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Per Raps entrevista Amanda Diva

Recentemente, uma matéria da revista norte-americana XXL Magazine fez um levantamento sobre o que estava acontecendo com as mulheres no rap. Passado o primeiro boom com MC Lite, depois Foxy Brown, Queen Latifah, Lil’ Kim, Missy Elliott, além da mais promissora, mas que se tornou a mais reclusa, Lauryn Hill, nada de muito empolgante surgiu.

A mesma revista sugeriu como “esperança” a aposta de Lil’ Wayne e da Young Money, Nicki Minaj, que vem realizando diversas parcerias, seguindo os passos de seu “boss” e de seu parceiro, Drake. No entanto, aqui no Per Raps lançaremos o olhar sobre outra MC: Amanda Diva. Dona de aparições no programa de poesia (spoken word) preferido dos norte-americanos, o Def Jam Poetry, apresentado por um longo tempo por Mos Def, além de programas da MTV2 e, recentemente no aclamado álbum de Q-Tip, The Renaissance, no som “Manwomanboogie“, Diva vem aos poucos alcançando seu espaço na música.

O curioso é que nosso contato com a MC surgiu de forma rápida e direta, primeiramente via twitter, depois por email. Sua irmã e produtora, Janise Chaplin, proporcionou a ponte que nos permitiu receber as resposta de Diva. A entrevista, originalmente, faria parte do especial que o Per Raps fez em maio para o mês das mulheres. No entanto, por um problema e outro, a matéria especial acabou ficando para maio.

Contamos nessa entrevista com colaboração do ilustre Oga Mendonça aka Macário do Projeto Manada. Além dele, a Núbiha Modesto aka Mocha, do Rapevolusom participou junto com o Per Raps, trazendo perguntas que serão publicadas em um futuro breve.

Conhecendo a Divapor Eduardo Ribas

Dê o play e ouça Amanda Diva, “40 MC’s”
http://raps.podomatic.com/enclosure/2010-05-24T13_11_25-07_00.mp3″

Ao bater o olho pela primeira vez, você poderá confundir Amanda Diva com uma brasileira, no entanto é a sua descendência caribenha, mais especificamente de Granada, que acaba contribuindo com isso. Nascida Amanda Seales, a MC/atriz/apresentadora de rádio e personalidade da TV, protagonizou recentemente programas como o “VH1’s 100 Greatest One Hit Wonders of the 80s“, no qual comentava clipes dos anos 80. E é exatamente a admiração por esta década que faz o visual colorido de Diva se destacar.

A respeito disso, a MC faz um comparativo entre a golden era e os dias de hoje. “Eu acho que tinha mais espaço para a originalidade e havia também um forte senso de originalidade do que vinha dos artistas. Hoje parece que as imagens estão sendo mais criadas pelos marketeiros do que representam a expressão de um indivíduo de forma única. Por outro lado, antigamente o pessoal não tinha tanto acesso aos fãs e dependiam muito do rádio e das gravadoras, hoje, com a internet, o artista consegue estar mais próximo do público e vice-versa. Acho que a cultura precisa disso agora mais do que nunca”, aponta.

Seguindo o que parece ter se tornado um pré-requisito para se estar no jogo nos Estados Unidos, Diva estreou primeiro na TV, em uma série do canal Nickelodeon. No entanto, seguir os passos de nomes como Will Smith ou Common parecem não ser fatores que possam garantir uma boa recepção para seu trabalho na música. “É engraçado, as pessoas dificultam que você cruze qualquer fronteira se você já estiver estabelecido em um ‘lado’ específico. Para a maioria, eles me introduzem como a apresentadora da MTV2 ou como a atriz-mirim da Nickelodeon, então eles não estão verdadeiramente abertos para meu lado musical. Mas como tudo na vida, se você continuar insistindo e continuar produzindo com qualidade, as pessoas eventualmente vão deixar você ‘entrar’.”

