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808s and Heartbreak

Muito se falou do novo álbum de Kanye West, seja positiva ou negativamente. Aqui no Per Raps você terá a chance de ouvir algumas faixas que serão lançadas no dia 24 de novembro e poderá assim ter a sua própria conclusão. Além disso, você também terá acesso a informações do álbum, boatos que circularam na internet e afins.

Para início de conversa, um dos assuntos mais comentados foi que as faixas “vazaram” na internet. É possível se encontrar quase o CD inteiro! Se voltarmos ao VMA (Video Music Awards) deste ano, vamos lembrar que Kanye West apresentou para o mundo em primeira mão o som “Love Lockdown”. Agora vem a pergunta: como o rapper conseguiu lançar o som pela primeira vez na TV sem ele ter ido parar na net antes? Isso nos faz acreditar que de certa forma, essas músicas todas foram propositalmente para a web.

Isso pode ter acontecido para servir de termômetro para West e a gravadora que lança seus discos, a hoje problemática Island Def Jam. Também é fato que West remasterizou “Love Lockdown”, pois houve muitas críticas de fãs dizendo que essa música estava muito abaixo do padrão “Kanye West”. Muitas dessas informações e protestos circularam no blog oficial do músico, o que permitiu um maior controle da situação para West.

O segundo ponto criticado de 808s & Heartbreak foi o fato do rapper não mais rimar, e sim cantar em quase todas as faixas. Além disso, ele ainda se utiliza do auto-tune como apoio. Primeiro, temos exemplos de vários outros rappers que cantam, mas não são criticados. Podemos citar Mos Def, Wyclef Jean, Will.I.Am, Andre 3000, TuPac Shakur (em alguns refrões) além dos integrantes dos clássicos Arrested Development e Pharcyde. Aqui no Brasil, o exemplo é o Rael da Rima, do grupo Pentágono. Sobre o auto-tune, T-Pain já vinha cantando e rimando com o uso dessa ferramenta e fez (e ainda faz) muito sucesso.

As fotos de divulgação de 808's também possuem um conceito

As fotos de divulgação de 808's também possuem um conceito

O que parece é que a mudança de estilo de West foi o que mais chocou a mídia e os fãs. A imprensa (e o próprio rapper) já tinham admitido que ele possui “the best of both worlds” (o melhor dos dois mundos): a idéia nas rimas dos MCs do rap underground e a postura e os beats do pessoal do mainstream. West também declarou em entrevistas que seu objetivo é seguir para um lado mais “pop” da música e tem como grande expoente Michael Jackson. Tudo bem que a maioria pensava que ele fosse se tornar pop dentro do rap, mas West transcendeu essa “barreira” em 808s & Heartbreak.

Se mostrando tão mutante quanto David Bowie ou Herbie Hancock, Young Yeezy apresenta nesse trabalho um novo conceito. A produção foi feita com o aparelho TR-808, que gera batidas mais próximas a tambores que West procurava, dando um aspecto mais tribal às músicas. Tudo isso para fugir dos tradicionais beats do rap. West teve esse conceito trazido por Jon Brion, que já trabalhou com o MC em Late Registration. Além dele, T-Pain esteve por perto para ficar atento à sonoridade das músicas.

Jon Brion foi o responsável pelo arranjo de cordas nas faixas “Welcome to Heartbreak” e “Say you Will”. Completando o time, Mike Dean, o veterando produtor que já trabalhou com muita gente no rap. A crítica lá fora, tanto dos jornalistas especializados quanto dos fãs, aprovou os sons em parceria com Young Jeezy (“Amazing”) e com o badalado Lil’ Wayne (See you in my nightmares). Além disso, também foi muito bem aceita a presença do rapper revelação de Cleaveland, Kid Cudi, nas faixas “Welcome to Heartbreak” e “Anyway” (ou “Paranoid”).

Lembrando que há dois dias da apresentação no TIM Festival, Kanye West pediu uma coletiva com os jornalistas brasileiros em um hotel em São Paulo. Foi lá que aconteceu a primeira audição do  808s & Heartbreak no Brasil. Ele foi simpático, quebrando o estigma de arrogante que carregava, e chegou até a pedir opiniões sobre as faixas, fazendo anotações sobre o que era dito. 

