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Linha do tempo do rap nacional (parte III)

Segue a terceira e derradeira parte da nossa linha do tempo do rap nacional, que inclui algumas de nossas previsões para o ano de 2010. Saca só:

2008 – Pouquíssimos lançamentos de discos marcaram o ano. Entre eles, o que mais chamou a atenção foi o primeiro disco solo de Kamau, Non Ducor Duco, que fez parte da lista dos melhores 25 álbuns do ano pela revista Rolling Stone. Aos 45 minutos do segundo tempo, nos últimos dias do ano, o Pentágono veio com seu segundo disco, Natural, firmando o grupo como um dos principais expoentes da nova escola.

Com o disco de Doncesão, chamado Primeiramente, Dj Caíque se firmou na cena rap nacional como um dos grandes produtores do momento, além de liderar o selo 360 Graus Records, que já se mostrou muito produtivo nos primeiros anos de existência, proporcionando diversos lançamentos. Ainda falando de produção musical, o ano foi marcante para a cena de Curitiba, que se mostrou bastante proeminente, com destaque para os beatmakers Dario e Nave, responsável pelo instrumental da música “Desabafo”, do disco A Arte do Barulho, de Marcelo D2, uma das canções mais executadas do ano em todo o país.

O ano marcou também a perda de um dos nossos melhores disc-jóqueis e um dos grandes agitadores da cena nacional, o Dj Primo, vítima de uma pneumonia. Primo era também o Dj residente do recém criado programa Manos e Minas, na TV Cultura, primeiro espaço criado na televisão brasileira desde o fim do Yo! MTV.

DJ Primo

DJ Primo (foto retirada do blog do Jornal do Brasil)

Outros álbuns importantes: RenegadoDo Oiapoque a Nova York; SombraSem Sombra de Dúvida; Projeto ManadaUrbanidades; Enézimo – Um cara de sorte; Subsolo – Ordem de Despejo;

2009Emicida é o nome da fera, o dono de 2009. Ele já começou o ano com o status de “melhor MC de freestyle” do país e, com o lançamento da mixtape Pra quem já mordeu um cachorro por comida, até que eu cheguei longe – parafraseamos aqui o próprio e confirmamos – chegou ainda mais longe. Concorreu a prêmios na MTV, concedeu dezenas de entrevistas (tanto para a mídia alternativa quanto para a ‘grande’ mídia) e fez shows pelo Brasil inteiro. Indiretamente, trouxe fôlego para a cena e teve um papel fundamental para que outros artistas do gênero ganhassem espaço em casas de shows e afins.

Big Ben Bang Jhonson

O rapper MV Bill também teve um ano bem agitado em 2009: lançou o DVD ao vivo com banda Despacho Urbano, além de alguns clipes novos e diversas aparições na grande mídia. Outra novidade que balançou os ânimos dos fãs de rap foi a criação do coletivo Big Ben Bang Johnson, grupo idealizado especialmente para shows ao vivo e que conta com alguns dos principais representantes do rap paulista: Mano Brown, Ice Blue, Helião, Sandrão, Dj Cia, Dom Pixote, Du Bronks, entre outros.

O ano deixou a desejar, mais uma vez, na questão dos lançamentos, com pouquíssimos discos inteiros colocados na rua. A escassez pode indicar também uma mudança de tendências do mercado musical, com a criação e utilização de novos formatos, mas é algo que só teremos a confirmação nos próximos anos. Em compensação, tivemos ótimos videoclipes. O rap acompanhou a tecnologia da alta definição e lançou pérolas como Qui nem Judeu, de DBS e a Quadrilha, Picadilha Jaçanã, do Relatos da Invasão, É o Moio e Multicultural, do Pentágono, Triunfo, de Emicida, Sol, de Slim Rimografia, e O Tempo, do Casa di Caboclo, todos contando com uma excelente produção e se equiparando ao que de melhor existe em termos de videoclipe na música brasileira.

2010 – O fim do ano chegou e, com ele, as promessas de que 2010 será ‘o ano do rap’. Todos os (pelo menos) últimos dez anos foram anunciados por alguém como ‘o ano do rap’ e alguns deles realmente chegaram perto de se tornar realidade. O momento porém, não é dos mais propícios. O rap perdeu espaço nas periferias do país para o funk e o sertanejo, por exemplo, músicas com maior apelo popular. No entanto, a cena se encontra em um momento muito especial, tanto pela sua capacidade criativa, quanto pela sua imagem perante à mídia e à população em geral.

Durante este ano, não foi nada raro encontrar pessoas de estilos totalmente diferentes daqueles que estamos acostumados a ver em shows de rap. O rap está se tornando mais interessante pra muita gente. Porém, o público-alvo, que sempre foi a periferia, se diluiu bastante, e a periferia pouco conhece e acompanha o tipo de música que estamos acostumados a divulgar aqui no Per Raps, por exemplo. Como resgatar esse público? Não sabemos a resposta, mas o disco novo dos Racionais, prometido para 2010 por Mano Brown na entrevista para a Rolling Stone, pode ajudar a formular esse quebra-cabeça.