No rap, a MC começou sua carreira em 2004 com a mix “It Bigger Than Hip Hop, Vol 1“. Depois disso, se dedicou ao rádio, aos palcos de teatro e lançou um livro de poesia, até que em 2007 veio “Life Experience“, o primeiro EP de uma trilogia. Já no ano seguinte foi lançado “Spandex, Rhymes and Soul”, que está disponível para download no site de Diva. Como o seu último trabalho foi recebido? “Eu fiquei muito satisfeita com a resposta. As pessoas continuaram baixando um ano após eu ter disponibilizado o trabalho e as reações tem sido super positivas. Eu me dediquei bastante ao SRS e eu queria que todos soubessem que eu não estava brincando de ser artista. Creio que tenha atingido esse objetivo”.

Foi também em 2008 que Diva participou do álbum de Q-Tip, The Renaissance, que estreou em décimo primeiro no Top 200 da Billboard e concorreu ao Grammy de melhor álbum rap (Eminem acabou levando). Na música, Diva aparece cantando no refrão, que inclusive ganhou um videoclipe. Mas será que Amanda Diva se considera uma MC que canta ou uma cantora que consegue rimar? “Era uma vez o tempo em que eu me considerava uma MC que cantava, mas hoje é mais o contrário”.

Apesar disso, as metáforas e tiradas de Diva em suas rimas são dignas de respeito. Em uma de suas letras mais interessantes, “40 MC’s”, a rapper faz piada com MC’s de uma nota só, que vivem tratando do mesmo assunto em suas músicas, vendendo falsas verdades etc. Pensando nisso, quais as características que um MC deve ter para ser respeitado, na opinião de Diva? “Originalidade, talento lírico e sinceridade”, curto e grosso.

Apesar do pessimismo dos críticos e especialistas, que apontam que as mulheres não tiveram representantes significativas na última década, Diva aposta que a mudança no papel desempenhado pela mulher no rap hoje em dia só deverá mudar se as mulheres apresentarem qualidade em seus trabalhos. “As mulheres hoje tem mais espaço que nunca. Tivemos tantas oportunidades e liberdade para alcançar e aspirar. Eu acho que o primordial é que continuemos a trabalhar e nos mantenhamos respeitáveis por nosso poder e graça do que “perder” as oportunidades que nos foram oferecidas. No rap, as mulheres estão hoje mais nos bastidores do que no front, mas suas vozes vão continuar sendo ouvidas. Assim como disse antes. Quando você mantém a consistência e continua mostrando qualidade, você eventualmente vai ganhar!”.

Formada pela Universidade de Columbia em estudos afro-americanos, Diva hoje se dedica às artes plásticas e é designer. Possui uma loja que vende desde bolsas até posteres. Sobre seu futuro, a pergunta que não quer calar: seu foco é assinar um contrato com uma major, assim como a maioria dos rappers? “Nah, esse não é um foco meu. Tenho sorte de ter um grande número de coisas rolando e por isso não dependo de um contrato significando que eu serei ouvida/vista. Indie é o caminho para mim!”.

Mais:
Myspace
Site Amanda Diva
Baixe Spandex, Rhymes and Soul

6 Respostas

  1. thew

    nada de muito empolgante surgiu. A nem tanto né tem boas mulheres no mic surgindo de dar rasteira em marmanjo,Rita j ,isis, as meninas do floetry,rogue venom entre tantas outras sao nomes que nao da pra deixar em branco(além da excelente de boa diva) mas ainda acho a shortie no mass a mais flow no negocio no mais um tesao de materia abç!

    maio 24, 2010 às 19:55

  2. Pingback: Rapevolusom.com » Blog Archive » Amanda Diva é entrevistada por sites Brasileiros.

  3. Rapá, a Amanda Diva é ruptura de estereótipos e isso no mundo de hoje, quase não é evidenciado. Ela é demais de boa…
    Indie sempre….

    maio 25, 2010 às 18:31

  4. Gusta

    Diva!

    maio 26, 2010 às 12:32

  5. RR

    minha última visita por aqui trombei com um infeliz artigo sobre o Cabal e suas pretensões de “mudar o rumo do rap”. rá! volto semanas depois e não é que temos a sensacional amanda diva! faltou citarem o DivaSpeak, onde eu a conheci, pelo okayplayer.

    e agora é esperar pela entrevista completa, valeu!

    (e revelação mesmo, ao menos pra mim, foi o site Rapevolusom! mto bem feito!)

    junho 9, 2010 às 23:23

  6. Amanda

    oi amanda meu nome tambem é amanda eu achei vc linda

    junho 11, 2010 às 12:55

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