, e o B+ era o diretor convidado. Como o Madlib participa da fita, surgiu a idéia e a oportunidade de trazê-lo pra se apresentar na festa de abertura do evento. É pública a timidez e notória a aversão por palcos do Loopdigga, então já foi uma surpresa ele topar fazer o show. Quando a Suemyra* escreveu dizendo que apesar de estar com a saúde frágil, o Jay Dee viria junto, pra realizar o sonho de conhecer o Brasil, e que então tratava-se do Jaylib ao vivo, nossas expectativas ficaram ainda maiores!”

No entanto, a apresentação acabou não se concretizando. Para o fã de Dilla, Daniel Sanchez, a expectativa no dia era grande. “Eu lembro que eu encontrei o (Dj) FZero na porta e disse: veio ver o Madlib? Ele: nada, vim aqui pra ver o J-Dilla!“. O Dj Nuts foi um dos que chegou a ter contato com Dilla em terras brasucas e conta como foi. “Meu contato com ele foi breve. Ele descobriu no Brasil que estava doente e teve que ir embora no dia de sua apresentação! Ele nem tava tão animado quando foi comprar disco e também para comer”.

J-Dilla e Madlib apresentando o projeto Jaylib, por Scott Dukes

J-Dilla e Madlib apresentando o projeto Jaylib, por Scott Dukes

Quem segue contando a história, é Rodrigo. “Na véspera do acontecimento ele passou mal, teve que ser hospitalizado aqui e só pode ser transferido pro centro médico interno do LAX (aeroporto de Los Angeles) depois que o doutor brasileiro falou com o enfermeiro-chefe de lá e com o médico particular do ‘Mr. Yancey‘, devido à gravidade da doença dele. Durante os dois dias e pouco em que esteve aqui, pouca gente encontrou com ele, mas quem viu não esquece”. Parteum teve essa chance por meio do próprio Rodrigo Brandão, que o chamou para conhecê-lo. “Troquei idéia, entreguei vinil, mixtapes. O Madlib me trata bem, quando me encontra, por conta daquele dia”.

“No fim, o Madlib subiu acompanhado apenas pelo Dj Eric Coleman, e fez um show que até hoje divide opiniões: alguns amaram, outros se decepcionaram. Mas a verdade é que não deve ter sido nada fácil pra ele encarar a parada preocupado, sem o parceiro que, vale ressaltar, era um monstro no palco”, pontua Rodrigo Brandão. Apesar de ter gostado da apresentação de Madlib, foi difícil para Daniel Sanchez esconder a decepção por não ter visto seu ídolo no palco. “Fui no show, no palco avisaram que ele teve que voltar“. No fim das contas, o estado de saúde de Jay Dee o impediu de aproveitar a passagem pelo Brasil. “Por aqui ele ficou no quarto de hotel fazendo fumaça e comendo pizzas”, comenta o Dj Nuts.

Dilla voltou para os Estados Unidos, foi internado e por lá ficou. Chegou a produzir músicas em seu quarto no hospital, e inclusive finalizou o álbum “Donuts” neste mesmo lugar. No dia 10 de fevereiro de 2006, James “Dilla” Yancey partiu. Para aqueles que o consideravam, ficou a boa lembrança e o respeito. Além disso, restaram as homenagens. Tamenpi conta o que rola nos Estados Unidos e fala também sobre os discos clássicos de Dilla que disponibiliza em seu blog todo ano. “Sempre na semana que faz anos da morte do cara, rolam várias festas nos Estados Unidos, só com os caras que colavam com ele. E vê-se uma movimentação no mundo todo em lembrar do cara. É aquilo, o maluco virou uma lenda no hip-hop. Eu homenageio no blog porque é uma forma de deixar os discos do cara sempre por ali, pra quem quiser, baixar. Porque vale a pena pra car%#@!”.

O reconhecimento também serve para se manter a memória dessa lenda. “Penso que se algum dia o rap se levar a sério ao ponto de termos um museu, o nome de James Dewitt Yancey tem de estar lá. Ele trabalhou para que falássemos de Jazz, Stereolab e Busta Rhymes na mesma sentença. Ele trabalhou para que os beats fossem mais cheios, para que mudanças de tempo fossem populares em rap. Trabalhou com Daft Punk bem antes de Kanye West. Ajudou na construção de diversos álbuns clássicos. O legado é inegável”, diz Parteum.

O fã Daniel Sanchez publicou dois vídeos em homenagem a Dilla, que tiveram milhares de visitações do Brasil e do mundo. “Quando criei os vídeos, um em homenagem e o outro um remix, não imaginava a repercussão que teria. Pude ter uma dimensão real da importância do músico pro mundo do hip hop. Quando digo ‘mundo do hip hop’ me refiro ao planeta Terra como um todo”.

O Dj Nuts prestou uma homenagem que se tornou famosa no mundo inteiro. Recriou em uma apresentação do Brasilintime, a versão brasileira do Keepintime*, o beat de Runnin’, do Pharcyde, e com produção de Dilla. Isso faz lembrar a importância de Dilla para Nuts. “Ele foi um dos primeiros a usar música brasileira em seus beats. O uso de Stan Getz com a música ‘Saudade vem correndo’ acabou sendo o tema que reconstruímos para a noite do Brasilintime ao lado do Dj Primo e o Pupillo (baterista do grupo Nação Zumbi)”.