Fora esse, outros vários discos são aguardados ansiosamente pela cena, muitos deles com potencial para colocar a engrenagem para funcionar a todo vapor novamente. Entre os principais, estão o do RZO, Marechal (RJ), Don L., do Costa a Costa (CE) e um disco póstumo de Sabotage. Mas há muita gente surgindo por aí e a promessa é a de um ano recheado de bons lançamentos.

Nossas apostas?

Ataque Beliz (DF)

Criolo Doido

Gasper (GO)

Ogi

Rashid

Rincon Sapiência

Savave (PR)


Relatos da Invasão: juntos ou separados?

Foto do MySpace do grupo

Foto do MySpace do grupo

“Eu quero transformar o hemisfério” – por Carol Patrocinio

O que acontece quando um grupo resolve dar um tempo e então é indicado para um prêmio nacional e bastante comentado? “Nós temos que nos reunir e comparecer com o grupo, sim, mas estamos trabalhando cada um em seus projeto solo”, explica Thig, que há 10 anos faz parte do Relatos da Invasão, com Negrinho e Pampa, os dois há sete anos.

A divulgação boca-a-boca do Relatos, a venda de cd’s em shows, a música ter sido tocada na 105 FM e na Transcontinental deu certo, já que os integrantes do grupo não tinham acesso a internet para facilitar as coisas, como conta Thig: “Até então não estávamos tão ligados na internet, pois não tínhamos nem computadores ainda. Estávamos leigos nesse sentido”. A sorte bateu na porta dos garotos quando os Dj’s das casas noturnas começaram a tocar a “Picadillha” mesmo antes do lançamento do disco.

Thig não entendeu muito bem os critérios para os indicados ao prêmio – assim como a maior parte das pessoas -, mas acredita que, “se o critério for clipe, como de costume”, ficou faltando o Pentágono, que teve estreia pela MTV, e diz que “não há como negar que o clipe do DBS e a Quadrilha– ‘Qui nem Judeu’ – é um dos melhores clipes de rap que o Brasil já teve numa produção independente”.

E quem são os caras que estão fazendo um som firmeza, atualmente? “Vou citar alguns que eu estou ouvindo esse dias no meu carro: Rincon Sapiência, Jackson, Klasse Korreria, Costa a Costa, Namaha, Raciocínio das ruas, Stilo Favela, O Sombra – o álbum “Muito Louko”. São pessoas que estão fazendo as músicas que gostam e não estão interessadas no que as pessoas vão falar, o que fulano de tal vai falar. O cara fala o que pensa, entendeu? Eles não estão pensando em jugar e corrigir ninguém do rap”.

Quer saber como foi o papo que a gente bateu com o Thig? Se liga nas perguntas e respostas aí embaixo!

Per Raps: Em relação a mídia, você acha que ela pode abrir as portas para o rap?
Thig – Relatos da Invasão: Tenho total certeza disto, quem assiste televisão e ouve rádio é o povo; a elite tem tv a cabo ou outros acessórios. Agora temos que entrar em concordância com a mídia, é lógico que impondo nossos ponto de vista também. Acho que isto só será possível totalmente quando nós, os pretos, formos donos ou comandarmos algo lá dentro; se não tivermos nosso próprio canal, nossa própria rádio, eles vão fazer o que quiserem, tipo, fulano de tal é amigo do Thig, então indica ele. A música negra só terá espaço quando formos dono da nossa própria indústria pra bater de igual pra igual.

Per Raps: A indicação para um prêmio nacional muda alguma coisa pra vocês?
Thig – Relatos da Invasão: Sinceramente, eu acho que é um reconhecimento do nosso diretor do clipe, Alexandre Charro, sua equipe, a Kultur Estúdio e nós, do grupo, pois trabalhamos com muito carinho, respeito e seriedade para que o clipe tivesse um êxito compatível com o que a música fez. O rap merece ótimos clipes, mas pra isso é necessário dinheiro e, às vezes, temos que nos virar com o que temos. E sem o Alexandre e o pessoal da Kultur, não sei se teríamos esse êxito que as pessoas falam pra mim nas favelas e na rua.

Per Raps: Na sua opinião, rap precisa passar uma mensagem ou pode ser apenas diversão?
Thig – Relatos da Invasão: Eu acho que o rap do Brasil passou e passa muita mensagem, mas não se preocupou com o entretenimento. Tem que haver uma junção. Eu sei que a vida não é só festa, mas também não é só guerra. Quando eu fui a alguns programas de tv, as pessoas já tiram de letra de onde eu sou – pelas minhas roupas, pela minha cor, pelo meu linguajar -, já sabem que eu sou o rap, então cada um tem que ser o que é, passar o que o seu coração diz. Eu tenho 25 anos, gosto de festa, certo, gosto de carro da hora, gosto de tênis louco, gosto de mulher bonita, gosto de dinheiro. Vou ficar falando que eu sou militante político? Eu seria mentiroso. Cada um tem que dizer o que é e o que gosta.