A data de lançamento de 808s & Heartbreak mudou algumas vezes. Primeiro, pensaram que ele sairia em dezembro e travaria batalha novamente com o novo CD de 50 Cent. Depois, West se pronunciou dizendo que não via a hora de mostrar o trabalho às pessoas e mudou a data para o fim de novembro. Finalmente, foi estabelecido que o lançamento oficial será no dia 24 de novembro. “Love Lockdown” e “Heartless” já podem ser compradas no iTunes. A primeira faixa está entre as 10 mais vendidas e a segunda é hoje a mais vendida nos Estados Unidos.

Nas terra de Kanye West andam dizendo que ele não pode mais ser considerado rapper, que agora virou emo. Agora que você teve acesso à algumas das faixas de 808s & Heartbreak, achou o quê?

Kanye West – “Street Lights”
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Kanye West feat Lil’ Wayne – “See you in my nightmares”
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Kanye West feat Young Jeezy – “Amazing”
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Kanye West feat Kid Cudi – “Anyway”
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Kanye West – “Robocop”
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Kanye West no Brasil – Parte I

Kanye West no palco de sua super produção, "Glow in The Dark"

Kanye West no palco de sua super produção, "Glow in The Dark"*

Muita coisa foi dita na mídia sobre a passagem de Kanye West pelo Brasil. Infelizmente, na maioria dos veículos de imprensa ou não, a crítica foi pesada e negativa. Isso ocorreu principalmente em São Paulo. O interessante de se notar é que antes do show, muitos jornalistas e supostos especialistas em música, apontavam West como o “salvador” da música rap. Por quê? Pelas inovações, pelas referências, pela postura, pela turnê triunfante até então, ou seja, pelo “pacote” que era vendido pelo artista.

A dois dias antes da apresentação no TIM Festival, Kanye West pediu uma coletiva com os jornalistas brasileiros em um hotel em São Paulo, e fez uma primeira audição do novo trabalho ainda não lançado, o 808’s & Heartbreak. Ele foi simpático, quebrando o estigma de arrogante que trazia, e chegou até a pedir opiniões sobre as faixas, fazendo anotações sobre o que era dito. No entanto, como se fosse uma brisa que muda para ventania, todos se voltaram contra Kanye.

Após o show, as críticas foram ferrenhas e o apontavam indiretamente como um vendedor de ilusões. Todos esperavam uma estrutura ainda mais impressionante nesta passagem da turnê, até porque o responsável por essa montagem foi Jamie King, coreógrafo e diretor de palco que já trabalhou com artistas como Prince, Britney Spears, Shakira e Elton John.

Não bastaram labaredas, uma simulação de uma superfície de outro planeta, dois telões gigantes, uma plataforma (que subia, descia e inclinava), um dinossauro cheio de metáforas e gelo seco. Não, West teria que incorporar David Copperfield, e se preciso, deveria voar no palco para agradá-los.

A plataforma do palco se inclinava e ia para cima ou para baixo

A plataforma se inclinava, descia e subia de acordo com música*

Não foi uma apresentação convencional de rap, é verdade. Mas se fosse, certamente não teria chamado tanta atenção. Young Yeezy, um dos apelidos de West, subiu ao palco sozinho e apenas no fim do espetáculo contou à todos que havia uma banda e um Dj atrás daquela estrutura toda. Mas, tirando a estrutura do palco e a banda “escondida”, foi um show de rap.

Kanye rimava em cima de uma base, que ficou na responsabilidade do Dj Craze, tricampeão do maior campeonato de Dj’s do mundo, o DMC. Havia intervenção de instrumentos, fato que também é corriqueiro em diversos shows de artistas do rap. Infelizmente, por falta de informação, algumas pessoas associaram esse tipo de apresentação à utilização do recurso do playback, o que não é uma verdade.

Para quem não sabe, no playback, o artista se preocupa apenas com a performance e dubla a música, pois assim não corre o perigo de desafinar ou perder o fôlego. Grupos como o dos rockeiros do Block Party ou a diva pop, Britney Spears, costumam usar essa artimanha. Não é preciso frequentar shows de rap para saber que um recurso muito utilizado no estilo é ter um Dj que solta a base por meio de discos de vinil para que o MC transmita sua idéia, por meio da rima, ao vivo.