Caso J-Dilla ainda estivesse vivo, provavelmente estaria na ativa, segundo Rodrigo Brandão. “Sem dúvida, o Dilla é um dos artistas mais talentosos, inovadores e criativos que já pisaram na Terra, então me parece claro que ele estaria emanando música boa sem parar!”. Munhoz também é da mesma opinião – “Com certeza estaria fazendo música! Morreu fazendo música”. Já o curitibano Nave, aposta que ele elevaria o nível do rap. “Seria melhor porque teria mais rap bom sendo feito, mais classe, mais originalidade”. Tamenpi ressalta o amor de Dilla pelo que fazia. “Acho que estaria vindo pedra atrás de pedra. Ele era fo%@! E não parava, amava muito o que fazia”.

De segmento, ficam as bases que surgem a cada dia e são creditas a Dilla, além do trabalho do jovem Illa J. Nave tem gostado do que ouve do garoto. “Tenho ouvido, e muito. Tem gosto de nostalgia, é algo como ‘O estilo clássico Jay Dee nos beats’”. O produtor e MC, Rump, faz uma análise completa. “Gostei do disco do Illa J, mesmo do EP anterior, que ele mesmo produziu a maior parte dos beats. Acho que ele tem que ter cuidado para não fazer a carreira em cima do nome do irmão, mas acho ele talentoso, assim como tantos outros caras de Detroit (Dwele, Elzhi, Guilty Simpson, Black Milk, Waajeed). Detroit é a cidade de onde mais parece vir coisa nova e de qualidade hoje, e a sonoridade tem muito a ver com o que foi criado pelo Dilla”.

*Traremos informações sobre esses assuntos em textos futuros.

simpsons-dillajay-dee-simpsons-iiEssa história não poderia terminar sem um agradecimento especial à todos envolvidos nesta série de posts “J-Dilla mudou minha vida (1974-2006) – partes I, II, e III”. Obrigado pela atenção, paciência, informações e dicas e a prontidão nas respostas.

“Nada disso tem valor, se você não faz por amor”/ Paulo Napoli – “Com amor”

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The Suite For Ma Dukes EP

Capa do álbum orquestrado "Suite For Ma Dukes", à venda no iTunes

Capa do álbum orquestrado "Suite For Ma Dukes", à venda no iTunes

Mais um projeto em apoio a Ma Dukes, mãe de J-Dilla, chega às praças. Dessa vez, um álbum com versões orquestradas de grandes produções de James Yancey, em prol de sua família e de inúmeras fundações que visam o tratamento do Lúpus.

O álbum é na verdade um EP, The Suite For Ma Dukes EP, idealizado por Carlos Nino e Miguel Atwood Ferguson. São 4 faixas, incluindo “Fall in Love”, do grupo Slum Village. Adquira o seu no iTunes.

Se você quiser saber mais sobre J-Dilla, o Per Raps separou alguns links bem interessantes. Acompanhe:

> Texto da revista Vibe Magazine com um player so de sons produzidos por Jay Dee. Clique!

> “Slick Boy e Sir Moog”, texto escrito em 2006 por Parteum para o site Coquetel Molotov, de Recife.

> Listagem de uma série de sites no mundo que homenagearam Dilla esse ano no blog do Rump.

> Texto publicado sobre os 3 anos sem “Mr. Yancey” no Central do Rap.


Novidades do rap nacional…

Já que o rap não para, o Per Raps indica algumas boas novidades que surgiram por aqui entre o final do ano passado e o começo deste ano:

Capa do disco Todo dia é assim, de Cabes

Capa do disco Todo dia é assim, de Cabes

– Diretamente de Curitiba (PR), o produtor e MC Cabes acaba de lançar seu disco solo e disponibilizou dois sons no seu myspace. O álbum se chama Todo dia é assim e conta com produções do próprio Cabes, dos conterrâneos Nave, Cilho e Dario, e dos “estrangeiros” Shaolinbeats, do Rio Grande do Sul, e Dj Caíque, de São Paulo.

Capa do disco Sentimentum...logia, de Nel Sentimentum

Capa do disco Sentimentum...logia, de Nel Sentimentum

– Também da cidade “zero grau”, chega o álbum Sentimentum…logia, do também MC e produtor, Nel Sentimentum. Esse o Per Raps já teve a oportunidade de escutar e recomenda altamente. Lindos beats influenciados pelo jazz rap produzidos quase que integralmente pelo próprio Nel, além de rimas inteligentes e recheadas de boas vibrações. Os destaques do disco ficam por conta de O amanhã, Feito músicas de Elis (você pode escutar as duas aqui) e Pra todo mundo, pelo belo sample de flauta e a letra homenageando os beatmakers. Nesse outro myspace, o artista oferece mais uma mostra do seu talento, com um beat em que rimaram nada mais nada menos que Phonte e Big Pooh, do Little Brother.

– Do Vale do Paraíba, mais precisamente de Taubaté (SP), o retorno do MC Ralph, integrante do grupo Gírias Nacionais e especialista do freestyle. Ele andou meio sumido nos últimos meses e explica aqui o por quê, com o som A vida me ensinou, produzido pelo curitibano “onipresente”, Dario.

– De São Paulo, Ogi, do Contra Fluxo, que deve lançar seu disco solo neste ano, da uma palhinha do que anda fazendo com o som Iabai, no seu myspace. Entra lá que o som é cabuloso!