Per Raps: O grupo se separou antes da indicação. Agora vocês pretendem voltar ou continua tudo igual?
Thig – Relatos da Invasão: Não, não, o grupo está realizando alguns shows ainda, até porque o trabalho do Relatos ainda nos rende isso. O processo do rap é lento e tem pessoas que, por incrível que pareça, estão conhecendo o rap agora, então nós temos que nos reunir e comparecer com o grupo, sim, mas estamos trabalhando cada um em seus projeto solo; por enquanto não faremos disco novo do Relatos.

Per Raps: Reconhecimento por parte da mídia garante mais shows ou vendas de CD para um grupo de rap ou não necessariamente?
Thig – Relatos da Invasão: Eu acho que, se este reconhecimento for de grande porte, sim – como aparecer em um Faustão, algo do tipo -, é impossível que não trará recompensa, pelo menos temporária, para um grupo ou uma banda. Mas vejo que é necessário não só um trabalho de mídia, mas, sim, de organização e profissionalismo por parte do artista, para essa estabilidade de show e vendas. Com uma assessoria de impressa, um bom empresário e uma boa música, porque não adianta, uma banda de jazz é como uma empresa, se tal pessoa não toca bem, se tal funcionário é ruim, se o artista não for bom compositor, não anda.

Per Raps: Muita gente fala sobre o rapper de sucesso como alguém que se vendeu, qual a sua posição em relação a isso?
Thig – Relatos da Invasão: Simplesmente inveja, só isso. Se a pessoa chegar em mim e dizer que não gostou da música de tal fulano, é uma coisa, agora, dizer que se vendeu, é conversa fiada. Eu vendo meu show, então eu sou vendido. kkkkkkkk É uma piada. Eu estava conversando com um nego véio aqui da quebrada e ele me disse uma verdade: os pretos precisam saber se acostumar com o dinheiro. Isso é histórico. Tiraram nossas fazendas, nossas terras e colocaram pra que temos que sempre estar na pior, aí o rap buscou auto-estima, tipo, to num barraco, mas tá firmeza, tô feliz. Lógico que pra não desesperar os manos e as minas, mas aí as pessoas confundiram auto-estima e acham que é certo andar como mendigo, todo zuado, só morar na favela. Cada um faz a escolha que quer. O negro pode ser o que quiser, fazer de tudo – ser repórter, ser modelo, ser feirante, ser piloto de avião, de Fórmula Um, ser milionário… Ninguém vai me impor o que eu devo, ou não, ser.

Per Raps: Quem você acha que vai ganhar esse prêmio?
Thig – Relatos da Invasão: Eu não sei. Acho que eles já têm alguém da preferência deles. Agora, quem merece eu deixo para o público da favela responder, se eu for lá, tomara que tenha uns drink’s e umas pessoas legais pra eu trocar uma ideia. rsrsrsrsrssrsr

Quer votar no Relatos da Invasão? Vai lá!

Essa semana ainda rola entrevista com todos os indicados ao prêmio – leu o papo com o Kamau? E com o MV Bill? -, numa parceria do Per Raps com o iG Street. Não perca!


Thig Smith fala sobre carreira solo – Parte II

Na segunda parte da entrevista concedida ao Per Raps, Thig Smith falou sobre preconceito e sugere uma mudança de mentalidade para que o rap seja tratado como música, acima de tudo.
Confira:

Preconceito

Geralmente as pessoas quando olham pro rap já vem com aquele pé atrás, pensam que a gente é bravo. Mas quando a gente começa a trocar idéia isso aí já não existe mais, eles vêem que a gente é que nem eles. O rap ainda é um movimento muito desvalorizado. Tem gente que fala pra mim que artista de rap não ganha dinheiro porque a gente vive num país de terceiro mundo, mas aí eu pergunto: e o sertanejo, vive aonde? E o samba? E o pessoal do rock, e o funk, em que país que eles vivem? Então não é assim.

Eu vejo que o rap não aparece. A gente não ganha dinheiro com isso porque o nosso trabalho não é divulgado, e as pessoas não querem pagar por alguma coisa que elas não conhecem. O rap tem que chegar, é uma música que tem que chegar chegando em todos os meios de comunicação, mas a gente tem que saber entrar e sair, saber se postar. Se você está cantando na TV, você está falando pra população, então não pode sair falando palavrão, aloprar. Tem gente que acha que isso é se vender, mas não é, é saber se postar.

Acho que o preconceito foi o grande responsável para o rap não estar no lugar que deveria estar. O preconceito de fora pra dentro, que existe muito, mas o de dentro pra fora, que é pior ainda, na minha opinião. Porque, por exemplo, o rap surgiu como uma música marginalizada e era discriminado. Chegou em 98, 99, aí a mídia e a sociedade começaram a abrir espaço e respeitar o rap. Era a hora de invadir tudo, mas muita gente não quis. Eu respeito essa postura, mas não acho certo todo mundo querer ir pelo mesmo caminho. Hoje os caras estão se ligando que esse caminho não adiantou nada.

