Blog de informações sobre hip hop, rap brasileiro e cultura de rua

Posts com tag “The Visionaries

“Não Canso de Ouvir” com Luciana Playmobile

playmobile 2

Luciana Playmobile no garimpo - por Guilherme Aeme

“Não Canso de Ouvir” com Luciana  Playmobile (Beatmaker) 

A seção “Não canso de ouvir”, orgulhosamente, traz a primeira representante feminina: Luciana Playmobile. A garota nasceu em São José dos Campos, cidade no interior paulista, e começou a produzir apenas como uma brincadeira, por influência de um de seus amigos, o também produtor Dheeni .

Já trabalhou com os MC’s Fundament (Toronto) e Wallace (Fluxo), além de ter participado da mixtape ‘Big Man on Campus‘ , do MC/Produtor canadense Muneshine. Por aqui, ela fala dos 10 discos que mais marcaram a sua vida. Acompanhe!

1) Fugees  -“The Score” (1996)

Fugees foi o primeiro grupo de rap que eu ouvi e comecei a gostar, de verdade. Ganhei esse álbum de um amigo, em meados de 99, 2000, e foi certeiro. A maioria das produções por conta do Wyclef, marcaram muito a minha adolescência, os primeiros rolês com os amigos. O cd rolava o dia inteiro em casa e até a minha mãe viciou.

Um dos maiores sucessos, “Ready or Not” é hit até hoje. Mas entre as minhas preferidas estão “Cowboys”, com a Rah Digga, “Fu-gee-la (Refugee Camp Remix) e Zealots, onde a Lauryn Hill simplesmente “destrói”, a levada dela é muito foda, desde o começo. Esse foi o meu “começo” no rap… não tem como esquecer.

2) Group Home – “Livin’ Proof’ (1995)

“See I make moves and tell what’s the truth
That’s why I’m here, to be livin proof”

Um álbum com “Living Proof”, “Supa Star” e “Up Against The Wall” praticamente dispensa comentários, né? Mas tratando-se de Group Home, todo comentário ainda é pouco. As letras são muito “rua” e passam um sentimento muito forte de luta, cotidiano e etc. Nos beats do Premier então, fica perfeito. Eu sou fã assumida do Premier, pra mim ele é o melhor produtor de todos os tempos. Tem o dom de usar os samples mais estranhos e transformar em clássicos. A levada dos MCs Lil’ Dap e Nutcracker casam perfeitamente com os instrumentais do Premo.

E os riscos então, nem se fala. Gosto muito desse estilo, refrão bem marcado com scratchs e colagens, marca registrada do Premier. E esse álbum, de 1995, é o que mais gosto deles, mesmo que nessa época eu ainda fosse uma criança e nem sonhasse com rap, ele tem muita, muita história pra mim.

3) Visionaries – “Pangea” (2004)

Mais um que ouvi milhares de vezes. O grupo é bom demais, uma mistura de varias etnias, com letras fortes, que incluem protestos políticos, apelos ambientais e sociais. Não tem como não destacar LMNO e o 2Mex, eles se sobressaem. Os riscos do Dj Rhettmatic são de cair o queixo.

Conheci esse álbum quando a “If you can’t say love” estava no auge do sucesso. A “Believe it” é outra que gruda na nossa mente (risos), mas não são as que eu mais gosto. Fiquei muito curiosa em conhecer mais deles, e ainda bem que conheci mesmo, porque no rolê não vai tocar “Pangea”, “V  peat”,”Momentum”, e a “Meeting of Mind” (e nem tem como), que se não me engano tem oito beats diferentes, um melhor que o outro. Gosto muito mesmo, e ouço até hoje.

4) El Da Sensei – “Relax, Relate, Release” (2002)

Primeiro, eu conheci o El da Sensei, e só depois o The Artifacts, antigo grupo dele com o Tame One. Gosto do estilo dele, e nesse álbum, eu piro logo em quatro sons que são clássicos pra mim: “Fall Back”, “Relax”, “So Easily” e a incrível “Whatyouwando”, com Asheru e J-Live. Nessa última ele se supera, aliás, os três arregaçam…e o beat é uma pedrada (risos).

5) Family Tree – “Tree House Rock” (2003)

Iomos Marad, Mr. Greenweedz, Rita J., Spotlite, Capital D. e Molemen são os integrantes de uma das bancas mais maneiras que já ouvi: a do Family Tree, de Chicago. Eles também fazem parte do selo “All Natural”, fundado pelo Capital D. Os beats de Spotlite e Molemen são impecáveis.

