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Linha do tempo do rap nacional (parte III)

Segue a terceira e derradeira parte da nossa linha do tempo do rap nacional, que inclui algumas de nossas previsões para o ano de 2010. Saca só:

2008 – Pouquíssimos lançamentos de discos marcaram o ano. Entre eles, o que mais chamou a atenção foi o primeiro disco solo de Kamau, Non Ducor Duco, que fez parte da lista dos melhores 25 álbuns do ano pela revista Rolling Stone. Aos 45 minutos do segundo tempo, nos últimos dias do ano, o Pentágono veio com seu segundo disco, Natural, firmando o grupo como um dos principais expoentes da nova escola.

Com o disco de Doncesão, chamado Primeiramente, Dj Caíque se firmou na cena rap nacional como um dos grandes produtores do momento, além de liderar o selo 360 Graus Records, que já se mostrou muito produtivo nos primeiros anos de existência, proporcionando diversos lançamentos. Ainda falando de produção musical, o ano foi marcante para a cena de Curitiba, que se mostrou bastante proeminente, com destaque para os beatmakers Dario e Nave, responsável pelo instrumental da música “Desabafo”, do disco A Arte do Barulho, de Marcelo D2, uma das canções mais executadas do ano em todo o país.

O ano marcou também a perda de um dos nossos melhores disc-jóqueis e um dos grandes agitadores da cena nacional, o Dj Primo, vítima de uma pneumonia. Primo era também o Dj residente do recém criado programa Manos e Minas, na TV Cultura, primeiro espaço criado na televisão brasileira desde o fim do Yo! MTV.

DJ Primo

DJ Primo (foto retirada do blog do Jornal do Brasil)

Outros álbuns importantes: RenegadoDo Oiapoque a Nova York; SombraSem Sombra de Dúvida; Projeto ManadaUrbanidades; Enézimo – Um cara de sorte; Subsolo – Ordem de Despejo;

2009Emicida é o nome da fera, o dono de 2009. Ele já começou o ano com o status de “melhor MC de freestyle” do país e, com o lançamento da mixtape Pra quem já mordeu um cachorro por comida, até que eu cheguei longe – parafraseamos aqui o próprio e confirmamos – chegou ainda mais longe. Concorreu a prêmios na MTV, concedeu dezenas de entrevistas (tanto para a mídia alternativa quanto para a ‘grande’ mídia) e fez shows pelo Brasil inteiro. Indiretamente, trouxe fôlego para a cena e teve um papel fundamental para que outros artistas do gênero ganhassem espaço em casas de shows e afins.

Big Ben Bang Jhonson

O rapper MV Bill também teve um ano bem agitado em 2009: lançou o DVD ao vivo com banda Despacho Urbano, além de alguns clipes novos e diversas aparições na grande mídia. Outra novidade que balançou os ânimos dos fãs de rap foi a criação do coletivo Big Ben Bang Johnson, grupo idealizado especialmente para shows ao vivo e que conta com alguns dos principais representantes do rap paulista: Mano Brown, Ice Blue, Helião, Sandrão, Dj Cia, Dom Pixote, Du Bronks, entre outros.

O ano deixou a desejar, mais uma vez, na questão dos lançamentos, com pouquíssimos discos inteiros colocados na rua. A escassez pode indicar também uma mudança de tendências do mercado musical, com a criação e utilização de novos formatos, mas é algo que só teremos a confirmação nos próximos anos. Em compensação, tivemos ótimos videoclipes. O rap acompanhou a tecnologia da alta definição e lançou pérolas como Qui nem Judeu, de DBS e a Quadrilha, Picadilha Jaçanã, do Relatos da Invasão, É o Moio e Multicultural, do Pentágono, Triunfo, de Emicida, Sol, de Slim Rimografia, e O Tempo, do Casa di Caboclo, todos contando com uma excelente produção e se equiparando ao que de melhor existe em termos de videoclipe na música brasileira.

2010 – O fim do ano chegou e, com ele, as promessas de que 2010 será ‘o ano do rap’. Todos os (pelo menos) últimos dez anos foram anunciados por alguém como ‘o ano do rap’ e alguns deles realmente chegaram perto de se tornar realidade. O momento porém, não é dos mais propícios. O rap perdeu espaço nas periferias do país para o funk e o sertanejo, por exemplo, músicas com maior apelo popular. No entanto, a cena se encontra em um momento muito especial, tanto pela sua capacidade criativa, quanto pela sua imagem perante à mídia e à população em geral.

Durante este ano, não foi nada raro encontrar pessoas de estilos totalmente diferentes daqueles que estamos acostumados a ver em shows de rap. O rap está se tornando mais interessante pra muita gente. Porém, o público-alvo, que sempre foi a periferia, se diluiu bastante, e a periferia pouco conhece e acompanha o tipo de música que estamos acostumados a divulgar aqui no Per Raps, por exemplo. Como resgatar esse público? Não sabemos a resposta, mas o disco novo dos Racionais, prometido para 2010 por Mano Brown na entrevista para a Rolling Stone, pode ajudar a formular esse quebra-cabeça.

Fora esse, outros vários discos são aguardados ansiosamente pela cena, muitos deles com potencial para colocar a engrenagem para funcionar a todo vapor novamente. Entre os principais, estão o do RZO, Marechal (RJ), Don L., do Costa a Costa (CE) e um disco póstumo de Sabotage. Mas há muita gente surgindo por aí e a promessa é a de um ano recheado de bons lançamentos.

Nossas apostas?

Ataque Beliz (DF)

Criolo Doido

Gasper (GO)

Ogi

Rashid

Rincon Sapiência

Savave (PR)