O caminho hoje é fazer música boa, música agradável. Se você falar pra mãe da sua namorada que canta rap, ela já imagina que vai vir aquele cara de boné, calça larga, aquelas gírias, aquele jeito de ser, revoltadão, então o rap tem um padrão de estética horrível. Mas o rap não é só isso, tem várias outras vertentes, vários caras pensantes, vários caras estudados. O caminho que eu vejo hoje é fazer música boa e ter visão. Eu vejo muito cara bom de rima, mas sem visão. A visão que os americanos tiveram em 90, de fazer o dinheiro girar.

"Tem mano que ainda acha que está em Compton, só que na época do The Game" (Thig)

"Tem mano que ainda acha que está em Compton, só que na época do The Game" (Thig)

Nos meus novos trabalhos, eu vou falar pra todo mundo. Imagina um jovem da periferia, negro, fazendo um rap pra todo mundo: mulher, homem, pros caras do rap…eu quero colocar bastante da minha personalidade. Eu acho que falta muita malandragem no rap, aquela malandragem que o samba antigo tinha. Antigamente o samba também era muito discriminado, mas conseguiu descer o morro porque bateu de frente, se assumiu como música. Fizeram as pessoas enxergarem aquilo como música.

Eu quero fazer com que o rap cresça aqui, eu sinto que eu fui jogado com essa missão no rap. Qual é o momento que o cara quer ouvir um rap? Numa festa, não é? Mas na festa ninguém quer ouvir sofrimento. O cara trabalha de segunda a sexta, aí na sexta-feira à noite o cara vai pro baile, ele não quer ouvir as minhas depressões. Não que não tenha que ser falado desses assuntos, mas esse não é o tipo de música que as pessoas estão procurando.

Eu fico triste pela decadência do rap, pelas idéias fracas que o rap aderiu, o preconceito. O rap tem preconceito com o mano – e eu fiz parte disso também, se eu disser o contrário eu vou estar mentindo – que coloca uma camiseta apertada e se diz modelo. O cara é modelo ué, ele trabalha de modelo. O rap tem preconceito com o mano que é cantor, faz backing vocal de R&B, pro rap ele é viado. O rap tinha preconceito com uns caras que faziam um som mais misturado com um ragga, chamava eles de ‘lagartixa’. Tudo errado. Tudo errado…

O poder da música

Eu não vi os caras percebendo que poderiam fazer um som com a Luciana Melo. Ela ta aí, ela faz rap, irmão. Tem caras que estão aí, que são os considerados ‘grandes’ do rap, que não eram pra ter na música deles uns caras que cantam mal. Tem vários caras que fazem backing vocal na periferia e são ruins, e era pra esses rappers fazerem músicas com esses grandes artistas que estão aí e cantam bem. Não é porque é um grande artista, é porque canta bem, eu to falando de música. Eles não estão fazendo isso, eles tão de chapéu.

Hoje, do que eu escuto, gosto do Pentágono, DBS e a Quadrilha, Função RHK, dos moleques da zona leste, Magnus 44, Klasse Korreria, gosto do Rincon Sapiência, acho que o moleque tem tudo pra estourar, a mente dele ta a milhão, ele evoluiu. Gosto do Da Bandit, do Sombra. Gosto desses caras todos que são muito bons, mas de repente não são os caras que estão tendo espaço porque não tem uma rádio que toca. Se tivesse uma, uma só, resolvia. Esses são alguns dos caras que tão no tempo, que fazem música pra todo mundo.

Eu sou um cara que escuta música pelo que eu gosto. Eu gosto do Pepeu Gomes, que é o marido da Baby Consuelo. Eu não quero saber se o maluco é playboy, eu quero saber da música do cara, a música é da hora. Eu ouço, ponho de madrugada no carro voltando dos rolês, é da hora. E mudar a mente dos moleques do rap é difícil, tem que trabalhar muito ainda. Mas eu quero mudar isso daí, eu me sinto um cara pra mudar isso aí. Porque eu queria ver um cara que veio do nada. Na hora que os caras verem minha realidade, o lugar onde eu moro…eu quero que se identifiquem comigo que nem eu me identifico com o Sabotage, por exemplo.

Eu acho que o rap nesse tempo todo teve três erros cruciais: músicas lentas, letras ruins e a aversão à grande mídia. Não adianta mano, as empresas só vão patrocinar o Ronaldo se ele fizer gol, se ele aparecer no jogo do Corinthians. A coisa precisa andar, o rap precisa aparecer. O rap não toca na periferia por quê? Porque os moleques não têm acesso aos raps que são bons também. Eles só ouvem na rádio o cara reclamando da vida. Se você chegar na minha vila hoje e mostrar esse tipo de som pra um cara lá, o cara vai ouvir e falar: ‘Puta negócio mentiroso!’ Ta todo mundo na periferia lutando atrás de alguma coisa, seja no crime, na música, no futebol, em um emprego convencional, em alguma coisa, ta todo mundo lutando. Essa história que o rap implantou que ta todo mundo parado, sofrendo, chorando, isso é mentira. É mentira. Ta todo mundo batendo de frente.