Foram mostradas músicas dos três álbuns do rapper (Late Regsitration, The College Dropout e Graduation), além do primeiro single do novo trabalho, 808’s & Heartbreak, intitulada “Love Lockdown“. A importância do artista para a música rap pode ser exemplificada com a presença de rappers brazucas, que foram prestigiar a apresentação. Racionais MC’s e Marcelo D2 estavam presentes, e estes podem ser considerados hoje dois grandes representantes do rap nacional, sem sombra de dúvidas.

West mudou o figurino apenas uma vez no show inteiro

West mudou o figurino apenas uma vez no show inteiro*

Há um texto na internet que fala da relação do jornalista e a música. Esse texto diz que geralmente eles (os jornalistas) descobrem bandas novas e a ovacionam. No entanto, quando ela se torna famosa, acaba sendo criticada pelo mesmo responsável por elogios anteriores. Nesse caso, não houve de fato uma “descoberta” da música ou do talento de West, mas o associaram a uma epifania musical. O artista é inovador, mas é tão humano quanto os próprios jornalistas.

Quem acompanha a carreira de Kanye West, mesmo que de longe, pode perceber que hoje o rumo dele segue para uma música mais “pop”. No próprio meio do rap, geralmente costumam ressaltar o lado “produtor” de West, mas não o lembram tanto por suas rimas ou seu trabalho em outros aspectos. Mas é unânime que ele é um artista comprometido com o seu trabalho.

Em entrevistas, é possível se notar a insegurança de Kanye, principalmente quando ele tenta trazer novidades ou deslocar seu rumo na música. Em uma conversa recente com uma rádio norte-americana, ele disse que um dia pretende ter hits como os de Michael Jackson, mas sabe que precisa ainda trabalhar muito. Críticas contraditórias ou sem fundamento, têm o poder de destruir a carreira de um artista. Muita gente acredita no que ouve, no que assiste ou no que lê. Portanto, não acredite em tudo!

* Fotos exclusivas por Carol Patrocínio.


West, Kanye

50 Cent x Kanye West
O embate: 50 Cent x Kanye West

“Who Kanye West is?” é o que as pessoas se perguntam e o que o próprio rapper indaga em uma de suas rimas, “Jesus Walks” (do álbum The College Dropout). Todo mundo fala dele na TV, nas revistas e principalmente na internet. Será que é porque ele apóia a candidatura de Barack Obama ou porque é contra o governo de George W. Bush? No Brasil, poderiam dizer que é porque ele vem tocar no Tim Festival, mas essa ainda não é a resposta.

O assunto da moda é falar como West é arrogante, mas “can y’all blame him?” (Last Call, The College Dropout). Ele começou no meio do rap como produtor, produzindo o badalado Jay-Z, mas sua revelação ao mundo veio quando ele começou a rimar. Gravou uma demo e saiu mostrando para alguns representantes de gravadoras para saber o que eles achariam. Além de não gostarem, disseram que suas rimas lembravam jingles e não rap.

O aspirante a MC então procurou o Jigga Man, dono da gravadora Roc-A-Fella, e assinou um contrato. O primeiro disco foi extremamente elogiado, assim como o segundo, que registrou recorde de vendas já na primeira semana. O terceiro trabalho, Graduation, de 2006, foi a consagração de Kanye West. Além de ser um trabalho muito elogiado pela crítica, foi alvo de aposta com o pimp-rapper, 50 Cent. O trato era que quem vendesse mais na primeira semana seria vencedor, e ao perdedor restaria a aposentadoria. West ganhou com folga, mas 50 não saiu do jogo.

Young Yeezy, como West também é conhecido, é dono de letras inteligentes e fora do padrão gangsta que predomina no rap norte-americano. West transita entre o mainstream e o underground: já trabalhou com artistas dos dois lados, de Dilated People ao rapper The Game, passando por músicos da pop-music, como Coldplay e Maroon 5. Já rimou sobre Jesus e sobre sua mãe, além de ter uma fixação por Louis Vuitton e Michael Jackson, que são recorrentemente citados nas suas rimas. Ganhou inúmeros prêmios por suas músicas, seus clipes e suas parcerias. Você acha que depois disso tudo Kanye West tem ou não tem motivos para se achar? Live and let live…viva e deixe viver.