A Rita J. eu considero uma das melhores MCs de todos os tempos. Adoro as letras do Iomos Marad, sempre com mensagens positivas. No começo eu confesso que me deixava levar só pelos beats, me identifiquei quando ouvi a primeira vez, mas depois vi que eles eram bem mais que isso. Destaque para: “Spit it”, muuito pesada, “Blow The Spot” e “Virgo”, que também é muito da hora no remix do Dj Spinna.

playmobile

PC, MPC, SP e Playmobeats - por Mila Kodaira

6) Boom Bap Project – “Reprogram” (2005)

A maioria dos meus álbuns preferidos de rap foram lançados em 2005. Mas eu não os conheci no mesmo ano de lançamento, foram descobertas digamos que esporádicas. Um desses que é constante na minha playlist: “Reprogram”. A maioria das produções assinadas pelo Jake One, que pra mim é top. Só conheci Jake One no ano passado, e depois que soube que ele produziu esse álbum passei a gostar ainda mais.

Nem sei quais sons destacar de tantos que gosto…mas aí vai: “1,2,3,4”, “Get, get up”, “Wyle Out,” Cut Down Ya Options”, “Rock the Spot” (essa é muito Jake One mesmo, hehe) e a “Sho Shot”, com sample de “I Shot the Sheriff” do Bob Marley. Beat foda demais, impossível não se deixar levar! Ahhh, gosto de todas! (risos)

7) Lexicon – “Youth is Yours” (2003)

Pra quem me conhece e não me aguenta mais ouvindo esse álbum! Com certeza, é um dos meus “preferidos dos preferidos.” E sabe, pra mim quanto mais gosto, mais difícil é falar sobre. Eu gosto do Lexicon porque os acho muito originais. Adoro os beats do Dj C-Minus, são diferentes de tudo que já ouvi, não enjôo!

Bom, os irmãos Nick e Gideon misturam rap com “indie rock”, e têm nítidas influências de Beastie Boys e “hip hop old school.” Falam sobre relacionamentos na maioria das músicas, mas sem aquela coisa óbvia e super melosa que é muito comum desde sempre. É de um jeito engraçado, que eles abordam esses temas, num estilo único. Minhas preferidas: “Brokenhearted, a animadíssima “Rock” e “I’ll Be Alright.”

8) Rjd2 – “Dead Ringer” (2002)

Ele mistura samples de várias músicas diferentes, blues com funky, new era com jazz, isso quando não usa barulhinhos de jogos de video game, como aquelas aberturas das softhouses da Nintendo lá dos anos 90, tipo Konami, Capcom, Rareware…pra mim, esse cara é simplesmente um gênio! Além de ser Dj. Minhas preferidas desse álbum:”Ghostwriter”, Smoke and Mirrors, Take the Picture Off, que posteriormente foi gravada com Mos Def, Copywrite e Prefuse 73, num álbum de remixes.

9) Supastition – “Chain Letters” (2005)

Comecei a gostar de Supastition depois de ouvir o “Chain Letters”. Já tinha esse disco, e o ignorava (risos). Até que um belo dia resolvi ouvir. Comecei a curtir muito e, consequentemente a gostar de M-Phazes também, que produziu quase o álbum todo. Minhas preferidas são “Don’t Stop”, “Step it up” e “Nickeled Needles”(Phazes), muito bom mesmo.

Não curto Nicolay, mas tem um single que ele produziu e entrou nesse disco que eu tiro o chapéu: “The Willians”. Muito foda! Além da letra ser engraçada, o cara todo confuso, cheio de problemas pra resolver, não consegue ser ele mesmo…reclama no fim do som, pois não tem grana pra pagar o estúdio nem o beat (risos). Resumindo: Chain Letters é ótimo, ouço repetidas vezes.

jedi mind tricks

10) Jedi Mind Tricks – “A History of Violency” (2008)

Sem comentários, o melhor álbum de 2008 pra mim! JMT sempre se superando. E o que dizer então do Dj Stoupe? Quem mais usa samples latinos com tanta perfeição? Eu ia citar o “Violent by Design”, mas esse último disco pra mim é ainda mais foda, pois eles mostram que evoluem como muitos grupos não conseguem, mantendo sua ideologia, as letras polêmicas e agressivas sem se render ao “que vende mais”, e ao rumo que a mídia quer. “Trail of Lies” é demais mesmo, é a pura realidade em versos saindo de Vinnie Paz. Mas eu destaco: “Heavy Artillery” e “Godflesh”.

O King Magnetic rouba a cena nesse som, logo no começo mesmo. O flow dele encaixa perfeitamente no beat e quebra tuuuudo… e por aí vai!

*Conheça mais sobre a beatmaker Luciana Playmobile na entrevista feita pelo site Voz da Rua.

Mais: www.myspace.com/playmobeats1