Perdeu a primeira parte da entrevista? Então clique aqui e confira.


Thig Smith fala sobre carreira solo – Parte I

thig

Thig Smith agora vai se dedicar à carreira solo (Arquivo Thig)

“Cê ta no Jaçanã, ta na picadilha”. Que fã de rap não conhece o refrão de Picadilha Jaçanã, do grupo paulista Relatos da Invasão? Em pouco tempo, a música, lançada no disco É o Gigante, de 2006, ganhou destaque e se tornou um dos poucos hits recentes do rap nacional, sendo tocada exaustivamente em bailes, festas e afins, nos últimos três anos. Com ela, o grupo também conseguiu espaço na MTV, que hoje tem em Picadilha Jaçanã um dos únicos clipes de rap nacional da sua programação.

Apesar do início promissor, o Relatos – formado por Thig, Negrinho e Dj Pampa – não deslanchou e teve de se virar em um dos momentos mais complicados da história do rap, em termos de aceitação da mídia e do público em geral. Quase dez anos após sua formação, no final de 2008, o líder do grupo, Thig Smith, decidiu deixar o Relatos da Invasão para seguir sua carreira solo.

No Per Raps, o rapper Thig Smith, de 25 anos, fala pela primeira vez sobre essa nova etapa da sua carreira, sobre o distanciamento do grupo, o sucesso de Picadilha Jaçanã, entre muitos outros assuntos. Aqui você também confere em primeira mão uma música nova, que será lançada como um single para os Dj’s tocarem nas festas.

Confira:

Relatos da Invasão

Nós ainda estamos fazendo alguns shows com o Relatos, mas eu estou partindo pra carreira solo. A gente não vai mais fazer música juntos por enquanto. Eu quero estar sozinho, talvez pelo fato de eu ser muito individualista, egoísta. Eu era o líder do grupo, mas eu não quero ser responsabilizado pela glória ou pela derrota de ninguém, eu sou responsável por mim, só por mim.

Essa conversa de parar com o Relatos foi tranquila, a gente é muito amigo. Sempre fomos de trocar uma idéia bem reta, bem clara, então não teve briga, não teve nada. Eu falei com o Negrinho, expliquei meus motivos, depois fomos no Pampa, conversamos e nos acertamos. Isso foi em dezembro de 2008. Eu não tenho nada pra falar dos caras, eles sempre foram meus parceiros, 100% profissionais. Só que eu gosto de liberdade, então resolvi seguir meu caminho.

Agora a gente – eu, Negrinho e o Dj Pampa – tem que aproveitar o nome do Relatos da Invasão, claro. Temos que aproveitar as mesmas portas que já foram abertas no passado, foi a gente que construiu isso.

Picadilha Jaçanã

Com a música a gente conseguiu fazer show em vários bailes, dos mais elitizados, como a Clash, até o Zezão Eventos, que é mais de raiz, para os pretos mesmo. Então ver minha música tocando no Sambarylove, nesses bailes que eu ia quando era menor, isso foi da hora porque eu não via, não vejo o rap nacional tocando. Eu fico triste por isso, queria que a gente estivesse no mesmo nível dos gringos, queria que tocasse minha música nas festas que eu colo.

Evolução

 

No disco do Relatos eu ainda tinha certas idéias que hoje eu não tenho. Eu achava que ao falar de um moleque que mora na rua numa música, você estaria ajudando ele, mas hoje eu vejo que isso é errado. Você não ta ajudando ele, você vai ajudar ele se você fizer que nem o Netinho de Paula faz. Ele trampa, corre atrás, e depois ajuda um monte de gente, proporciona a oportunidade de ajudar as pessoas efetivamente. Antigamente revolução pra mim era fazer umas músicas de protesto, nervosas, e hoje eu já não vejo isso da mesma forma.

Revolução hoje pra mim é eu conseguir sobreviver do meu trabalho, ganhar um dinheiro, fortalecer a minha quebrada. Pegar um mano que está vendendo droga na esquina e falar: “Você vai trabalhar pra mim, vai ser segurança do meu show”. Isso é revolução.

Eu sou um cara que gosto de estar no tempo. Eu acho que a música é uma junção do tempo, da ocasião e você ainda tem que ter uma malandragem pra conseguir transmitir aquilo que o seu espírito está querendo dizer. Antigamente eu pegava a caneta pra escrever num momento em que eu estava mais triste ou pensativo, mas agora eu procuro pegar minha parte boa pra escrever, um momento em que eu esteja melhor. Lógico que eu ainda escrevo em outros momentos, mas hoje eu prefiro passar pras pessoas o meu lado bom, ao invés do meu ódio e da minha depressão.

carreira solo

Thig vai fazer músicas voltadas para as pistas e as mulheres (Divulgação)

Eu quero fazer bastante música pra mulher, eu sou um cara romântico. Eu acho que tem que focar bastante as mulheres porque o rap é foda, você sai do palco e vem um monte de homem falar com você (risos). É legal, mas eu queria que as mulheres viessem também, que elas se identificassem. E pra agradar elas tem que seguir a linha delas. Mulher é sensível, não gosta de música pesada, elas querem um som mais agradável.

Rap no Brasil

Por incrível que pareça, os únicos caras que estão na mídia, que estão conseguindo fazer o rap andar, são o Cabal e o D2. Quem de rap a gente tem hoje que é ouvido desde os moleques da favela até a classe alta? Os caras falam que não ouvem, mas eu vejo vários moleques lá da minha favela que estão andando de skate ouvindo D2. Eu ouço os moleques saindo da quebrada pra ir curtir na noite e eles estão ouvindo Cabal, eles são obrigados a ouvir. Porque é um dos únicos caras que faz um som agradável, pra pista, além de uma rapaziada nova que está chegando.

Esses são os caras que estão aí. Pode falar o que for dos caras, mas eles são os caras que estão fazendo o rap andar. Tem gente que fala: ‘Ah, mas o Cabal não é da rua’. E aí? Ele fez um rap com o Chitãozinho e Xororó. Ele está fazendo o rap andar. Fez um rap com o Charlie Brown Jr., coisa que antes eu via o RZO, o Sabotage fazendo. Eu queria ver uns rappers mesmo tipo Sabotage, Rappin Hood, fazendo a coisa andar mais, com várias participações. As pessoas criticam muito e esquecem da música, você tem que avaliar a música. Eu não quero saber se você fez música com a Wanessa Camargo, eu quero saber da música. A música é boa? Você gostou do vocal dela, do que ela falou? Gostou do beat? Eu não quero saber da Wanessa Camargo, quero saber da música.

É difícil de ouvir rap hoje. Se eu to no meu carro com a minha mina eu vou ouvir o quê? Tem uns caras do rap que tem mais uma malandragem, que são bons, tem, mas é ‘os mano’ ainda. Eu quero ouvir uma música que minha mina ouça e fale: ‘Esse som é da hora hein’. Pode falar o que for de ‘Senhorita’, mas as menininha do gueto gostam, a música é agradável. Não que os caras não tenham que focar o outro lado. Não dá pra ficar na mesmice também, falar que é tudo festa porque aí é mentira. Mas se falar que é tudo terror, também é mentira.

show solo

O rapper em em ação durante seu novo show solo - Divulgação

Single

As músicas já estão prontas, estão sendo finalizadas no estúdio do Dj QAP, o QAP Operante. Serão três músicas, que eu vou distribuir pros Djs e vender algumas cópias também. Uma das músicas vai chamar ‘Rolê Club’ ou ‘Clube do Rolê’, ainda estou decidindo, que é mais a minha cara, uma música mais funk, e foi produzida pelo Dedé, do Raciocínio das Ruas.

A outra se chama Ficar Rico, que é mais um crunk, o estilo de som que ta tocando nas festas americanas. Esse som foi produzido pelo Green Alien, um moleque da zona leste, meu parceiro, do grupo Klasse Korreria.

E tem uma música produzida pelo Dj Max, um moleque de Guarulhos que é bom pra caralho, já produziu pra vários caras, pro Lito Atalaia, Tio Fresh. Essa música que eu fiz com ele é mais voltada aos bailes, mais pop pista e o nome dela é ‘Número 1’. Elas vão estar nas ruas em breve, provavelmente no mês que vem. Quero soltar elas pra depois vir com o disco, vai ser uma prévia do disco.

Acesse o Blog e o MySpace de Thig Smith.

Ouça em primeira mão o som Número 1, de Thig Smith:
http://raps.podomatic.com/enclosure/2009-06-16T08_27_25-07_00.mp3″

Leia mais sobre Thig no blog D.O.C Recordz.

Na segunda parte da entrevista, Thig fala sobre os fatores que, na sua opinião, não permitiram que o rap estivesse hoje em uma posição de destaque no cenário musical brasileiro.


A volta de Dexter + Dicas

Acharam que eu estava derrotado, quem achou estava errado. Eu voltei, tô aqui” (“8° Anjo”, 509-E). Nas palavras do próprio Dexter, após 8 anos longe dos palcos, o MC está de volta com força total. O retorno aconteceu no sábado passado (11), na quadra da escola de samba Peruche, na zona norte de São Paulo, para um público de aproximadamente 4 mil pessoas. A apresentação do evento ficou a cargo de Fábio Rogério (da 105 FM) e Alessandro Buzo (Boletim do Kaos).

O abre alas veio em forma de homenagem, com depoimentos de pessoas que sempre estiveram ao lado de Dexter, entre elas, Patrícia, a esposa do rapper. “Foi um show histórico”, conta Hélio Rocha, que registra shows de rap desde 2003. “Todos os envolvidos estavam muito atentos e concentrados, pois sabiam da importância desse encontro e ao mesmo tempo estavam contentes, aquela felicidade que a gente vê no olho das pessoas, pelo Dexter, que merece a grande festa que aconteceu, e por elas mesmas, por estarem fazendo parte de um dos grandes momentos do rap nacional”, completa Hélio sobre as expectativas do evento.

Dexter pro João Wainer

Dexter por João Wainer

Por voltas das 19h, Dexter subiu ao palco. O MC chegou disparando suas rimas para o público e revelou uma homenagem: estava com uma camiseta com a imagem de Barack Obama, primeiro presidente negro de uma nação marcada pelo preconceito racial, os Estados Unidos. A mídia estava presente, assim como os representantes da comunicação do hip hop brasuca: Mandrake (Rap Nacional), Freitas (Radar Urbano) entre outros. Para Mônica Mendes Costa, que também teve a chance de acompanhar o show de perto, uma palavra resume o grande momento: “Arrepiou”.

A passagem de Dexter pelo palco da Peruche durou cerca de 2 horas e ainda contou com participações mais que especiais: Mano Brown, Ice Blue, Edy Rock (Racionais MC’s), GOG, Douglas (Realidade Cruel), Thaíde, Lino Crizz, Fernandinho Beat Box e a cantora Paula Lima. Antes do show, quem agitou os fãs foram os Dj’s Marco, Eazy Nylon e KL Jay, além de Rappin’ Hood.

por Mônica Mendes Costa

Quase 4 mil pessoas lotaram a quadra da Peruche por Mônica Mendes Costa

Uma equipe esteve a postos para registrar esse importante momento com o intuito de fazerem um DVD. Hélio Rocha conta como surgiu a chance de filmar, do palco, esse momento histórico para o rap nacional e também o destino que dará ao material que gravou. “Fui convidado pelo Dj Marco, troquei uma idéia com o Dexter antes do show e ele autorizou a gravação. Possivelmente, esse material vai virar um DVD ou documentário da HZ Filmes no futuro”, confessa. 

Além dele, o fotógrafo João Wainer (conhecido por seus registros do grupo Racionais MC’s, direção de clipes de MV Bill e Rappin’ Hood) ainda registrou belas imagens do evento. Você pode acompanhar algumas dessas fotos em uma galeria no site Bocada Forte.

Fonte: Blog Suburbano Convicto (Alessandro Buzo)
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Novidade 

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Slim Rimografia lança “Canto de Vitória” no Myspace nesta quarta (15)

Quem assistiu aos últimos shows de Slim Rimografia já ouviu uma mostra de seu novo single de trabalho. Agora, é pra valer: o “Canto de Vitória” do MC paulistano chega triunfante ao nyspace nesta quarta-feira, 15 de abril. Com rimas e beats de Slim, scratches orgânicos de Tiago Beat Box e vocais de Filiph Neo, a música prenuncia uma fase de muita produção no Mokado Studio. Fique atento! (Mayra Madjian)

Ouça o “Canto da Vitória“.

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Festa

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Festa Quarteirão apresenta: Relatos da Invasão

Nesta quarta-feira (15), o grupo Relatos da Invasão comanda a festa Quarteirão, na Jive Club. A discotecagem fica por conta dos Dj’s Marco (Céu, Sintonia) e Kefing ( Lua, Tapas)

Serviço:
Dia 15 de Abril na Jive Club.
Al. Barros, 376. Higienópolis – Sao Paulo/SP
Informações: 3663-2684 ou http://www.jiveclub.com.br/
Lista: quarteirao2009@gmail.com
Aceitam cartões de crédito e débito Visa e Mastercard

Foi ao show? Ouviu o som ou vai à festa? Comente!


Marcelo Camelo chama atenção para o rap nacional

O vocalista do Los Hermanos citou em entrevista o grupo Relatos da Invasão

O vocalista do Los Hermanos citou em entrevista o grupo Relatos da Invasão

Depois de alguns comentários tão descompromissados sobre o hip hop divulgados nos últimos tempos, uma boa notícia. Em entrevista para a revista Rolling Stone, o cantor e compositor Marcelo Camelo, da banda Los Hermanos, citou o rap duas vezes entre os artistas que têm chamado sua atenção:

“Adorei Jaçanã Picadilha, do Relatos da Invasão. É antiga, mas a conheci recentemente. Por ser um paulistismo muito carioca. Um jeito, uma declaração tão sincera e tão acertada nas imagens e nas gírias e tão relaxada e suada e jacarepaguense. Ela me lembrou de mim.”

“Os Racionais e o Mano Brown escrevendo também são de se parar para ouvir, toda vez.”

Comentários positivos sobre o rap vindo de fora de artistas da cena são muito bem vindos, porque despertam a atenção de outras pessoas sobre o estilo. No caso de Camelo, um formador de opinião que tem milhares de seguidores fiéis, o efeito pode ser ainda mais positivo. E o melhor é que, além de citar os onipresentes Racionais MC’s, desta vez ele falou sobre um grupo relativamente novo na cena, o Relatos da Invasão, da zona norte de São Paulo, mas que realmente merece todo o destaque dado por ele e provou isso com o disco de estréia É o Gigante, lançado no final de 2006.

Recentemente, muitos fãs de outros estilos musicais vêm se aproximando e prestando atenção no rap, principalmente na nova geração de artistas e grupos que estão tentando dar uma nova cara ao rap nacional, com produções e temáticas diferentes das sempre presentes na história deste estilo.

As pessoas tinham (e muitas ainda têm) uma péssima imagem em relação a shows e eventos exclusivos de rap, principalmente pela forma como a mídia sempre tratou o assunto, dando espaço à eles apenas quando alguém morria em um show dos Racionais, por exemplo. Com isso, o público de fora sempre viu o rap com receio, um certo distanciamento.

A nova geração parece estar mudando esse estigma; um pouco por mérito próprio, e um pouco porque foi forçada a isso. Como existem poucas casas de shows dedicadas a esse tipo de música, os eventos geralmente ocorrem em locais fora do circuito rap e, naturalmente, outras pessoas passam a conhecer o som.

As opiniões de figuras expressivas da cultura brasileira são uma bela ajuda para que o rap se desvencilhe dos preconceitos que o acompanham há tanto tempo. Que mais Marcelos Camelos prestem atenção no rap nacional e propaguem a cultura hip hop de maneira positiva, como ela merece, e não como algo que faz mal à saúde…

Quanto mais prestarem atenção na cultura hip hop, maior a chance de alcançar o profissionalismo que tanto buscamos.

(Matéria trazida a nós por André Maleronka. Valeu, André!)


Dica de filme: Sobre Cafés e Cigarros + Relatos da Invasão

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O Per Raps tinha como idéia dar dicas além da música, mas em 08′ isso não foi possível. Para marcar a mudança, logo de cara indicaremos um filme que na verdade não fala de hip hop, mas tem no elenco duas grandes estrelas do rap mundial: RZA (a.k.a Bobby Digital) e GZA (a.ka The Genius) , do Wu-Tang Clan.

O filme chama “Sobre Cafés e Cigarros” (Coffee & Cigarettes, 2003), filmado no período de 17 anos (sim, isso mesmo!) em preto e branco e com diversas histórias que se relacionam ao tema prosposto no título do filme: aquele momento que você pára no meio do dia e vai tomar um café ou fumar um cigarro. Geralmente são nesses breaks que rolam as melhores conversas!

De humor inteligente e idéias aparentemente sem sentido, essa película possui no elenco nomes como Roberto Benigni, Steve Buscemi, Iggy Pop, Tom Waits, Cate Blanchet, Jack e Meg White, da banda de rock White Stripes. Acompanhe abaixo uma crítica feita por Marcel0 Janot, do canal Telecine Cult, sobre esse filme.

Agora vamos falar da história citada no começo do post, chamada Delirium. No diálogo, você acompanha uma idéia que os primos RZA e GZA trocam em uma lanchonete enquanto bebem chá. RZA fala que há 2 anos vem estudando plantas medicinais e que cortou a cafeína de sua vida, pois segundo ele, a substância faz muito mal à saude. E sobre seu novo hobbie, mostra seus porquês. “Pra mim, música e medicina seguem juntas como dois planetas em volta do Sol”, filosófa Bobby Digital em uma de suas primeiras falas.

Depois de um brinde feito pelos dois ao lendário Wu-Tang Clan, aparece um garçom, que acaba sendo reconhecido como Bill Murray. Cabe aqui um ps; Bill Murray é um excelente ator e participou de ótimos filmes como “Feitiço do tempo” (Groundhog Day), “Os excêntricos Tenenbaums” (The Royal Tenenbaums), “Encontros e Desencontros” (Lost in Translation) e vários outros. Seguindo…Na hora, os primos lembram de cara do trabalhos do ator em “Os Caça Fantasmas” (1984).

Bill, mostra que entende de rap e reconhece os primos os chamando de “trouble makers” (baderneiros). Enquanto conversa, toma café direto da chaleira! Bizarrices à parte, se inicia uma prosa sobre cafeína e delírios que ela supostamente causa. No fim, Bill Murray até pede conselhos pra RZA a respeito de seu pigarro e ganha uma receita personalizada pra se tratar.

Os primos-rappers ficam na dúvida se devem deixar gorjeta ou não pro garçom “especial”. A situação toda é absurda, mas bem engraçada, assim como as outras histórias que compõem esse filme. Pra quem tem acesso, o Telecine Cult estava passando “Sobre Cafés e Cigarros” outro dia desses. Se não, o blog CinemaDown tem a película pra download. Enjoy!

E aproveitando a dica do André Maleronka, ai vai a estréia do primeiro clipe do Relatos da Invasão.

Acompanhe também a entrevista que André fez com o grupo:

“Antes mesmo do lançamento da estréia do grupo da zona Norte, um dos melhores e mais orgânicos encontros entre rap e samba já feitos, a música “Jaçanã Picadilha” virou sucesso. “Tivemos ajuda do DJ King, que ouviu a música, entrou em contato com a gente pra pegar, tocou e fez virar um hit nas festas. Ele teve a coragem de chegar e tocar a música. Depende muito dos DJs, mas acho que eles têm que fazer isso, colocar as coisas que gostam no trabalho – se preocupar com a arte” declara Pampa, o DJ do grupo…”

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